Oscar Piastri venceu o GP da Arábia Saudita e assumiu a liderança do campeonato Foto: McLaren / Divulgação

A F1 apelidou Kimi Raikkonen, campeão de 2007, como o “Homem de Gelo” não só por vir de uma gelada Finlândia, mas por sua personalidade séria e de pouca conversa. Oscar Piastri vem de uma terra tropical, a Austrália, mas tem uma personalidade que lembra a do Homem de Gelo por ser frio, calculista e também de pouca conversa, embora um pouco mais falante que Kimi Raikkonen. Em Jeddah, Piastri conquistou a terceira vitória do ano em cinco corridas e assumiu a liderança do campeonato com 10 pontos de vantagem sobre Lando Norris. Desde 2010 quando Mark Webber terminou em 2º lugar no GP do Japão que um australiano não liderava a tabela de pontuação.

Piastri fez uma largada agressiva para cima de Max Verstappen que conquistou a pole position com outra volta mágica a exemplo do que fizera em Suzuka, no Japão, por apenas 0s010 milésimos de segundo de vantagem. Piastri não deu espaço para Verstappen que cortou caminho na curva dois e acabou punido com 5 segundos por não ter devolvido a posição para o piloto da McLaren.

Quando assumiu a liderança na 22ª volta após Verstappen cumprir a punição nos boxes, Piastri controlou a corrida enquanto o companheiro de McLaren, Lando Norris, sofria para ganhar posições depois de ter que largar da 10ª posição por conta de uma batida na classificação.

Piastri vai pavimentando seu caminho rumo ao título ainda que o GP da Arábia Saudita tenha sido apenas a quinta etapa de um longo campeonato de 24 provas. O bom de tudo é que depois de quatro anos seguidos de absoluto domínio de Max Verstappen com a Red Bull, a F1 tem um nome diferente lutando por vitórias numa temporada em que o mesmo Verstappen vem sofrendo com um carro difícil de guiar, mas do qual ele ainda é capaz de ameaçar o favoritismo da McLaren com atuações soberbas como as poles do Japão e da Arábia Saudita.

Quem ainda está devendo é a Ferrari, que conquistou o primeiro pódio da temporada com o 3º lugar de Charles Leclerc no domingo passado. Lewis Hamilton, que largou de primeiro e venceu a única corrida Sprint do ano até aqui, na China, sofre com sua adaptação ao carro e está cada vez mais distante na pontuação do campeonato em sétimo, 68 pontos atrás do líder.

Nas últimas quatro corridas, Piastri foi 4º, 3º, 2º e 1º no campeonato. No chuvoso GP da Austrália ele estava em 2º quando escapou da pista, ficou preso na grama e terminou em 9º. Depois foi 2º na Sprint, venceu o GP da China, foi 3º no Japão, venceu no Bahrein e na Arábia Saudita. E vem de uma sequência de 31 corridas consecutivas na zona de pontuação. Já seu principal adversário e companheiro de equipe, Lando Norris, vem em uma curva decente. Vitória na Austrália, 3º na Sprint, 2º na China, 3º no Japão e no Bahrein, e 4º no domingo passado.

Piastri conquistou a 5ª vitória da carreira, mesmo número de vitórias de Norris, mas com 82 corridas no currículo a menos que o companheiro de McLaren.

Na outra ponta da tabela, o torcedor precisa ter paciência com Gabriel Bortoleto em seu complicado ano de estreia na F1. É preciso entender que o brasileiro chegou com zero de experiência em carros de F1. Dos cinco estreantes, Bortoleto que conquistou um feito importante na carreira ao vencer os campeonatos de F3 e de F2 em seus respectivos anos de estreia (2023 e 2024) é o único que nunca havia participado de um treino livre de sexta-feira e tampouco andou com carros de dois anos atrás como manda a regra.

A Sauber é a pior equipe do grid da F1 com um carro difícil de guiar, e tem um companheiro de equipe muito mais experiente, Nico Hulkenberg, com 232 largadas no currículo e um dos mais rápidos em volta de classificação.

Portanto, esse é um ano de aprendizado para Bortoleto e tudo que ele precisa é continuar ganhando quilometragem sem cometer erros grosseiros. E é o que ele está fazendo dentro de suas limitações com a Sauber.