O suicídio é um ato consciente e voluntário de auto-destruição, cuja morte resulta direta ou indiretamente de um ato realizado pela própria vítima, sendo um dano fatal consciente e intencional, mesmo que de forma ambígua e vaga.
De acordo com Botega (2014), o suicídio está entre as três principais causas de morte, e o Brasil se encontra entre os 10 países que mais registram casos, onde fatores sociais, econômicos, étnicos e culturais, são vistos como de risco.
O suicídio corresponde a 1,4% do total de mortes e a cada 45 segundos ocorre um suicídio em algum lugar do planeta e quando somado ao final de um ano, mata mais do que homicídios, guerras e acidentes juntos. Enquanto a população aumentou 17,8% de 1998 a 2008, o número de suicídios cresceu 33,5%.
Com base na tendência atual estima-se que, em 2020, as mortes por suicídio alcançarão 1,53 milhões de pessoas no mundo, com número entre 10-20 vezes maior para casos de tentativa de auto-extermínio.
Deve-se considerar, também, as tentativas, pois segundo Magalhães a tentativa tem a mesma característica fenomenológica do suicídio, diferenciando-se apenas pelo desfecho que não leva à morte. Estima-se que para cada suicídio consumado houve cinco hospitalizações e 22 visitas aos serviços de emergência por tentativas, o que pode gerar muitas sequelas aos indivíduos, além da perda do ser humano (OMS, 2014).
A aluna Júlia Colombaroli ,do Curso de Enfermagem da Libertas Faculdades Integradas, orientada pela professora doutora Walisete de Almeida Godinho Rosa fez uma pesquisa para caracterizar as tentativas de suicídio e suicídios ocorridos no município de São Sebastião do Paraíso no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2017 e verificar possíveis diferenças entre o suicídio no município e no Estado de Minas Gerais.
No período de 2011 a 2017 constatou-se nos registros da Delegacia de Polícia Civil, 518 ocorrências de tentativas de suicídio e suicídio consumados. Destes, 479 tentativas correspondendo a 92,4% das ocorrências e 39 (7,6%) consumados.
Ao analisar as médias de suicídio no Estado de Minas Gerais, em comparação com a média de suicídio de São Sebastião do Paraíso, no que se refere ao período de 2011 a 2016, não há diferenças significativas entre os municípios, indicando que no entorno da cidade, as taxas por 100 mil habitantes ficam até mais elevadas devido ao número de habitantes serem proporcionalmente menor.
Através do estudo foi possível identificar o aumento no número de ocorrências com casos consumados de suicídio indo de 12,82% em 2011 para 38,46% em 2017.
Constatou-se que alguns dados evidenciados na literatura, também estão de acordo com a pesquisa realizada, que destacou as mulheres com maior índice de tentativas com 69,51% e os homens com o maior índice de casos consumados com 71,79%. As tentativas mais frequentes entre os jovens menores de 18 anos correspondem a 21,92%, enquanto os idosos são responsáveis pelo maior número de casos consumados com 17,94%. A cor branca teve maior incidência para casos tentados com 54,49%, enquanto os casos consumados ficaram equilibrados entre a cor branca e a parda, ambas com 41,03%. Pessoas que não possuem uma atividade de trabalho fora de casa, como as donas de casa, estudantes, aposentados e desempregados são mais vulneráveis, tanto nas tentativas, quanto para o suicídio.
Os solteiros ganham destaque com percentual de 47,39% diante das tentativas e ocupam o segundo lugar nos casos consumados com 30,77%. Em relação à época do ano, as tentativas ocorrem mais no outono 27,76%, com suicídios no verão e na primavera 17,94%. O método mais utilizado em tentativas é a intoxicação exógena com 81,63%, e nos casos consumados tem-se o enforcamento com 66,67%. Como a principal causa de morte por suicídio.
Os resultados possibilitaram concluir que o suicídio está se fazendo cada vez mais presente e que devemos estar sempre atentos aos sinais e aos fatores de risco relacionados, para que uma ideação possa ser detectada precocemente, para evitar as tentativas e reduzir o número casos consumados.
Por fim, a pesquisa revela que para São Sebastião do Paraíso, possa haver nos anos seguintes, um aumento de suicídios, porém não se pode afirmar que o município tenha uma tendência de aumento acentuado, já que não há parâmetro para comparar o fenômeno. Assim, a Faculdade de Enfermagem da Libertas, pretende realizar novas pesquisas para os anos posteriores, de forma que se possa confirmar ou não a tendência de aumento de suicídio na cidade.
(FACULDADE DE ENFERMAGEM LIBERTAS)