Silvia Helena Ribeiro Duarte, 35 anos, é atualmente a comandante da Guarda Civil Municipal, comandando 114 pessoas em um trabalho que exige muito. Formada em Pedagogia, é pós-graduada em “Segurança Pública e Cidadania”. Filha do aposentado torneiro mecânico, Antônio Souza Ribeiro, e da dona de casa Aparecida Maria de Fátima Souza Ribeiro. É a caçula depois de dois irmãos, Walterci e de Renato. É casada com Aguinoel Alves Duarte e mãe de Samuel Ribeiro Duarte.
Jornal do Sudoeste – Qual é a história de sua família?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Meu pai é nascido em Passos, mas quanto ele estava com 18 anos, meu avô achou que viver no interior do Estado de São Paulo poderia ser melhor para a família e se mudou para Santa Bárbara do Oeste. Mas meu pai tinha planos de voltar para Passos e depois de 20 anos, nos mudamos para lá. Mas Passos já não era mais a cidade que meu pai imaginava, tinha crescido muito e ele pensava de ir embora depois que se aposentasse. Uma tia dele, que morava no distrito de Guardinha, Rita Monteiro, falou de um condomínio de chácaras em São Sebastião do Paraíso, o Campo Alegre, contando que era excelente para se morar. Meu pai comprou um terreno no condomínio e começou a construir em 1999. No dia 5 de janeiro de 2000 minha família se mudou para lá e eu vim depois de dois meses, arrastada, porque não queria me mudar. Vai fazer 17 anos que vivo em Paraíso e adotei como minha cidade do coração, que me deu tanta coisa boa, eu viajo dois dias que já fico com vontade de voltar. Meus pais moram no condomínio até hoje.
Jornal do Sudoeste – Como foi o começo de vida em Paraíso?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Passei no processo seletivo muito rigoroso para trabalhar como vendedora nas Lojas Cem, concorrendo com duas mil pessoas e sem indicação de ninguém, afinal, eu não era conhecida na cidade. Vendia muito bem, até para os que não queriam comprar; falava tanto que acho que compravam por isso (conta com bom humor). Mal havia chegado, fui enviada para fazer treinamento em Varginha; gostava muito de lá, pois foi o caminho para fazer muitas amizades. Depois fui trabalhar na Auto Escola Paraíso como instrutora de direção. Em 2006, fiz o concurso para a Guarda Municipal e fui bem porque caiu na prova muito do que eu trabalhava na auto escola e fui muito bem, já faz 11 anos.
Jornal do Sudoeste – Como você conheceu o Aguinoel, seu marido?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Eu trabalhava na auto escola e ele fazia parte da banca do Detran e nos conhecemos assim. Éramos muitos amigos, me ajudou muito em momentos difíceis. Começamos namorar em 2006, casamos e tivemos há oito anos o meu príncipe, Samuel Ribeiro Duarte. É escrivão da Polícia Civil há 20 anos e chefe de cartório, uma pessoa que trabalha muito. Eu me apaixono por ele todos os dias por causa de seu bom humor e de como ele é uma pessoa justa, pois trata todos com muita consideração.
Jornal do Sudoeste – Como foi o seu ingresso na Guarda Municipal?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Fui trabalhar nas ruas, fiscalizar postos patri-moniais, fiquei muito tempo no prédio da Prefeitura, na rodoviária, no Pronto Socorro, atuei em toda a parte operaci-onal. Depois fui para a parte administrativa; ajudei na área Comunicação, que eu adoro; participei do projeto “Educação para o Trânsito”, que foi um sucesso com teatro humano e de fantoches e está dentro do projeto que criei. Em 2015, fui convidada pelo então secretário de Segurança da época, Ronaldo Bernardes, para ser a subcomandante; no ano seguinte, Miguel Félix foi ser secretário e me convidou para ser a comandante.
Jornal do Sudoeste – Como é ser comandante?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Tem sido muito bom. Tenho 114 pessoas sob meu comando. Foi muito bom para mim, com o meu jeito eu faço esse comando e me dou bem com todos.
Jornal do Sudoeste – Você é a favor do armamento da Guarda?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Sou a favor. Acho que todos têm que passar pelos procedimentos legais e por treinos. A lei 3022 nos dá respaldo de sermos policiais. Trabalhamos atualmente com o colete, o spray e o bastão “tonfa” (conhecido por casse-tete). A Guarda Municipal faz muito mais que suas atribuições. Se a pessoa liga para a Polícia Militar e a equipe dela está empenhada, comunica com a Guarda e atua na ocorrência. Trabalhamos em parceria com a Polícia Militar e Civil.
Jornal do Sudoeste – Como é essa parceria?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Um exemplo disso foi em 2016, quando atuamos nas Congadas. A parceria demonstrou que pode ser excelente; não houve registro de ocorrências e teve grande sentimento de segurança por parte da população e dos organi-zadores. É uma grande inte-gração PM e Guarda o tempo todo, no dia a dia. Outro exemplo é quando há um acidente de trânsito, a PM vai atender os envolvidos e a Guarda é chamada para fazer a interdição da via.
Jornal do Sudoeste – Como é os projetos que a Guarda desenvolve?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Esse projeto nasceu primeiro no meu coração. Como sou pedagoga, sempre quis valorizar a educação para transformar, mas a ideia é até antes disso, quando era instrutora de auto escola e via que as pessoas pensam em decorar o livrinho e tirar a CNH. Propor uma palestra e ficar só falando sobre esse assunto não funciona. Nasceu o “Companhia do Trânsito”, que engloba o teatro com fantoches, o teatro humano, as blitzen educativas com personagens e palestras diferenciadas, criado em 2015. A abordagem para as crianças deveria ser algo que chamasse a atenção, lúdico, então pensei nos fantoches, personagens que contem uma história breve para passar informação para as crianças. O teatro humano foi idealizado para tingir o público adulto e foi um sucesso com o Teatro Municipal “Sebastião Furlan” sempre lotado e com um grande retorno por parte das pessoas. Quando começamos a fazer a intervenção em porta de escola, éramos afrontados pelos estudantes. Passamos a levar os alunos para o teatro e a peça para dentro das escolas, isso promoveu grande proximidade com os alunos. Eles esqueceram da imagem negativa da farda.
Jornal do Sudoeste – Qual é o seu olha para o trânsito de Paraíso?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – A frota de veículos tem aumentado demais; difícil encontrar a família que tenha um veículo, isso é terrível porque as ruas da cidade não foram projetas para esse fluxo. As calçadas também não foram projetadas para os pedestres. Mas eu sou muito otimista e tenho esperança que os projetos deem certo. Minha colega Gisele, que trabalha com o projeto “Educando para o Trânsito”, o leva às escolas para alunos a partir do quarto ano do ensino fundamental, e acreditamos que essas crianças estarão levando isso para dentro de casa e para a vida. Acho que tem solução para futuro. Gentileza gera gentileza e isso não acontece mais nas ruas, é preocupante demais e nos entristece acidentes com resultado de mortes, para nós que trabalhamos nessa área nos parece um passo para trás. Mas acredito que daqui um tempo pode melhorar.
Jornal do Sudoeste – Você é a favor da munici-palização do trânsito?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Tudo tem o momento certo. Atualmente a equipe da Secretaria Municipal de Segurança Pública, Trânsito, Transporte e Defesa Civil é muito mais madura. O tripé para a municipalização, que é a educação, a engenharia e a fiscalização, tem sido feito há dez anos. Hoje a equipe está preparada e desejamos muito isso, é lei e é necessária. Estamos prepados para assumir novos desafios.
Jornal do Sudoeste – Você é uma pessoa muito religiosa?
Silvia Helena Ribeiro Duarte – Minha mãe sempre foi evangélica. Fui criança que frequentou a escolinha dominical. Meu avô e meu pai foram embora para o estado de São Paulo por causa de um tio que havia ido para ser pastor. Sou religiosa por formação familiar. Todas as minhas decisões são tomadas com Deus à frente.