SOCORRO

Diretores da Chácara Pedacinho do Céu pedem socorro

Por: Redação | Categoria: Cidades | 12-11-2000 21:26 | 636
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A Chácara Pedacinho do Céu, apesar do nome sugestivo à harmonia, vive um momento de extrema dificuldade a ponto de seus diretores lançarem um pedido de socorro. A sobrevivência dos que habitam a chácara está dependendo da caridade. “A situação é crítica e não temos ajuda nem dos poderes públicos, nem da sociedade”, desabafa Moacyr Mariano, 41 , vice presidente da entidade.

Depois de funcionar por dois anos anexo a Fazenda Laranjeiras, a Chácara Pedacinho do Céu atualmente está locada na estrada Morro Vermelho, Km 1, saída do Matadouro. Há três meses na nova sede, a diretoria vive o drama da velha situação relacionada com a falta de estrutura e assistência municipal. “Falta apoio. Nós já não temos condição de continuar sozinhos e sem ajuda teremos que fechar as portas”, apela Moacyr.

Para evitar o fim das atividades, Moacyr diz que mais uma vez lança uma campanha pública de socorro. A Chácara atende em torno de 30 a 40 pessoas. “São alcoólatras, indigentes, andarilhos. Abrigamos ainda, por ordem da Justiça, cinco menores que estavam envolvidos com droga e, passam por recuperação”, descreve. Apesar do trabalho fraterno e voluntário dos diretores da chácara, a manutenção está a cada dia mais difícil para cuidar dos freqüentadores fixos e temporários.

“Não temos estrutura. Falta alimentação, remédio, roupas, calçados. Não recebemos visita de nenhum agente social, médico. Nenhuma ajuda de órgãos ou entidades constituídas”, relata o vice presidente. Convocando a comunidade a ser solidária com os objetivos da Chácara Pedacinho do Céu, Moacyr destaca que a sociedade critica aqueles que ficam nas praças e mendigando pelas ruas. “Nós  os recolhemos lá na Chácara e sem ajuda é humanamente impossível cuidar deles”, comentou.

Segundo os diretores, existem casos em que a própria família envia os indesejados para a chácara. “Querem ficar livre do problema e depois esquecem que nosso trabalho precisa de ajuda”.  Para reverter a situação crítica, Moacyr espera sensibilizar a comunidade para que ajude o Pedacinho do Céu, doando gêneros de toda natureza, desde alimentício, até vestuário. Tudo será bem vindo”. Os diretores esperam que a próxima administração tenha diretrizes voltadas para o social, atendendo as carências da atuação voluntária feita pela Chácara Pedacinho.

Vereador elabora projeto social
Antonio César Picirilo, 49 anos, presidente da Chácara Pedacinho do Céu, vislumbra no fato de ter sido eleito vereador na última eleição municipal, a possibilidade de atender boa parte das carências da entidade. Picirilo anunciou que está elaborando um projeto para criar um centro de triagem, e deseja apresentá-lo de imediato tão logo comecem os trabalho do Legislativo 2001.

Entre as diretrizes do projeto, Picirilo destaca que a princípio precisará conseguir assistente social, “para atuar no atendimento e encaminhamento do andarilhos, indigentes alcoólatras e outros tipos que chegam a Paraíso.” Depois, almeja obter aquisição de um veículo que fique a disposição da Chácara. O vereador pretende ainda lançar uma campanha de conscientização para que as pessoas não dêem esmolas, enviando os donativos às entidades de trabalho social.

Outro ponto destacado por Picirilo é uma parceria com a Polícia e com a Justiça, no sentido de amparar o projeto dentro da legislação vigente. “Seria muito bom que a Polícia atuasse em abordagem de verificação nas praças. Cobrasse documentos. Temos conhecimento que são transportados indigentes de outras cidade para cá. Eles chegam dizendo que Paraíso é bom porque a Polícia não incomoda. Com isto, passam por aqui  homicidas e fugitivos da justiça, que se passam por andarilhos”.

Na campanha social do projeto, Picirilo quer solicitar da sociedade que ajude a Chácara a resolver os problemas da comunidade, dando condições de cuidar dos recolhidos ao Pedacinho de Céu. “Hoje nós lidamos com pessoas que sofrem de diversas enfermidades, como tuberculose, portadores do vírus HIV, doenças venéreas e além disto não existe hora. A qualquer momento somos solicitados para diferente situações. É um que morre e não há como enterrar, é um que está dormindo ou perturbando a ordem ou até fazendo sexo em via pública. Sem a parceria comunitária, através de um centro de triagem e com apoio do Legislativo e da próxima administração, a sociedade terá que conviver com o caos. Nós não queremos isto e estamos tentando todas as alternativas.