Aumento expressivo de casos de dengue em Paraíso acende alerta das autoridades de saúde
Cidade já registra quase mil notificações em 2025, com crescimento contínuo nas últimas semanas e bairros de todas as regiões afetados pela circulação do vírus

O mais recente boletim epidemiológico divulgado pela
Prefeitura de São Sebastião do Paraíso mostra um cenário preocupante com
relação à dengue em 2025. Entre os dias 29 de dezembro de 2024 e 15 de março de
2025 — período que compreende as semanas epidemiológicas 1 a 11 — o município
contabilizou 929 notificações de casos suspeitos da doença.
Segundos os dados do Departamento de Vigilância em Saúde,
desses, 292 foram confirmados como positivos, o que representa 31,4% do total.
Outros 440 casos deram resultado negativo, 197 ainda estão em investigação, e
291 não puderam ser concluídos por falta de informações ou recusa dos
pacientes.
Apesar do número significativo de casos confirmados, nenhum
óbito foi registrado até o momento, e também não há óbitos em investigação. As
internações hospitalares decorrentes da dengue somam 11 registros, o que
demonstra que, embora o número de infecções seja elevado, a maioria dos casos
tem evoluído de forma menos grave. Ainda assim, um caso de chikungunya foi
notificado no período, evidenciando a presença de mais de um arbovírus
circulando na cidade.
O que mais chama a atenção é o crescimento progressivo e
consistente das notificações nas últimas semanas. A análise dos dados
compreendidos entre 16 de fevereiro e 15 de março (semanas epidemiológicas 8 a
11) revela um aumento expressivo nos casos. Em apenas quatro semanas, o número
de notificações saltou de 122 na SE 8 para 174 na SE 11, a maior marca
registrada até agora no ano. Essa escalada representa um aumento de 42,6% no
intervalo de um mês e reforça a tendência de avanço da doença na cidade.
O comparativo entre os anos de 2024 e 2025 também aponta um
cenário de agravamento. Até a semana 7, o número de notificações de 2025 já
superava o registrado no mesmo período do ano anterior. A partir da semana 8,
essa diferença se acentuou. Enquanto em 2024 foram 139 notificações na SE 8, em
2025 o número foi o mesmo; porém, nas semanas seguintes, o avanço deste ano foi
mais agressivo: 147 notificações na SE 9 (contra 137 em 2024), 133 na SE 10
(contra 139 no ano anterior) e 176 na SE 11, ultrapassando as 169 do mesmo
período de 2024.
No recorte por bairros, o levantamento revela que a região
central do município lidera o número de notificações, com 39 casos, seguida
pelo Residencial Morumbi (31), Jardim Diamantina (24) e Vila João XXIII (23).
Também chamam atenção os números registrados na Vila São Pedro (17), Parque
Belvedere (16), Mocoquinha (16), Santa Tereza (14), Lagoinha (14) e até mesmo
na zona rural (13). A distribuição relativamente ampla dos casos por diversos
bairros demonstra que o surto não está concentrado em uma única região, mas sim
espalhado por todo o território municipal.
As unidades de saúde também revelam o peso da sobrecarga do
sistema. A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) foi responsável por 351
notificações no período, sendo a principal porta de entrada dos casos. A APS
(Atendimento Primário à Saúde) notificou 99 casos, enquanto os laboratórios
particulares somaram 82 notificações. A rede particular, por meio da Unimed,
teve 24 notificações, e a Santa Casa de Misericórdia, 16. Outras instituições,
como o Asilo São Vicente de Paulo, Ampara e a Vigilância em Saúde, também
aparecem na lista, com notificações pontuais.
O aumento contínuo das notificações, o espalhamento dos
casos por diferentes regiões e o crescimento em relação ao ano anterior acendem
um alerta para a necessidade de ações mais intensas de prevenção e combate ao
mosquito Aedes aegypti.
A Secretaria Municipal de Saúde tem reforçado campanhas
educativas, vistorias domiciliares e o uso de inseticida em áreas com maior
incidência, além dos mutirões de limpeza nos bairros. A prefeitura, no entanto,
enfatiza que a população também deve fazer sua parte: eliminar focos de água
parada, manter quintais limpos e permitir a entrada de agentes de saúde nas
residências são atitudes essenciais neste momento.