O farmacêutico Luiz Alberto Braghini, de 42 anos, é um exemplo de profissional dedicado e que ama a profissão escolhida. Não esconde o amor que sente por seus familiares e amigos e, segundo conta rindo, é um cozinheiro de mão cheia e adora reunir todos para mostrar suas habilidades culinárias. Filho de José Luiz Braghini e Maria Morali Braghini, Luiz Alberto é o filho do meio de três irmãos: José Marcos Braghini, Alexandre Braghini e Marcelo Henrique Braghini, já falecido e a quem lembra com saudade. É um pouco tímido, mas é sempre com um sorriso largo no rosto que ele lembra da sua infância e a vida que teve morando fora, forçado pela vontade de estudar e de se tornar o profissional capacitado que é hoje.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua infância em Paraíso?
Luiz Alberto Braghini: Minha infância foi muito feliz. Eu cresci na região do bairro Mocoquinha, estudei no Colégio Paraisense e depois no Ditão. Nós morávamos perto dos nossos avós, nós brincávamos muito com nossos primos e tias; nossa família vivia muito próxima, os Braghinis é uma família que gosta de ficar unida. Meu avô tinha vários terrenos próximos e a família foi construindo suas residências perto uma da outra; meu avô chamava Geraldo e minha avó Maria Moschetti; e por parte de mãe era a vó Ida e o vô Vitor.
Jornal do Sudoeste: deve ter sido uma época muito boa...
Luiz Alberto Braghini: Foi ótima essa fase, tínhamos um convívio muito próximo e a família ainda mantém essa proximidade. Minha mãe é natural de São Tomás de Aquino, viveu e foi criada na roça, mas veio para Paraíso quando se casou com o meu pai. E também temos nossa família lá em São Tomás, minhas tias, minhas primas e também somos muito próximos e temos uma convivência bem bacana. Já meu pai é natural daqui mesmo, de Paraíso.
Jornal do Sudoeste: E como era o Luiz estudante?
Luiz Alberto Braghini: Na escola, tive alguns percalços, mas molecada sabe como é?! (risos). Tive um período de mais ‘relaxo’, mas depois eu progredi. Aquela história de que amigos influenciam é um fato. Meus amigos me orientaram para um caminho do bem nessa questão do estudo, principalmente o Mário e o Gustavo, que me deram um norte em relação a isso. Quando comecei a estudar no Ditão, tinha a Graça, professora de química, que fez com que eu gostasse muito dessa disciplina, então comecei a estudar e prestar vestibular e não via outra coisa que eu quisesse fazer que não fosse Farmácia.
Jornal do Sudoeste: Você gostava muito dessa área?
Luiz Alberto Braghini: Eu sempre gostei muito da área da saúde, mas eu queria algo mais envolvido com farmácia; pensava em outras possibilidades, mas não encaixava com o que eu queria fazer mesmo. Pensei em estudar enfermagem, medicina ou a parte de biologia, mas não encaixava, era algo que não parecia somar e não me atraía. Eu queria Farmácia e acabei me dedicando a essa profissão.
Jornal do Sudoeste: Onde você se formou?
Luiz Alberto Braghini: Eu me formei na Universidade Federal de Ouro Preto. Eu tive que mudar para lá, onde morei por cinco anos, o curso era em período integral. Quando a gente vai embora para um lugar muito desconhecido e longe é um pouco complicado, principalmente na adaptação. Ouro Preto é uma cidade muito exótica e diferente de tudo o que a gente conhece. Eu acho Paraíso uma cidade tipicamente “paulista”, e quando você vai para essa região mineira, você vê que é muito diferente, mas a sorte é que a cidade ainda é muito acolhedora.
Jornal do Sudoeste: Foi difícil sua adaptação em Ouro Preto?
Luiz Alberto Braghini: Ouro Preto é uma cidade histórica e diferente de qualquer outra cidade, o que nos causa estranheza. Além disso, a cidade é extremamente universitária; há muitas repúblicas e tem todo aquele convívio universitário que eu acredito que facilita essa adaptação. Quando você muda para lá, as repúblicas são tratadas como família, e aqueles colegas que você divide a república acabam se tornando parte da sua família; isso acaba facilitando essa adaptação também. Quando eu me mudei para Ouro Preto, só tinha uma pessoa de Paraíso que também morava lá e isso também me ajudou.
Jornal do Sudoeste: O que você mais gostava de Ouro Preto?
Luiz Alberto Braghini: O que eu mais gostava de Ouro Preto era essa parte mais acolhedora de Minas, do convívio com o pessoal, do dia a dia e, claro, dos colegas de Universidade. Até hoje nós mantemos contato pela república onde morávamos, por meio de grupo no WhatsApp, além dos encontros anuais que realizamos. Não perdemos esse contato. Sou padrinho de casamento de alguns e conheço os filhos de alguns colegas. Continuamos mantendo esse contato. Tem até um grupo de ex-alunos de Ouro Preto aqui em Paraíso e nos reunimos também.
Jornal do Sudoeste: Foi difícil deixar os seus pais?
Luiz Alberto Braghini: Não foi fácil, mas infelizmente não teve outro jeito. Quando você idealiza um objetivo, tem que correr atrás. Não posso dizer que foi fácil. Quando eu saí daqui, meus pais me deixaram na rodoviária porque não tinham como me acompanhar até lá, eu fui chorando até Divinópolis, pensando em chegar lá e pegar o ônibus de volta (risos). O primeiro mês foi muito difícil, para os meus pais também, porque nós somos muito próximos. No entanto, acabamos nos adaptando; eu vinha poucas vezes porque era muito longe e era difícil ficar vindo a Paraíso por ser um curso de tempo integral e ter que pegar dois ônibus: um de Ouro Preto para Belo Horizonte e de BH para Paraíso, era o que complicava um pouco e tornou um pouco difícil, mas acabei me adaptando.
Jornal do Sudoeste: Você ainda mantém essa relação com sua família?
Luiz Alberto Braghini: Minha relação com meus pais e irmãos é muito próxima, principalmente com a minha mãe. Eu costumo falar que eu inverti essa posição, meus pais são meus filhos. É muito legal a convivência com eles e é uma relação mútua, nós trocamos ideia uns com os outros, se tem algum problema nós conversamos. Eu penso na minha família como a família perfeita.
Jornal do Sudoeste: Você teve que ir embora para ir estudar; como enxerga Paraíso nesta questão do ensino superior?
Luiz Alberto Braghini: Paraíso ainda está com um desenvolvimento extremamente lento. É muito legal a Libertas, por exemplo, trazendo novos cursos e vejo que a faculdade tem esse interesse no desenvolvimento neste aspecto; tem também a Calafiori que é uma instituição mais nova; no entanto, em relação ao ensino superior, ainda falta muita coisa e, principalmente, vontade política para desenvolvimento desta questão aqui em Paraíso. Não tenho muita perspectiva a curto prazo... nós vemos estudantes de Paraíso pegando ônibus todos os dias. Paraíso é uma cidade boa, desenvolvida, um povo que procura querer crescer e, infelizmente, ainda nada de desenvolver nesse sentido. Vem crescendo a vontade do jovem em querer ter uma formação, mas infelizmente não há uma dedicação mútua, principalmente da parte política e isso nos entristece muito.
Jornal do Sudoeste: Falando em política, qual sua percepção sobre a situação atual de Paraíso?
Luiz Alberto Braghini: Vejo que Paraíso está em um processo de recuperação. Passamos por um período conturbado, mas estamos nos reerguendo. Acredito que vá demorar um pouco porque a cidade sofreu devido à má administração passada, mas tenho perspectivas positivas. O povo paraisense é um povo guerreiro e acho que não terá muita dificuldade em se recuperar e em breve ela deva voltar a ser a cidade vistosa que era. Eu tenho muitos amigos da universidade que acabam vindo para Paraíso e adoram a cidade, acham Paraíso muito agradável, bonita e, realmente é, é uma cidade acolhedora.
Jornal do Sudoeste: o que é ser farmacêutico?
Luiz Alberto Braghini: O farmacêutico é um multiprofissional. Nós que lidamos com o público no dia a dia, somos um agente de saúde, um psicólogo, um orientador, enfim, vejo que Paraíso é uma cidade privilegiada, principalmente pelos profissionais que têm nessa área. Eu admiro todos os meus colegas, entre eles a Ana, com quem eu trabalho aqui na Ana Terra, e que foi uma pessoa que me inspirou bastante quando eu voltei para Paraíso, e meus colegas de Itabirito, onde comecei a trabalhar logo que me formei. É uma profissão apaixonan-te. Tudo o que eu imaginava que fosse, foi; a parte que eu queria, na área da saúde, foram atendidas as minhas expectativas; a parte de mexer com o medicamente, projetar e adaptar esse medicamento às necessidade de uma pessoa é muito agradável. A parte de ajudar e ter a possibilidade de estender a mão para uma pessoa é muito gratificante; chegar em casa depois que alguém veio aqui e te agradeceu pelo seu trabalho, não tem nada melhor.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz de tudo o que já viveu quais suas expectativas para futuro?
Luiz Alberto Braghini: O balanço que eu faço é extremamente positivo. Ainda não realizei todos os meus sonhos, tenho muitos a serem realizados, tenho certeza que eu vou conseguir e já tracei alguns objetivos, espero que aconteça em breve. Meu crescimento profissional está em desenvolvimento ainda, não paramos nesse sentido e o restante, não tenho muito do quê reclamar; eu tive uma vida muito boa, não em relação a bens materiais, mas sempre foi muito feliz; infelizmente sofremos uma perda muito grande, mas Deus quis assim e tivemos que nos conformar... Mas minha família é uma família muito boa, tenho a profissão que sempre sonhei e para ser realizado profissionalmente ainda falta alguma coisa, mas tenho o sonho de crescer como profissional e vou crescer.