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O Teatro Épico

Por: Redação | Categoria: Do leitor | 05-09-2018 12:10 | 2392
Foto: Reprodução

No início do século XX, com os rompimentos propostos pelos movimentos artísticos de vanguarda, as formas realistas de representação são questionadas, iniciada uma procura de que obra de parâmetros.

Brecht fez parte desse movimento expressionista durante alguns tempos, mas depois desligou-se dele, para criar sua própria forma de representação: o teatro alemão Erwin Piscator (1893 - 1966), concretizou no teatro épico uma maneira completamente diferente de teatro realista em muitos aspectos. Na interpretação dos personagens, na forma com que as cenas eram construídas, na maneira como o texto era escrito e, consequentemente, no jeito com que o público compreendia tudo isso.

No Teatro Épico, não existe a ideia de parece - as cenas são desenvolvidas em conjunto entre atores e público e toda a teatralidade é explicitada. O ator muda de roupa, de adereço ou comenta a história na frente do público, pois não precisa manter nenhuma ilusão de realidade.

Ele não é somente o intérprete do personagem, mas também o mediador entre a história e o público, nem sempre as cenas são vividas pelos atores - muitas vezes são apenas narradas - e os assuntos são sempre de abrangência social, visando a politização do expectador.

Há também a utilização de outras linguagens artísticas, como a projeção de filmes, a narrativa não é necessariamente linear, podendo passar do presente ao passado em qualquer momento, e o motivo principal da peça não é um conflito individual, mas algo de importância social e histórica.

Brecht se opunha ao fato de, no teatro tradicional realista, o expectador ser levado a certos estados de fascínio, em que saia da realidade, entrando como em sonho para assistir passivamente à realidade mostrada na peça.

Para ele, emoção e senso crítico deveriam caminhar juntos.

Em outro Poema

Pergunta de um trabalhador que lê.

Quem construiu a Tebas de sete portas?

Nos livros estão nomes de reis.

Arrastaram eles os blocos de pedras? E a Babilônia várias vezes destruída, quem a reconstruiu tantas vezes?

Em que casas da lima dourada moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros na noite em que a Muralha da China ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arco do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os Césares?

A decantada Bizâncio tinha somente palácios para os seus habitantes?

Mesmo na lendária Atlântida os que se afogavam gritaram por seus escravos na noite em que o mar a tragou? O jovem Alexandro conquistou a Índia sozinho?

César bateu os gauleses. Não levava sequer um cozinheiro?

Felipe da Espanha chorou quando sua armada naufragou. Ninguém mais chorou? Quem venceu além dele?

Cada página uma vitória. Quem cozinhava o banquete?

A cada dez anos um grande homem. Quem pagava a conta?

Tantas histórias. Tantas questões.

(Brecht, Bertold, Poema, 1913 - 1956 ed. São Paulo)

Luiz Carlos Raimudo - São Sebastião do Paraíso