Enquanto os motores repousam em silêncio nas fábricas das equipes até que cesse a tempestade causada pelo coronavírus em todos os cantos do planeta, a POLE POSITON fará um compêndio de corridas que marcaram época até que tudo volte ao normal na vida e no esporte. E esta semana foi de comemoração dos 40 anos da primeira vitória de Nelson Piquet na Fórmula 1 depois de vencer com ‘um pé nas costas’ o GP dos Estados Unidos-Oeste, nas ruas de Long Beach, na Califórnia, que teve ainda a presença de Emerson Fittipaldi num pódio histórico para o Brasil.
Era a quarta etapa do Mundial de 1980 que consagrou o australiano Alan Jones campeão com a Williams. Piquet terminaria o ano como vice-campeão, mas naquele começo de temporada a Brabham do brasileiro parecia um carro inferior não só aos da Williams, como também da Renault, que vinha de duas vitórias com o francês René Arnoux.
Mas no travado circuito urbano de Long Beach, a Brabham surpreendeu desde os treinos. Piquet obteve a primeira pole da carreira colocando quase 1s de vantagem sobre o segundo colocado do grid, Arnoux. E desde a largada Piquet se impôs sobre os adversários, não dando a menor chance de ser alcançado ao longo das 80 voltas da corrida, chegando a colocar uma volta sobre o 4º colocado da prova, John Watson, da McLaren, e recebendo a bandeirada com 49s de vantagem para o 2º colocado, Riccardo Patrese, da Arrows.
A vitória de Piquet chegou mais cedo do que se imaginava já que aquele começo de campeonato marcava o início de sua segunda temporada na Fórmula 1, e para os padrões da época, Piquet ainda era um jovem de 27 anos(!) - com essa idade ele seria quase um veterano nos dias atuais. E ela foi conquistada em grande estilo: pole, vitória, volta mais rápida e a liderança de todas as voltas, o que no automobilismo chamamos de grand chelem - foi o primeiro dos três que Piquet conquistaria na carreira.
Mais atrás, se sobressaindo com o pouco competitivo Fittipaldi-Ford, Emerson Fittipaldi vinha ganhando posições depois de ter largado da 24ª posição. Na 20ª volta, Emerson já aparecida entre os 10 primeiros. Lá pela metade da prova, vários carros já haviam abandonado seja por problemas mecânicos ou acidentes; um deles, o mais grave, na 51ª volta, deixou o suíço Clay Regazzoni paralítico depois que perdeu os freios de seu Ensign e acertou em cheio a Brabham do argentino Ricardo Zunino que estava parado rente a pista desde a primeira volta devido acidente na largada. Naqueles tempos não havia a preocupação que se tem hoje pela segurança. ‘Rega’, como era chamado, passou o resto de sua vida numa cadeira de rodas até falecer em 2006 num acidente de trânsito.
A essa altura da prova, Emerson já vinha pela 4ª posição, e assumiu o 3º lugar faltando 18 voltas para o fim quando Arnoux teve um pneu furado.
Aquele foi o 35º e último pódio de Emerson que deixaria a Fórmula 1 ao final da temporada. Um pódio histórico, uma espécie de passada de bastão do bicampeão para o ainda novato Nelson Piquet que venceria seu primeiro campeonato no ano seguinte, e se tornaria tricampeão mundial com mais dois títulos em 1983 e 1987.
O triunfo de Piquet quebrou um jejum de vitória brasileira na Fórmula 1 desde o GP da Inglaterra de 1975 com Emerson a bordo da McLaren. Ao desembarcar em São Paulo depois da vitória, Piquet falou da emoção da primeira conquista, e disse “Daqui a pouco terei duas, três ou mais vitórias, e haverá coisas mais importantes a serem conquistadas”. De fato, conquistou!