Um dilema para os chefes de cada equipe da F1
Saber a hora de parar o desenvolvimento dos carros de 2025 pode ser um diferencial para o novo regulamento do ano que vem
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Com a estabilidade do regulamento atual da F1, a temporada
passada terminou com grande equilíbrio entre as equipes. O título de
construtores só foi decidido na última corrida em favor da McLaren. E nesta
mesma corrida, em Abu Dhabi, a diferença do primeiro para o 20º colocado do
grid foi de apenas 0s803. A F1 realizou os três dias de testes de pré-temporada
no Bahrein nesta semana, mas o melhor termômetro para analisar a relação de
forças será na abertura do campeonato em Melbourne com o GP da Austrália no dia
16 de março.
Esse é o lado bom de quando o regulamento ganha estabilidade
e faz com que as equipes que estavam muito à frente vão perdendo força porque
não têm mais por onde evoluir, e as que estavam atrás conseguem diminuir a
distância porque ainda têm potencial de desenvolvimento. Essa é a tendência
para esta temporada com expectativa de equilíbrio entre McLaren, Ferrari, Red
Bull e Mercedes, e uma aproximação da turma de trás, tornando o campeonato
imprevisível. Como é o último ano do regulamento atual, ninguém quis arriscar
com grandes inovações que possam dar errado como foi o caso da Red Bull no ano
passado em que tentou inovar um carro que já era muito bom e o tiro saiu pela
culatra.
Enquanto isso, os olhos dos projetistas já estão voltados
para 2026 quando haverá outra grande mudança de regulamento e aí as chances de
haver total desequilíbrio na relação de forças são sempre grandes. E quando
isso acontece, como já aconteceu com a Red Bull entre 2010 e 2013 quando ganhou
tudo, ou com a Mercedes entre 2014 e 2020, ou novamente com a Red Bull de 2022
para cá, leva-se um tempo até que as forças se equilibrem novamente.
Então, esse deverá ser um campeonato divertido diante das
expectativas de uma temporada bastante disputada e que marca uma das maiores
transações do mercado de pilotos com a estreia de Lewis Hamilton na Ferrari
depois de tantas conquistas na Mercedes.
Mas, se será divertido para o público, para os engenheiros
não deixa de ser uma pulga atrás da orelha em tentar entender o momento certo
de parar com as atualizações dos carros de 2025 para se concentrar nos carros
do próximo ano cujos estudos já estão em andamento desde o mês passado.
Para quem começar já sabendo que não será um bom campeonato,
provavelmente depois de quatro ou cinco corridas será hora de jogar a toalha e
pensar só em 2026. Isso poderá ser um grande diferencial lá na frente. Mas quem
estiver na briga pelo título (e vale ressaltar que há muitos milhões de euros
envolvidos nas disputas por cada posição no Mundial de Construtores) fatalmente
terá que continuar trabalhando no desenvolvimento dos carros até o último terço
da temporada e consequentemente sacrificando o projeto do carro novo de 2026. É
um risco. E embora equipes como as quatro grandes, Ferrari, McLaren, Mercedes e
Red Bull têm dinheiro e mão de obra suficiente para dividir as frentes de
trabalho entre os que cuidam do desenvolvimento dos carros deste ano e os que
trabalham no projeto de 2026, elas esbarram no teto orçamentário da F1 em que
não podem ultrapassar o limite de gastos de US$ 135 milhões no ano.
Esse será o grande dilema: quando parar as atualizações dos
carros de 2025 para se concentrar no projeto de 2026 em que os projetistas
estão partindo de uma página em branco de computador para fazer nascer as novas
criaturas do próximo ano?