Esta crônica reverencia a memória do expedicionário José Curti, um dos jovens moradores de São Sebastião do Paraíso, Sudoeste Mineiro, que participaram da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), também chamados de “pracinhas”. A trajetória de vida desses paraisenses é uma História Maior, cuja importância vai muito além do alcance dessas linhas. Por esse motivo a experiência vivenciada por eles deve servir de símbolo de dignidade, honra e consciência cívica. Ao registrar parte da experiência vivenciada por José Curti, temos a intenção de reverenciar todos os expedicionários.
Três anos depois do início do conflito, o então presidente Getúlio Vargas assinou a declaração de guerra, a 31 de agosto de 1942, ao eixo formado pela Alemanha, Itália e Japão. Quase dois anos depois, 25 mil brasileiros embarcaram para o campo de batalha no norte da Itália. Entre eles estavam 17 jovens paraisenses, de acordo com anotações históricas já publicadas. Ao retornarem, além das honras oficiais recebidas, muitas histórias podem ser escritas, repletas de significado humano, existencial e atos heroicos que dignificam cidadãos de bem deste país.
Embora tenha nascido em Varginha, Sul de Minas, a 18 de abril de 1923, José Curti se fez paraisense de coração. Passou certo tempo em São Paulo, mas retornou para São Sebastião do Paraíso. Tinha orgulho em expressar sua admiração pela cidade, onde passou toda a vida, trabalhou como pintor de automóveis, constituiu família e deixou seu nome no pavilhão dos bravos expedicionários. Filho de Archimedes Curti e Maria Baratti, José Curti ou Zinho, como era mais conhecido, casou-se com Amélia Alves Curti, sendo o casal agraciado com os filhos Luiz Wagner (falecido), Marcio e Rosa. Alguns anos depois de participar da guerra, foi reformado pelo Exército Brasileiro, na condição de 2º Sargento e faleceu com a patente de 2º Tenente.
Ao serem convocados, os paraisenses seguiram para um quartel de São João Del Rei, MG, onde receberam instruções militares e condicionamento físico. Ao chegar na Itália, em região já sob domínio de tropas dos Estados Unidos, houve uma segunda fase de preparação. Assim teve início a participação na guerra. Ficou na história a participação de expedicionários paraisenses na tomada de Monte Castelo, um dos mais importantes eventos que contou a participação decisiva das tropas brasileiras. José Curti preservou a memória de que, na hora do almoço, quando os soldados podiam se servirem à vontade nos bandei-jões de um restaurante militar, os pracinhas paraisenses retornavam à fila para pegar mais comida, com a finalidade nobre de distribui-la para italianos que aguardavam o generoso gesto para amenizar o sofrimento daqueles dias.
Além das honras oficiais recebidas por José Curti, tal como a atribuição de seu nome a uma rua da cidade, e pelos demais paraisenses que lutaram na grande guerra, esse retorno apenas confirma a presença intensa deles na história local e global. Por esse motivo, seus nomes estão no pavilhão de honra da pátria e no coração de seus conterrâneos. Cada um, ao ser convocado, respondeu Presente! Ontem, na dureza da guerra e, hoje, todos permanecem na história da cidade.
Assim, podemos repetir a mesma chamada, neste momento difícil em que o país e mundo atravessa essa grande pandemia: Afonso Carlos Prado. Presente! Alexandre Spósito. Presente! Carlos Delfante. Presente! Dario Salles Naves. Presente! Geraldo Caetano Pimenta. Presente! Geraldo Giubilei. Presente! Hercílio Revelino. Presente! Joaquim Antônio Dimas. Presente! José Colombarolli. Presente! José Curti. Presente! José Ferreira dos Reis. Presente! José Fioravanti. Presente! José Silvério da Silva. Presente! Pedro Bra-ghini. Presente! Sebastião Pimenta Gonçalves. Presente! Sebastião Souza Vieira. Presente! Vivaldo Gonçalves do Nascimento. Presente! A todos, nossas reverências em nome da história da querida terra natal.