CAF

Especialista comenta cen

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 13-11-2016 00:00 | 746
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O barco do mercado de café, que vinha navegando em águas calmas com ventos bastante otimistas, começa a enfrentar agitação após Donald Trump ter vencido as eleições para presidente dos Estados Unidos.



Para o Brasil, Trump representa diretamente, como já foi sentido no resultado dos últimos dias nas bolsas de valores, a volatilidade do mercado e o aumento do risco. O nome do novo presidente americano é sinônimo de incerteza e os efeitos devem ser negativos no que se refere a acordos comerciais, ressaltando que os EUA são os maiores compradores do café brasileiro.



O especialista da empresa Safras e Negócios, Gilson A. Souza, diz que “as commodities, como é o caso do café, sofrem diretamente reflexo de vários fatores, entre eles, a possível retaliação em algum programa de importação do principal comprador, que é o norte americano, alterando as taxas de importação”. Ainda não se sabe como Trump vai agir sobre isso.



Entre esses riscos, outro é, segundo o especialista, “anular a possibilidade de liquidez para o mercado, com negócios indo para riscos menores, até com taxas menores também, porém com mais segurança, mais a longo prazo, para países que estão com um programa econômico mais claro, ou seja, aquele que representa o menor risco”, diz Gilson.



O especialista em mercado de café diz que pode parecer irracional o dólar oscilar e o mercado baixar. “Há uma desvalorização do real e ao mesmo tempo há uma baixa dos preços em dólar pela saca de café. Essas duas situações estão acontecendo em função de Donald Trump ter ganhado as eleições, imputando ao mercado de café um movimento de risco bem alto”.



 



“Racionalidade” 



 



Gilson diz que quando há um movimento agressivo na moeda e no preço absoluto do café, a tendência dos exportadores nacionais é aguardar para que o mercado volte ao normal. “A empresa multinacional, não muito diferente, tem maior vazão, com operações no mundo inteiro e assim otimiza suas negociações, de forma a procurar não prejudicá-las com essas influências”, explica.



O primeiro impacto, segundo o especialista, é um volume menor de negócios, mas que a situação se apresentando estável, deve impor a volta da normalidade ao mercado de café. “Entre a dúvida, o mercado chuta por baixo, ou seja, é o negativo, até obter uma informação mais fiel à realidade”.



A saca de café na sexta-feira, (11/11), até o fechamento desta matéria, estava em R$ 590. “A oferta e a demanda influenciam muito. Desde quarta-feira passada, (9/11), os vendedores diminuíram suas ofertas e o mercado atende às ofertas e procuras e por isso o preço subiu um pouco mais que o esperado.



Excetuando-se o movimento agressivo diretamente influenciado pela questão política de eleição de Trump, o cenário do café não sofreu outras influências. Não mudou o cenário, a tendência é a acomodação, daqui cerca de 20 dias pode se alcançar a estabilidade, pois não existe apontamento de nenhum tsunami, apesar do tempo estar mais nebuloso”, compara Gilson.



Segundo ele, Donald Trump possui um perfil protecionista daquilo que é americano. Porém, os Estados Unidos não produz café e terá que continuar comprando fora, apesar de acreditar que o novo presidente norte americano deverá modificar sua política de importação.



“Mesmo assim, vislumbramos um viés mais positivo, acompanhando o que vinha acontecendo: Há pouca oferta, a demanda é maior, a safra não foi tão alta. Assim, acreditamos que não teremos retaliações por parte de Donald Trump”, argumenta.



Os Estados Unidos compra atualmente do Brasil de 15 a 22 milhões de sacas de café. Isso representa em torno de 40% das exportações brasileiras anuais do produto, que giram entre 32 e 36 milhões de sacas.