O empresário Theodomiro Carlos de Paula, morador de Itaú de Minas, foi à Câmara Municipal na sessão de segunda-feira (25/11) e, durante sua fala na tribuna livre, afirmou ser herdeiro de terra do Morro do Baú, que foram ocupadas pela prefeitura e que, segundo relata, construiu um canil sem autorização de sua família. Ele ressaltou o trabalho dos vereadores e recordou história envolvendo aquelas terras, apresentado documentação e matéria do Jornal do Sudoeste publicada em 2003 onde já havia denunciado situação parecida.
"Estou aqui por uma questão familiar, de devoção religiosa em relação ao Morro do Baú. Também estive com o prefeito quando fiquei sabendo da construção de um canil ao lado da igrejinha do Baú. Dizem que o Morro não tem dono, mas é de propriedade de nossa família há muito tempo. A prefeitura, desde a época do Waldir Marcolini, tentou subtrair o morro de nossa família. Temos uma questão de devoção religiosa lá em cima e procuramos sempre preservar essa devoção", disse.
Segundo Theodomiro, Mauro Zanin, em seu mandato, construiu o Cristo, mas que ninguém reclamou porque estava dentro do propósito de sua família. "Mas quando deparamos com o canil achamos absurdo, falamos com o prefeito e ele falou que não tinha responsabilidade sobre isso, que era para eu falar com o comandante da Guarda Civil. Na verdade, estou aqui porque propus a ele de regularizamos o alto do Morro para a prefeitura, até disse que seria um trunfo político dele, mas até hoje não obtive nenhum chamado para reunião. Por isso estou aqui nessa Casa de Leis, não podemos menosprezar o poder de um vereador. Usaremos todo o possível de nossa capacidade para que seja retirado o canil de lá. O Morro, antes de ser turístico, sempre foi devoção, crença", afirmou.
MANIFESTAÇÕES
Marcelo de Morais questionou sobre autorização para a construção do canil. Theodo-miro, por sua vez, voltou a frisar que não foi dada nenhuma autorização, assim como também não foi dada para a construção do Cristo, no entanto em relação a este, ele destacou que cumpria a finalidade que se propunha a sua família, que era fazer daquele local um lugar de devoção.
Morais lembrou que o secretário municipal de Trânsito esteve na Câmara respondendo a questionamento em relação a construção deste canil, alegando que foram tomados cuidados com o patrimônio histórico, e que o recinto não seria usado para abrigar animais de ruas, mas cães adestrados para ajudar nos trabalhos da guarda. Na sequência, Morais requereu autorizações para a construção do canil ali e todos pareceres possíveis sobre o assunto.
O vereador destacou que a denúncia é muito séria e Theodomiro lembrou que não era a primeira vez que ocupava a tribuna, apresentando manchete do Jornal do Sudoeste de 2003, quando alegou que a Prefeitura invadiu área de propriedade de sua família no Morro do Baú.
Lembrou que naquela época passava pelo local quando se deparou com uma placa indicando "armazém municipal" e que, achando aquilo um absurdo, chegou a entrar na justiça, tendo a prefeitura removido a indicação imediatamente. Ele também apresentou fotos do canil, construído junto ao barracão de festa que atendia as festividades de Baú de Santa Cruz. "Isso nós não admitimos. A prefeitura, em 2001, tentou entrar com processo por usucapião e perdeu. O município tem consciência de quem é o dono. Estamos sempre tomando as providências necessárias", finalizou.
PREFEITURA RESPONDE
A reportagem do Jornal do Sudoeste entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura, que por meio do secretário municipal de Segurança Pública, Trânsito, Transporte e Defesa Civil, Miguel Félix, afirmou que "o Canil Policial da Guarda Civil Municipal não foi construído sem autorização, mas que foi feito um projeto, apresentado para o Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico de São Sebastião do Paraíso, onde houve inúmeras reuniões para serem aprovados. Foi solicitado, também, um parecer técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente para a referida construção, visando a preservação ambiental".
De acordo com a Prefeitura, hoje o gerenciamento do Morro do Baú está sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Segurança Pública e não há nenhuma informação sobre o local não ser um Patrimônio Público. "O projeto do Canil, desenvolve ações sociais de extrema importância para nossa população, sem falar no apoio aos órgãos de segurança pública de nossa cidade, sempre no combate em ações delituosas. Não se trata de um simples canil. O local serve como ponto de treinamento e adestramento dos cães, que são ferramentas importantíssimas na manutenção da ordem pública e no combate ao crime organizado", informou o secretário.
Por fim, Miguel Félix ainda ressalta: "depois que os cães foram para o Morro do Baú, o local tornou-se muito mais seguro, sem ter usuários de drogas e proporcionando maior segurança dos bens públicos que ali se encontram", completou.