CASSAÇÃO

Marcelo Morais pedirá a investigação de Ademir Ross na Comissão de Ética

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Política | 22-07-2019 20:55 | 3227
Vereador Marcelo Morais
Vereador Marcelo Morais Foto: Reprodução

por João Oliveira/Roberto Nogueira

O vereador Marcelo Morais declarou no plenário da Câmara, no início da noite de segunda-feira,22, que entrará com pedido de investigação contra o vice-presidente da Câmara, o colega vereador Ademir Alves Ross. Morais fez uso da palavra depois que a transmissão da TV Câmara foi interrompida, após a leitura da decisão judicial que determinou a suspensão da sessão extraordinária, marcada para esta noite.

Segundo palavras do vereador ditas no plenário, ele pediu à Comissão de Ética da Câmara para que abra um processo de investigação contra a atitude de Ademir Ross por quebra de decoro parlamentar. Ele toma por base suposta negociação de Ademir para votar a favor do prefeito.

Morais esclareceu que não houve sessão e que a Câmara cumpriu a determinação da Justiça de não realizar a sessão extraordinária. “Isto tem de ficar claro, o presidente recebeu um pedido do juiz, de suspensão dos trabalhos da Comissão Parlamentar Processante (CPP), nós vamos recorrer do pedido, até porque a forma que foi feito, o pedido não respeitou a indepeência dos poderes, vamos dizer assim, até porque nós estamos calcados em realmente em procedimentos que ocorreram de forma correta da CPP, mas isso ai é uma outra questão”, disse.

O vereador disse que vai recorrer da liminar obtida pelo prefeito Walker Américo. “Vamos recorrer judicialmente e a gente reverte isso e vai votar sim o pedido de cassação do prefeito”, acrescenta.

“Eu tornei oficial aqui o pedido de quebra de decoro parlamentar do vereador Ademir Alves Ross. É inadmissível um vereador se pautar de ser eleito pelo povo, entrar no plenário, usar de seu voto em detrimento do apoio de outras pessoas e não do povo”, protesta.

Para Marcelo Morais quando ocorre uma prisão em flagrante delito por propina pedida ao prefeito para não votar a cassação e votar a favor o prefeito, “isso para mim já é quebra do decoro parlamentar”, comenta. “Já pedi de forma oficial, estou subindo para o meu gabinete, vou fazer por escrito e assinado, nem que seja sozinho não tem problema nenhum e vou protocolar com o presidente hoje (segunda) ainda para que ele seja investigado na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar por quebra de decoro parlamentar”, anuncia.

Morais insiste em dizer que é “inadmissível a Comissão fazer um trabalho importantíssimo e o senhor vereador ir lá pedir propina para o prefeito, dinheiro para não votar”. Para ele não é este o papel do vereador. “Se a comissão achar que deve cassar o mandato dele, assim será feito”.

Indagado se foi pego de surpresa pela atitude de Ademir Ross, Morais aponta que a atitude do colega foi inesperada. “A gente está aqui há dois anos e meio convivendo um com outro, de repente você percebe que o vereador Ademir começa a desgarrar daquilo que ele começou a preconizar há um mês e meio, ele votou para abrir a CPP e de repente o vereador começa a falar que vai votar com o prefeito, a gente entende como”, indaga. Ele mesmo reponde que “pode estar havendo uma mudança de rumo e a gente fica surpreso porque não é isso que a gente quer. Já vínhamos sentindo que ele estava em cima do muro e desgarrando”, completa.

Segundo o ex-presidente da Câmara esta é uma situação que não era imaginada. “Surpreende-me o prefeito apresentar um áudio, uma conversa no What Zap para o Ministério Público e fazer um ‘flagrante’ para prender o vereador no dia da votação”, questiona Marcelo Morais. “Ele (Ademir) errou e terá de ser investigado, e se tiver de ser cassado o meu voto será para aquilo que a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar chegar ao seu final. Daremos amplo direito de defesa, mas ele não deveria ter feito isso”, conclui.

O presidente da Câmara, Lisandro Monteiro confirmou que foi notificado às 18h40 pelo oficial de justiça o comunicado determinando suspensão da Sessão Extraordinária que votaria o afastamento do prefeito. “Só que ela não foi cancelada, terá 90 dias de novo, o prazo correrá de novo para ser votado. A nossa assessoria jurídica vai correr atrás para ver o que faz, os trabalhos estão suspensos no momento é preciso aguardar”, disse.

Quanto a situação de Ademir ele se disse assustado. “Nó tínhamos marcado uma reunião para a tarde para nos posicionar e por várias vezes liguei para ele que dizia estava chegando, depois chegou foi esta notícia”, lamenta.

Lisandro revelou que pela manhã ligou para Ademir e o colega vereador estava no gabinete do prefeito. “Das sete e meia às nove horas e estava lá com o prefeito e depois acontece um caso destes. Às 11 horas ele estava aqui conosco, depois iria na Guardinha levar o filho e não chegou”, lembra.

O presidente disse que irá aguardar posicionamento da Justiça e do Ministério Público. “Quando chegar a denúncia às minhas mãos vou encaminhar a Comissão de Ética que vai decidir pela cassação ou não”, declara.

Caso seja confirmada a cassação do vereador a suplente a ser empossado é Valdir do Prado.

O vereador Vinício Scarano relator da CPP, disse que o relatório está pronto a ser votado pelo plenário com dois votos favoráveis pelo afastamento do prefeito e que caberá a decisão dos demais. “A sessão foi marcada para hoje, mas foi cancelada judicialmente. Com muito pesar mesmo o vereador Ademir Ross foi detido, acusado por extorsão e com isso mais a liminar obtida pelo prefeito suspendendo os trabalhos fica tudo paralisado até segunda ordem”, finaliza.