‘E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre’ diz o Sr. Jair Messias Bolsonaro, presidente da República, sobre mortes por coronavírus. E foi praticar tiro ao alvo.
É de assustar uma manifestação destas vindas do chefe do poder Executivo da nação, no momento mais doloroso que atravessa esta geração. No mínimo demonstra um profundo desconhecimento da tragédia que estamos vivendo e desrespeito com a dor dos familiares dos mortos. Mas nós podemos fazer diferente:
- Podemos ligar ou mandar uma mensagem para um familiar de uma pessoa morta e demonstrar que somos solidários com sua dor.
- Podemos ser conscientes o bastante para manter nosso funcionário, mesmo sendo ele um diarista, até passar o momento mais difícil. Temos como nos manter, ele só tem a vender o seu trabalho.
- Podemos evitar aumentar nossos preços para ganhar mais, pois às vezes o nosso lucro exorbitante significa a carência de quem tem muito pouco.
- Podemos doar uma cesta básica, pois para nós o valor não fará falta, mas para quem recebe significa menos fome.
- Podemos contribuir com uma organização social, e existem centenas delas que atuam com muita seriedade, para minimizar a dor dos mais atingidos pela doença e suas consequências.
- Podemos respeitar as determinações dos órgãos de saúde com muita seriedade, pois podemos infectar outras pessoas. Use máscara; além de proteger a todos, tem o efeito de diminuir a desigualdade, pelo menos visual.
- Podemos respeitar as regras de isolamento com paciência e resignação, principalmente dentro de nossa casa, pois o momento é estressante para todos que ali estão confinados.
- Podemos visitar virtualmente um asilo, uma casa de apoio a menores e encaminhar nosso donativo, mesmo que seja só nossa palavra de estimulo.
- Podemos entrar em contato, mesmo a distância com o nosso amigo, familiar ou mesmo um desconhecido, para encorajá-lo a atravessar o período difícil que estamos passando.
- Podemos e devemos elogiar e agradecer ao médico, ao enfermeiro, ao auxiliar de enfermagem, ao motorista da ambulância, ao socorrista, ao Corpo de Bombeiros, e a todos que estão na linha de frente do tratamento deste vírus.
- Nós podemos fazer tudo isto, não só para mostrar que somos humanos, fraternos e caridosos, mas acima de tudo porque respeitamos a dor individual e coletiva. Só não podemos nos omitir. E podemos também, após esta tragédia, repensar nosso modo de ver a vida, nossos relacionamentos e nossos valores.
- Mas você pode também, rever a sua decisão de voto na última eleição, e após uma análise criteriosa, ver se valeu a pena colocar os destinos de seu pais e de seu povo, nas mãos de pessoas que, com menos da metade do mandato, só trabalha para a reeleição.
Qual será o objetivo do governo de, a cada dia criar um fato novo? É para desviar a atenção da doença? Bancar o avestruz não resolverá os problemas do país, mas causará dor, desespero e desassistência a milhões de brasileiros.
Se as previsões se confirmarem, a dor por que o pais passará nos próximos dias será a maior de todos os tempos, com o número de mortos ultrapassando todos os casos anteriores.
Como me disse um filho, é estressante ajudar a escrever a história nestes momentos dolorosos, e é o que estamos fazendo; mas com todos buscando o mesmo objetivo, principalmente as autoridades do pais, a tarefa ficaria mais leve.
A vida não tem preço, é dela que precisamos cuidar agora.
“Se nos lembrássemos todos os dias que podemos perder alguém subitamente, nós amaríamos mais intensa e livremente, e seríamos mais tolerantes e compreensivos. Ninguém pode afirmar que não há nada a perder porque tudo pode ser sempre perdido”.
Madre Teresa de Calcutá
João Batista Mião
São Sebastião do Paraíso