“...mas enquanto os carros continuavam fazendo suas voltas pela pista, o barulho parecia desaparecer com o silêncio das arquibancadas falando mais alto”. O relato é do jornalista americano, Jim Utter, um dos quatro selecionados para cobrir a volta da Nascar no último domingo.
A tradicional categoria do automobilismo norte-americano foi a primeira a religar os motores desde que o mundo foi afetado pelo coronavírus. Foram duas provas em Darlington nesta semana - domingo e quarta-feira - dando sequência ao reprogramado calendário da categoria.
Mas para voltar com segurança, uma série de medidas foram tomadas. Apenas 900 pessoas entre pilotos, integrantes de equipes, pessoal de socorro e quatro(!) jornalistas puderam estar no oval de Darlington, na Carolina do Sul. Precisaram ler um manual de instruções com 30 páginas, assinar dois termos de responsabilidade, passar por frequentes medições de temperatura corporal, manter distanciamento uns dos outros, uso de máscaras, higienização, e restrições ao circular pelas dependências do circuito. Alguns engenheiros de equipes trabalharam de casa.
O jornalista do site ‘Motorsport’ relatou a incerteza e apreensão de cobrir o retorno da Nascar ser o mais próximo do que havia vivido na primeira corrida após o 11 de setembro de 2001.
Mas no final deu certo o enorme esforço da Nascar em colocar os carros de volta à pista, ainda que apenas pela TV e sem a presença de público nas arquibancadas. Neste domingo e na próxima quarta-feira tem mais duas provas, agora em Charlotte.
O automobilismo de um modo geral ficou de olho na corrida que bombou em números de audiência. Os fãs do esporte a motor já não viam a hora de começar tudo de novo, ainda que neste momento haja coisas mais importantes para serem resolvidas no mundo todo. Mas o automobilismo precisa sobreviver, já que é um segmento que emprega milhares de pessoas pelo mundo, e a volta da Nascar foi o ponto de partida de que, dependendo do local, com planejamento e cuidados essenciais, é possível retomar as atividades.
A F1 já traçou seu plano de contingência para iniciar a temporada dia 5 de julho com duas corridas na Áustria. Para isso haverá redução significativa do número de pessoas que vão às corridas, não mais do que 1.000, ante os cerca de 4.000 que normalmente circulam pelo paddock.
Todos serão testados a cada 48 horas, e só poderão transitar do hotel para o autódromo e vice-versa, além de outras medidas de segurança que estão sendo tomadas, e com os portões fechados para o público.
A Liberty Media, dona dos direitos comerciais da F1 trabalha com a possibilidade de realizar de 15 a 18 GPs com alguns podendo ser disputados mais de uma vez na mesma pista. Porém, os dirigentes buscam um plano B devido as restrições de combate à pandemia com quarentena de 14 dias que o governo britânico pretende impor para quem chegar ao Reino Unido, o que pode comprometer não só as provas em Silverstone, como o próprio começo do campeonato, já que sete das 10 equipes estão sediadas na Inglaterra.
Há uma necessidade emergencial de a F1 realizar a temporada sob o risco de duas ou mais equipes falirem, o que seria um desastre para a categoria. E para que o campeonato seja reconhecido, é necessário o mínimo de 15 corridas de acordo com o regulamento.
O sinal verde foi dado pela Nascar. O automobilismo 2020 começa a ganhar vida. A Indy anunciou o começo da temporada dia 6 de junho com 14 etapas. Por aqui a Stock Car planeja começar a partir de julho em locais onde a pandemia estiver sob controle.