HANSENÍASE

Paraíso registra novos casos de hanseníase e população deve estar alerta aos sinais

Por: João Oliveira | Categoria: Saúde | 01-02-2020 16:01 | 3738
Foto: Reprodução

A hanseníase é uma doença que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz, provocando a perda de sensibilidade e danificando, principalmente os nervos da pessoa infectada. Apesar de ter cura e ser fundamental seu diagnóstico precoce, ainda há preconceito e muito desconhecimento sobre a doença, que se não tratada pode deixar sequelas graves. É uma das doenças que ainda são vistas com preconceito, mas que deve ser combatido e superado. Só neste ano foram diagnosticados três novos casos em São Sebastião do Paraíso, e isso significa que a doença está presente e que a população deve estar alerta aos sinais.

Conforme destaca a enfermeira e referência técnica no Ambulatório de Hanseníase em São Sebastião do Paraíso, Lucélia Aparecida Aguiar, é importante que o diagnóstico seja feito de forma prematura, uma vez que a doença pode ser transmitida em um contato muito próximo e prolongado do paciente com outras pessoas, sendo necessário também o acompanhamento dessas pessoas..

"Nosso município já foi caso prioritário no diagnóstico e tratamento da hanseníase, houve muitos casos e hoje há uma subnotificação, porque precisamos desse contato permanente de divulgação sobre a doença, principalmente por meio de comunicação, porque às vezes o paciente está com a doença e deixa passar despercebido e o próprio profissional da saúde não pensa na doença quando é procurado na USF, por exemplo. Acredito que regiões onde há muitos casos, é porque são feitos diagnósticos por causa do conhecimento da doença", avalia.

Conforme a enfermeira, infelizmente o Brasil ainda não conseguiu erradicar a doença e há muitos casos pelo país. Somente em janeiro, em Paraíso, três novos casos foram notificados, o que para a Lu-célia é algo muito positivo porque significa que está sendo diagnosticado.

"No ano passado tivemos dois novos caso, mas acredito que deva haver muito mais. Estamos em campanha e, atualmente, estou fazendo treinamento com agentes de saúde para que nas visitas domiciliares eles busquem saber se alguém na família está com algum problema de pele", explica.

Hoje, conforme aponta Lucélia, um dos maiores desafios para o enfretamento à doença, que se diagnosticada e tratada leva a cura, ainda é o preconceito. "Às vezes a pessoa tem medo de dizer que está com a doença. Atendi recentemente a um paciente diagnosticado com a doença e que está com medo de contar para a família, mas ele tem que falar porque a família também precisa ser examinada. Se existe alguém na família que está com a doença, ele está transmitindo porque é infectocontagiosa, nós precisamos examinar toda a família", ressalta.

O exame não é feito apenas uma vez, conforme a enfermeira o acompanhamento é pelo período de cinco anos. "O período de encubação da hanseníase é longo, é de cinco a dez anos. Então, podemos estar em contato com a doença e nesse prazo de cinco a dez anos manifestarem os sintomas da hanseníase, sendo as manchas com baixa sensibilidade o sinal mais característico, que podem ser esbranquiçadas, acastanhadas, avermelhadas, vai depender muito da cor da pessoa e do tipo da doença", explica.

Para a doença, a enfermeira destaca que o Ministério da Saúde preconiza quatro formas: a indeterminada e tuberculóide, que são formas iniciais da doença, que o paciente ainda não está transmitindo, - que ser for descoberta neste estágio o tratamento é em torno de seis meses e o número de medicações menor.

A forma dimorfa e vircho-wiana são estágios mais avançados da doença em que o paciente já está transmitindo-a e que tem o tratamento mais longo, que é em torno de um ano tomando a medicação, mas é um acompanhamento, que mesmo depois da medicação, pode levar alguns anos. "Isso vai depender do que o paciente teve de dano neural, não é uma doença só de pele, mas também de nervo. Se o nervo foi atingido, esse paciente terá as neurites durante o tratamento e após", conta.

A enfermeira salienta que apesar de pequeno o número de casos notificados, é muito intenso o movimento que envolve o tratamento e acompanhamento tanto da pessoa diagnosticada quanto da família. O período de acompanhamento varia de acordo com o estágio da doença. "A única prevenção da hanseníase é o diagnóstico precoce, não existe outra forma. Nós tomamos a vacina BCG, que é uma proteção a mais, mas o que temos que trabalha com a população e o profissional da saúde é o diagnóstico precoce", completa.

COMO SE TRANSMITE A HANSENÍASE?
A hanseníase é transmitida por meio das vias respiratórias, por meio de tosse e espirro. A principal fonte de transmissão da doença é a pessoa doente que ainda não recebeu o tratamento medicamentoso. A hanseníase não se passa por abraço, aperto de mão e carinho, portanto não é necessário separar as roupas, os pratos, talheres e copos da pessoa infectada.

COMO SABER SE SE ESTÁ COM HANSENÍASE?
Conforme explica Lucélia, o primeiro sinal são manchas onde é possível verificar a perda de sensibilidade. Nesses locais, se costuma ter pelos e não há mais no local na macha, pode ser um indício de infecção. Para testar a sensibilidade basta pegar dois líquidos com temperatura diferentes, se a pessoa não conseguir identificar as temperaturas, é recomendável que procure um médico. "Qual alteração na pele, é aconselhável a busca de um profissional da saúde, não importante o que seja esta doença", ressalta.

COMO SE TRATA A HANSENÍASE?
O tratamento da hanseníase é feito nos serviços de saúde. Pode durar de 6 a 12 meses, se seguido corretamente. Os comprimidos devem ser tomados todos os dias em casa e uma vez por mês no serviço de saúde. Também fazem parte do tratamento de hanseníase os exercícios para prevenir as incapacidades e deformidades físicas e as orientações da equipe de saúde.

As pessoas diagnosticadas com hanseníase apresentam mãos, pés e olhos sensíveis ou com atrofias e devem adotar medidas e cuidados especiais no seu dia a dia. As pessoas que moram com alguém que recebeu o diagnostico da doença, também devem ser examinadas nos serviços de saúde e orientadas para reconhecer os sinais e sintomas da doença.

"A doença tem cura, mas o quão logo for feito diagnóstico, muito maiores são as chances de sucesso. Também é importante o acompanhamento das pessoas próximas àqueles diagnosticados com a doença, uma vez que pode espalhar a doença. A dificuldade maior é justamente esta, temos casos que a família não quer fazer o acompanhamento, mas é muito sério porque vai ter uma hora que não terá como fugir".

A enfermeira conta que os atendimentos costumam demorar porque além do exame detalhado que é feito no paciente, também é dado uma verdadeira aula do que é a hanseníase para que o paciente se conscientize e veja a importância do seu papel no tratamento da doença. "O tratamento gira em torno de um ano, se o paciente o abandonar, todo a medicação que ele tomou se perde e a doença ainda ganha certa resistência", completa.

AMBULATÓRIO DE HANSENÍASE
O Ambulatório de Hanseníase é situado na Rua Stela, 280, ao lado da UPA. Qualquer dúvida que o cidadão tenha, ele também pode ligar no telefone (35) 3558-7266, e tirar suas dúvidas com a enfermeira e referência técnica em hanseníase em São Sebastião do Paraíso, Lucélia Aparecida Aguiar.