A grande transformação anunciada com o Projeto Somma (Programa de Saneamento Ambiental Organização e Modernização dos Municípios), uma proposta do governo municipal, que está terminando com a administração do prefeito Pedro Cerize, visava resolver em São Sebastião do Paraíso, problemas da falta de canalização de córregos e esgotos, dando infraestrutura ao programa municipal de saneamento, saúde e urbanização.
Iniciado em outubro de 1998, na primeira etapa, foram canalizados os córregos Rangel, Tiro de Guerra e Lava-pés. A segunda parte do projeto, deu-se com abertura e pavimentação de avenidas às margens do canais.
Entretanto, a fase de conclusão da obra, está paralisada e abandonada. O setor inacabado, expõe risco à saúde de crianças que brincam no local, impede o trânsito em vias de ligação entre a travessa Carlos Bérgamo e Avenida Oliveira, além de estar sujeito a maiores transtornos com a previsão das chuvas de fim de ano. O término das obras do Projeto Somma está ameaçado.
OS PROBLEMAS DO SOMMA
Há dois anos, foi montado o primeiro canteiro de obras pela empresa vencedora da licitação, entre as ruas Yone Carina e Stela. Financiado pelo BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerias) tendo como parceiros a Prefeitura e Governo Federal. Três meses depois de iniciadas, as obras do Projeto Somma começaram a ter problemas que ameaçaram a sua continuidade. Entre outros foi cogitado um possível superfaturamento.
A moratória decretada pelo governador Itamar Franco fez com que FHC alertasse os órgãos financeiros sobre o risco de inadimplência ao emprestar dinheiro a Minas Gerais. Os credores afirmaram que não cancelariam nenhum contrato e não se intimidaram com a possibilidade de não haver liberação de verba do governo estadual para o projeto. A não ser pelas chuvas que aterrorizaram a Secretaria Municipal de Obras, O Somma não sofreu maior atraso no inicio e foi avaliado por técnicos do BDMG.
CUSTOS ORÇADOS EM MAIS DE 3 MILHÕES
A canalização dos três córregos contida no Projeto Somma foi orçada em mais de R$3 milhões de reais. Em agosto de 1998, 32 empresas participaram da licitação. A firma Leão & Leão venceu a concorrência entre as 13 empresas que apresentaram as melhores propostas e documentação. Na época a Prefeitura citou o orçamento aprovando a canalização de apenas dois. Para o Rangel seriam gastos R$1.061.161.98. Para o Lavapés, R$897.218.68. Estima-se que, o terceiro córrego, seria concluído com R$1.9583.380,68.
Entretanto, de acordo com denúncia do deputado estadual Rêmolo Aloise, os valores orçados poderiam estar superfaturados ultrapassando a casa de 3 milhões, num total de R$ 4.553,948,86. O parlamentar paraisense chegou a cogitar a quebra do singilo de conta bancária do prefeito e do secretário de gabinete, no final do ano passado.
Através da assessoria de imprensa da Prefeitura, a suspeita do deputado paraisense foi rebatida. Além de colocar a contas a disposição, o assessor Claudiney Pereira dos Santos e Cerize argumentaram que “não houve nenhuma alteração no contrato de execução do Somma, sendo mantidos os valores iniciais e que diante da avaliação dos fiscais e auditores, foi observada a lisura total”. Entretanto, o ritmo das obras foram diminuindo alguns meses antes da eleição municipal deste ano.
OBRAS PARALISADAS
A empreiteira Leão & Leão Ltda, alguns dias após a eleição levantou acampamento em definitivo do Projeto Somma. As obras estavam em ritmo lento e foram paralisadas totalmente. Informações obtidas junto a funcionários da empresa, era que a suspensão do serviço se deu pela falta de pagamento.
Por sua vez a Prefeitura afirmou que estava em dia, porém não conseguiu evitar a retirada da empresa e a interrupção do serviço de canalização do terceiro córrego e pavimentação total das vias abertas.
O Departamento Municipal de Obras anunciou recentemente que 80% do projeto estava pronto, faltando a conclusão do asfalto nas avenidas e iluminação. Entretanto, o que se vê na parte inacabada é uma situação bem diferente e crítica, na opinião dos populares. Partindo da extinta Ponte dos Amores (Vila Operária), o trecho até a Rua Carlos Piccirilo incidindo na Rua Capitão José Aureliano, ficou completamente incompleto.
A ligação entre a rua Carlos Bérgamo e Oliveira Resende está impedida. O local acumula mato, lixo, entulho, e represa córrego oriundo de esgoto, causando além do mal cheiro, a presença de insetos (mosquitos, pernilongos, baratas) e animais peçonhentos (rato, cobra, escorpiões).
A via é usada por pedestres em geral e principalmente por alunos, que para atravessar o setor em que estavam sendo realizadas as obras, precisam escalar dois barrancos que margeiam a via a ser aberta. Conforme os moradores da região, o que mais incomoda é o forte odor exalado da rede de esgoto que continua correndo aberto. Desviada do curso anterior, agora os detritos do esgoto acabam sendo represados na depressão do terreno. Para alguns, a opinião é que tudo ficou pior do antes.
O pior disto é o percurso impedido e se não for resolvido o quanto antes, quando chegar as chuvas isto aqui será uma calamidade insuportável, com risco de desbarrancar tudo e atingir as casa, prevê a dona de casa Silmara Martins, que diariamente passa no local.