A colheita de café, safra 2017/18, foi indicada em 45 e 50% até a última sexta-feira (14/7), tomando por base a estimativa da Safra Brasileira em 2017 que é de 47,1 milhões de sacas de 60 quilos. É apontado que foram colhidas 22 milhões de sacas até o dia 14. Em igual período do ano passado, a colheita estava em 55%. Para especialista, a safra deve sofrer uma quebra de 30%, devido a qualidade do café que ficou prejudicada por conta de variações climática.
De acordo com o engenheiro agrônomo e extensionista agropecuário da Emater de São Sebastião do Paraíso, João Bosco Minto, os grãos ficaram mais miúdos e devido a isto será preciso mais litros para compor a saca de 60 quilos. “Por conta das chuvas fora de hora, caiu muito café do pé e acabou dando muita broca, o que prejudicou a qualidade da safra. Isso é ruim para os produtores que esperam um preço bom pela saca beneficiada”, destaca Minto.
Conforme o especialista de mercado Gilson Souza, da Safras & Negócios, a colheita de café no Brasil voltaram a avançar bem. “Continua a queixa do produtor por conta da safra miúda e alta incidência de broca, especialmente no Sul de Minas. E isso pode e vai impactar negativamente no resultado absoluto da safra 2017/2018”, ressalta.
“No caso do arábica, as vendas são de 20% da safra, um percentual bem abaixo de igual período do ano passado, que era de 25%. As vendas do café da safra 2016/17 alcançavam 95% da safra ao final de junho, ficando abaixo de igual período do ano passado, que era de 98%. Os números de estoques privados finais de café da safra 2016, divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apontaram estoques de 9,86 milhões de sacas em 31 de março, os menores desde 2012”, acrescenta o especialista.
EXPORTAÇÂO
Ainda, conforme Gilson de Souza, as exportações de café do Brasil encerraram o ano safra 2016/17 (julho de 2016 a junho de 2017) nos níveis mais baixos em cinco temporadas, com cerca de 30 milhões de sacas de 60 kg embarcadas do grão. “Os dados são dos dois principais órgãos que fazem esse levantamento ao longo do ano no país, o Cecafé e a Secex, órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”.
Segundo o especialista, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) reportou na quarta-feira (12) que as exportações no último ano safra totalizaram 32,91 milhões de sacas, com receita cambial de US$ 5,6 bilhões, que teve um acréscimo de 5% em relação ao período anterior.
“No ano safra 2016/17, os Estados Unidos mantiveram a liderança do consumo do café brasileiro com 6,43 milhões de sacas, correspondendo a 19,5% do total. Na sequência, a Alemanha aparece com 5,88 milhões de sacas, sendo 17,9%. A lista ainda conta com a Itália com 2,99 milhões de sacas (9,1%), Japão com 2,34 milhões de sacas (7,1%) e Bélgica com 1,96 milhões de sacas (5,9%). Destaca-se ainda no período o aumento das exportações de café para a Rússia (15,7%), Turquia (20,4%) e França (15,7%)”, comenta.
TENDÊNCIAS
Segundo avalia o especialista, as mudanças climáticas põem em risco a produção mundial de café, que nos últimos anos ficou abaixo da demanda. “Isso foi advertido por especialistas e autoridades em conferência na Colômbia, que alertaram o fato de nenhum país estar preparado para enfrentar o problema”, destacou.
Conforme Gilson, todo mundo vai ser afetado. “A Organização Internacional do Café (OIC), que reúne 43 países exportadores e sete importadores, disse que o café é muito sensível a variações pequenas de temperatura e à medida que sobe, todos são afetados”, comenta.
A OIC alerta ainda para o desequilíbrio entre produção e consumo nos últimos dois anos. Entre outubro de 2015 e setembro de 2016, 151,3 milhões de sacos de 60 kg de café foram consumidos. O déficit de 3,3 milhões de sacos foi reposto com a sobre produção de anos anteriores.
“De acordo com o mercado, que trabalha com uma demanda, estoque e produção em sacas anuais, caso seja confirmada a expectativa de safra do Brasil menor, deverá abastecer o mercado com um fato novo e consequentemente mudar as tendências de preço para níveis que possa ser interessante para operações de café como um todo”, completa Gilson Souza.