Com a aproximação da colheita da safra cafeeira de 2019, o produtor precisa adotar algumas medidas que, além de ser um preparo para o início da colheita, também contribui para o rendimento da produção e um retorno financeiro. Conforme explica o classificador da Cafeeira Caffer, Adriano Moherdaui Martins há alguns passos importantes a serem seguidos.
"O primeiro passo é fazer a arruação da lavoura. Este ano houve muita chuva e, com isso, as ruas estão sujando muito rápido. Com a arruação, caso os grãos maduros caiam no chão, ele não perde esse café", destaca. Além disto, é importante que se tenha cuidado com as condições do terreiro onde esse café será secado.
"É preciso fazer os remendos, tirar mato, fazer a limpeza. Também é muito importante que se faça a revisão do maquinário, seja colheitadeira, maquina de beneficiar o café, enfim, todo maquinário utilizado neste processo da colheita para não ficar na mão neste primeiro instante", ressalta.
COLHEITA PRECOCE
De acordo com o especialista, geralmente os produtores que fazem a colheita com máquina começam um pouco mais tardio, no entanto, segundo explica, esta safra está sendo atípica porque alguns produtores, especialmente na região de São Tomás de Aquino, já começaram a colheita com máquinas.
"Alguns produtores querem evitar que o grão maduro venha a cair no chão e mesmo que ainda tenha café verde, eles regulam a máquina para colher somente o maduro para que daqui um mês volte a passar a máquina na lavoura novamente", aponta o classificador.
INFRAESTRUTURA
Conforme Martins, também é importante que o produtor esteja bem preparado para receber os apanhadores de café que costumam ficar alojados nas propriedades. "É importante para evitar custos futuros. É preciso fazer o registro conforme a Legislação Trabalhista e que esse trabalhador esteja coberto pelo INSS caso venha acontecer alguma coisa. Hoje as exigências da Justiça Trabalhista são cada vez maiores", ressalta.
TERREIRO
Após todo esse preparo inicial para o começo da colheita, Adriano ressalta que é importante o produtor não deixar o café colhido e ensacado durante um tempo de 4 a 5 horas na lavoura, para evitar que esse grão fermente. "Tem que esparramar no terreiro, assim poderá rodar bem esse café e secá-lo corretamente", acrescenta.
Segundo ele, embora a maioria dos produtores já tenham experiência, grande parte ainda comete alguns erros no trato deste café no terreiro com relação à secagem. "Esse café tem que ser rodado pelo menos de 8 a 10 vezes por dia, é preciso movimentar e evitar deixar uma camada grossa desses grãos depois de esparramado. Tem que movimentar a cada 40 minutos para que ele não fermente", ressalta.
Conforme Adriano Martins, isso é importante para que o grão não perca a sua qualidade e não fique prejudicado por conta da fermentação. "Nós sabemos que hoje o café está pouco valorizado e é preciso compensar isto na qualidade, se a qualidade é baixa ele será ainda mais desvalorizado e não podemos deixar isso acontecer".
SEGURANÇA
O especialista comenta que aos clientes da Caffer, é orientado que, de preferência, o produtor beneficie esse café de manhã e, no fim do dia, já tenha essa carga pronta e possa realizar sua armazenagem aqui na empresa, embora nem sempre isso seja possível.
"Já temos os veículos à disposição para esse transporte e buscamos agilizar ao máximo. É algo que tem dado certo e evita o proprietário de manter esse café na fazenda, já que infelizmente essa questão do roubo é muito frequente e aumenta ainda mais nesta época do ano", lamenta.
QUALIDADE DO CAFÉ
De acordo com Adriano Martins, ainda é cedo para generalizar a qualidade da produção, mas o que ele tem percebido é que, até o momento, a qualidade do café tem sido muito boa. "Já recebemos alguns lotes da região e é um café de bom aspecto com porcentagem de 24% de peneira. Em São Tomás de Aquino, acima de 30% de peneira e cafés na faixa de entre 19 e 22% de catação. É muito cedo para dizer, porque não representa grande volume", ressalta.
Por fim o especialista destaca que, em relação a safra passada, a Conab e exportadores estimam que deva haver uma quebra de 10 a 12 milhões de sacas em relação à ultima "supersafra", que girou em torno de 65 a 64 milhões. "Esse ano a produção deve ficar entre 53 e 55 milhões, são os número que o mercado lá fora tem trabalho", completa.