A abertura de mais uma legislatura da Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso na noite de segunda-feira (5/8), após recesso parlamentar, começou em clima tenso. O vereador Jerônimo Aparecido da Silva entrou com pedido de investigação na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar contra o vereador Marcelo de Morais. Pede investigação do par por suporta calúnia e difamação e, também, pediu prestação de contas em relação a gastos com publicidade da gestão de Morais como presidente da Casa. Marcelo Morais, por sua vez, pediu investigação do vereador, sobre áudio anônimo recebido por alguns vereadores, onde supostamente Jerominho estaria envolvido em um esquema de recebimento de propina. Jerominho nega.
No primeiro pedido, Jerominho diz que "o vereador Marcelo de Morais abusa do palavreado" e pede ao presidente da Câmara que encaminhasse a situação à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, "a fim de tolher o mandato popular daquele que não é digno dele, adotando as providências cabíveis". Jerominho, afirma ainda que Marcelo de Morais, enquanto presidente da Câmara, foi um dos que "mais gastou dinheiro público com verba de publicidade". Jerominho pediu prestação de contas com relação a estes gastos, com suas devidas justificativas.
No seu pedido, Jerominho alega que Marcelo de Morais "propagandeando a imagem pessoal dele, em detrimento de quem ele entende seu detrator, seu desafeto, em tudo e por tudo ferindo a impessoa-lidade". Diz ainda que "em plena tarde, a Casa assistiu festa junina, com o mesmo vestido a caráter, acompanhado de servidores, dinheiro público jogado pela janela, escândalo divulgado pela internet".
Durante sua fala, Jerominho disse que a TV Câmara só serviu para promoção pessoal e para lançar candidato a prefeito, usando dinheiro público. "Promoção pessoal, a Legislação proíbe permanentemente. Em relação aos gastos, quem vai julgar se vai devolver ao erário público é o Tribunal de Contas", disse.
O presidente Lisandro Monteiro encaminhou os pedidos, mas se defendeu em relação a questão das festas que acontecem na Câmara.
"Que fique bem claro que as festinhas que são feitas aqui, são provenientes de uma "vaquinha" feita entre os funcionários em todo final de mês, e a própria assessora parlamentar do senhor estava presente", disse.
Jerominho disse que isto não dava o direito desses encontros virar festa com sanfona, pandeiro e entre outros. "O erro está nisto. Foi em horário de expediente, às 15h da tarde. Mas peço que desconsidere os funcionários em meu pedido, até mesmo porque eles não têm nada com isso", disse.
O vereador Marcelo Morais ocupou a tribuna, onde apresentou gastos de publicidade realizada pela Câmara entre 2009 e 2015, Segundo o vereador, em 2009, foram gastos R$ 47,4 mil reais com publicidade.
"Eu destaco algumas, entre elas a criação do site da Câmara e a criação de marca/logotipo - e detalhe, vocês nunca viram nenhum tipo de publicidade e transparência do ato público. Tem aqui uma pesquisa de opinião de uma campanha institucional que gastaram cerca de R$ 7 mil e outra, que é criação de roteiro áudio visual para a Câmara, que ficou em cerca de R$ 4 mil. Tivemos um total de R$ 48 mil gastos em 2009", disse.
Segundo os dados, em 2010 foram gastos cerca de R$ 42 mil. Em 2011, R$ 30,8 mil. Em 2012, R$ 9,6 mil. Em 2013, R$ 36 mil. Em 2014, R$ 48 mil. Em relação a 2015, após especificar diversos gastos, Marcelo disse que o presidente da Câmara à época, Jerônimo Aparecido, gastou um total de R$ 230 mil. O vereador criticou os gastos e disse que cortou tudo isso quando assumiu a presidência da Câmara. Morais chegou a interromper sua fala para pedir intervenção da Polícia Militar para pessoas que estavam lhe atrapalhando.
"No meu primeiro ano gastei cerca de R$ 50 mil, e no segundo R$ 60 mil. Vocês viram propagandas, o ano inteiro. Inclusive da TV Câmara, que leva as mazelas do que acontece aqui dentro para quem quiser ver", disse. O vereador ainda ressaltou demais gastos da gestão do vereador Jerominho na Câmara como a festa para entrega de títulos honoríficos, relatando o cardápio utilizado na festa.
Em sua defesa, Jerominho disse que gastou R$ 229 mil com realização do novo prédio da Câmara, com valores que foram devolvidos para ajudar funcionários na crise ocorrida naquele ano.
O vereador ainda contestou valores gastos em 2017 e 2018 pelo ex-presidente da Câmara, que segundo ele foi R$ 59,6 mil, no primeiro ano de gestão de Marcelo e R$111 mil no segundo ano. "Portanto, o que eu gastei foi aprovado pela Câmara por unanimidade, tinha orçamento, tínhamos um dos melhores contadores e assessoria jurídica. Nenhum centavo foi jogado fora. Todo gasto que teve foi correto e tenho certeza, o que acontece em 2017, 2018 e está acontecendo agora, o Tribunal de Contas vai fazer devolver ", disse.
Em relação à festa, Jerominho disse que era uma tradição de muitos anos e uma forma de prestigiar os empresários paraisenses. "Era em torno de 60 empresários homenageados.
Diminuí muito esse gasto com a festa, cortando bastante comida, e conseguimos ainda fazer o evento com este valor. Não tenho preocupação com nada, minha consciência está tranquila", finalizou.