PROFESSORES

Coordenadora do Sind-Ute em Paraíso fala sobre situação dos professores

Por: João Oliveira | Categoria: Política | 19-02-2020 12:04 | 1607
Coordenadora da subsede em São Sebastião do Paraíso (Sind-Ute), Lilian Aparecida de Oliveira
Coordenadora da subsede em São Sebastião do Paraíso (Sind-Ute), Lilian Aparecida de Oliveira Foto: ASSCAM

A coordenadora da subsede do Sindicato Únicos dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais em São Sebastião do Paraíso (Sind-Ute), Lilian Aparecida de Oliveira, ocupou a tribuna onde teceu duras críticas ao Governo do Estado e chamou de "desrespeitosa" a forma que professores da rede estadual de ensino têm sido tratados. Ela falou da desvalorização salarial e da hostilidade com a classe foi tratada em manifestação na ALMG, no último de 13.

"Os professores estão em greve porque a situação é grave. Deveríamos receber o piso salarial, regulamentado por lei federal, e no caso de Minas lei estadual de 2015, o que não aconteceu. O piso em início de carreira é de cerca de R$ 2,8 mil, mas atualmente o pagamento não chega a R$ 2 mil. Temos o pior salário de todos os servidores públicos, e o Estado não paga o mínimo para a Educação", lamentou.

De acordo com a coordenadora, dados divulgados pelo Banco do Brasil revelaram que os estados receberam na primeira quinzena de fevereiro verba milionária para a Educação. "No caso de Minas, foi um montante de R$ 441.309.120, 19 que poderia não só pagar o reajusto do nosso piso, como também 30% do 13º salário dos funcionários da Educação que ainda não receberam nada", conta.

Sobre projeto que tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para reajuste de servidores da Segurança Pública, aprovado em primeiro turno na manhã de terça-feira (18/2), Lílian disse que "a Educação não vê problema nenhum nisto, todo mundo merece reajuste, mas porque o governo elege beneficiar uma categoria e sacrifica outras. O porquê disto", questiona.  Aprovado em primeiro turno o projeto deverá aprovado por comissões temáticas para depois ser apreciado em segundo turno.

A coordenadora do Sind-Ute em Paraíso diz ainda que o Governo tem buscado inflar dados sobre crise no Estado e que em 2019 não investiu os 25% de receita líquida que é destinada a Educação, mas somente 17% e questionou o que foi feito do restante.

"Além disso, neste ano o sistema de matrícula, que foram feitas online, gerou confusão e prejuízo para educadores, alunos e pais desses alunos. Foram várias situações constrangedoras, entre elas alunos encaminhados para escolas muito distantes de seus bairros ou até mesmo para sistema prisional", lamentou.

Lilian destacou ainda outros problemas enfrentados pela categoria e destacou que greve vem para que professores não percam direitos já adquiridos após muita luta.

Ela cita também a luta contra a terceirização de setores da educação. "É a ideia do governo: terceirizar a Educação. Infelizmente, o governo tem feito de tudo para diminuir a qualidade do ensino e, com isso tudo, diminuir também a oportunidade de trabalho para os educadores, o que já aconteceu. Muitos colegas ficaram sem trabalho em 2019 e este ano aumentou muito", acrescentou.

A professora também falou sobre o regime de recuperação fiscal que está acontecendo, e destacou que dos atuais 11% de alíquota pagas pelos servidores, passará até 22%. "Ou seja, a gente que não ganha nem R$ 2 mil, vamos ter nosso salário ainda mais achatado. Esse regime, além de tudo, prevê seis anos de congelamento de reajuste, sem concurso público e o aumento de contribuição previdenciária".

Disse que esteve no dia 13 na ALMG, onde, segundo ela, professores foram tratados com violência. "Eles estão lidando com professores, e não com bandidos. Teve colegas que estavam doloridas de socos que levaram. Não foram apenas agressões físicas, mas psicológicas. Mandaram colegas nossas, que são negras, pentear o cabelo, lavar roupa. Foram crimes de racismo, misoginia. Essas situações foram gravadas, não estou inventando nada. Educadores fizeram boletim de ocorrência. A situação está caótica, não sabemos para onde correr", lamentou.

A professora pediu para que vereadores aprovassem uma moção de repúdio a atos de violência do governo do Estado com os educadores. "Mais uma vez, todo mundo merece reajuste, todo mundo merece respeito e dignidade para trabalhar. Infelizmente, a Educação está sendo tratada como inimiga do Estado", completa.

O vereador Marcelo de Morais se manifestou sobre a situação. Lembrou sobre discursos de falta de dinheiro, mas que reajuste à Segurança de mais de 40% é uma afronta à Educação. "Nada contra, eles merecem, mas dizer que a Segurança Pública dá mais retorno imediato que a Educação é um tapa na cara".

O vereador Sérgio Aparecido Gomes fez coro às palavras de Marcelo e disse que a situação é inadmissível. "Um governo que pregou o novo, que o mineiro estaria orgulhoso da sua representação política... Além das referidas moções, peço que também sejam encaminhadas para os senadores de Minas em Brasília, que têm grande força política e que, nós, com essa força tarefa, também lutemos porque esta luta é justa, merecida e que tem que ser respeitada por nós".

O vereador Vinício Scarano também lamentou a situação e ressaltou a necessidade de pressão dos representantes políticos do município para busca de solução. Disse que para ele a educação é prioridade, e que educadores também merecem reajuste. Os demais vereadores também manifestaram apoio à categoria.