Em 11 de março deste ano a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a COVID-19, doença causada pelo “novo CoronaVírus – Sars-Cov-2” como uma pandemia.
Desde então as mudanças ocorridas em nossa sociedade foram imensas e a educação tem sido severamente influenciada pelas novas exigências que a pandemia impôs à população mundial.
O isolamento social indicado pela OMS e pelos demais entes governamentais Brasil afora, também chegaram às escolas influenciando diretamente nas práticas educativas e pedagógicas. A suspensão das aulas e demais atividades didático-pedagógicas desde meados de março tem provocado muitas mudanças no modo de ensinar, estudar e aprender.
As escolas, faculdades, universidades estão se adaptando a uma realidade para a qual a maioria dessas instituições não estava preparada.
Com a imposição do isolamento social as instituições escolares tiveram que adaptar a forma de ensinar seus alunos, professores estão tendo que se capacitar para o trabalho nessa nova realidade.
O Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de Educação (CNE) flexibilizaram a legislação educacional permitindo uma nova forma de cômputo da carga horária didática e uma reorganização dos calendários escolares.
A educação a distância (EaD) tem sido a alternativa para o atendimento dos estudantes diante desse novo cenário mundial que exige o distanciamento social. Algumas instituições optaram por seguir as orientações do MEC e do CNE e adequaram suas atividades para a modalidade de educação à distância.
Porém, há diversas questões que a EaD trouxe consigo para esse novo momento educacional. Muitos são os professores e professoras que nunca haviam atuado nessa modalidade educacional e que tão pouco dominam as tecnologias educacionais.
Essa inexperiência com a EaD e com os recursos tecnológicos para fins educacionais tem gerado uma sobrecarga de atividades dos professores que estão se vendo em uma realidade que necessitam se qualificar e já iniciar os trabalhos com a produção de atividades através das tecnologias educacionais.
Professores que nunca gravaram vídeos agora estão tendo que se adaptar à uma realidade antes desconhecida, educadoras que antes não acessavam a internet cotidianamente agora necessitam ficar conectadas cinco, dez, quinze horas por dia.
O trabalho pedagógico que era desenvolvido em local e espaço determinados agora ganhou novos contornos e há a exigência que os educadores estejam à disposição dos alunos e famílias praticamente vinte e quatro horas por dia.
Se isso não bastasse os professores e professoras foram induzidos a montarem grupos em redes sociais para atendimento dos alunos, e isso sem que as redes públicas fornecessem materiais e recursos necessários à essas novas atividades. Professoras e professores estão trabalhando on-line o dia todo e recebendo apenas o básico da sua carga horária, como se estivessem nas escolas.
Para as famílias e estudantes as novidades impostas pela pandemia também são diversas. Estudantes sem computador tendo que fazer “atividades remotas” que exigem acesso à internet e a recursos computacionais. Além disso, os alunos da rede pública estadual de Minas Gerais necessitam assistir aulas pela TV – Rede Minas e essa TV não está acessível em todos os municípios, e em alguns casos (como ocorre aqui em nossa cidade) a programação da Rede Minas é interrompida para dar espaço à programa das suas parceiras (aqui em S. S. Paraíso – TV Sudoeste) e os alunos ficam sem assistir a tele aula.
As famílias estão tendo que se desdobrar para auxiliar os alunos nas atividades que são enviadas pelas escolas sejam impressas, on-line ou por meio de outras tecnologias educacionais. Ocorre que as famílias não foram preparadas para isso, não estão adaptadas à essa necessidade de acompanhar de perto, e bem de perto mesmo as atividades dos seus filhos.
Muitas famílias não possuem os acessos necessários à informática, computadores, internet de qualidade, condições para impressão de materiais para seus filhos, etc. Desse modo as crianças estão ficando no prejuízo, sua aprendizagem comprometida, e o ano letivo de 2020 certamente não se encerrará esse ano.
ENEN, vestibulares, processos de admissão ao ensino superior foram paralisados ou suspensos, outros foram prorrogados, o prejuízo educacional será sentido e percebido por muitos.
A prevenção, o isolamento e o distanciamento social são necessários, e as ações para que os estudantes não fiquem totalmente abandonados pelas escolas é importante mas convém destacar que o prejuízo educacional já é evidente.
Muito precisa ainda ser feito nesse período de prevenção e distanciamento social para que o prejuízo pedagógico dos nossos estudantes seja minimizado, e para que a intensificação dos professores seja reduzida.
Muito deverá ser feito pelas escolas e demais instituições educacionais no período pós pandemia para que crianças, adolescentes, jovens e adultos estudantes da educação básica e superior possam recuperar o tempo perdido.
O distanciamento social é necessário para preservar as vidas de trabalhadores da educação e dos estudantes.
Torçamos para que a pandemia diminua seus efeitos e para que logo possamos voltar à normalidade.
Professor Me. Cícero Barbosa: Doutorando em Educação Escolar pela UNESP – Araraquara, Mestre em Educação Escolar pelo Centro Universitário Moura Lacerda, professor do ensino fundamental (anos iniciais) na rede pública municipal e vice-presidente do Conselho Municipal de Educação de São Sebastião do Paraíso, presidente do Sindicato dos Servidores da Educação Pública Municipal de São Sebastião do Paraíso – SindEduc-SSP.