A Fórmula 1 está em casa, na Inglaterra, para duas corridas seguidas em Silverstone, onde tudo começou em 1950 e já se vão 70 anos de história da principal categoria do automobilismo mundial. Pela necessidade de realizar dois GPs na mesma pista, como na Áustria, o deste final de semana leva o nome de GP da Inglaterra, e o do final de semana seguinte “GP 70 anos”, em homenagem a idade do Campeonato Mundial.
E se a Mercedes ‘sobrou’ nas três etapas disputadas até aqui, Áustria e Hungria, onde era esperado maior aproximação da Red Bull, há de se temer que em condições normais o estrago da equipe de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas seja ainda maior numa pista veloz cujas características caem como uma luva para o equilibrado modelo W11 da Mercedes.
Mas ainda está na pauta da imprensa o cancelamento das provas que estavam programadas para as Américas: os GPs do Canadá, Estados Unidos, México e Brasil. O Canadá por questões logísticas e climáticas de outubro em diante na região de Montreal. As demais foram canceladas por conta da pandemia.
Além dos três países estarem longe do controle de infecções do coronavírus, ainda tem a questão financeira que pesou nos cofres da Liberty Media, dona dos direitos comerciais da Fórmula 1, o que torna mais viável realizar a maioria das corridas na Europa neste momento de crise.
O cancelamento do GP do Brasil não foi nenhuma surpresa. Eu já vinha alertando em minhas redes sociais que tinha que ser muito otimista acreditar que a F1 viria este ano para Interlagos. A crise na saúde pública num país que atravessa a onda como flecha sem pena, muito por conta da vaidade e maus exemplos de quem deveria ser o espelho para a nação, mais os imbróglios entre promotores do GP do Brasil X Liberty Media, davam a senha para o desfecho do cancelamento: “motivo de força maior”, alegado pelos homens que comandam a F1.
A categoria segue com o propósito de realizar entre 15 e 18 provas, e tudo indica que vai alcançar a meta. Treze etapas já estão confirmadas e em breve deve ser oficializado dois GPs no Bahrein e o encerramento da temporada em Abu Dhabi. Só aí já seriam 16.
Mas vai ser interessante acompanhar como será resolvido o futuro do GP do Brasil, ou se terá futuro já que este era o último ano de contrato entre a prefeitura de São Paulo e a F1, e o fato de a prova ser cancelada por motivos de força maior, desobriga a F1 de adiar o evento para o ano que vem.
Brasil e Mônaco são os únicos países que não pagam as taxas que a F1 cobra dos promotores para realizar a corrida. Mônaco por seu valor histórico, e Interlagos graças a um acordo entre Tamas Rohonyi, promotor do GP do Brasil, e Bernie Ecclestone antes de vender a categoria para a Liberty Media. E essa ligação entre Rohonyi e o ex-chefão da categoria intriga os atuais donos da F1.
A Liberty tem nas mãos o trunfo do Rio de Janeiro, e sou capaz de apostar que eles estão carecas de saber que o Rio não tem condições de realizar a corrida em 2021 - nem autódromo tem e é difícil acreditar que terá -, mas vão usar essa carta na manga para pressionar os promotores e a prefeitura paulistana a pagar os U$S 35 milhões por ano, valor médio cobrado dos GPs fora da Europa. A primeira proposta de US$ 25 milhões não foi aceita.
É hora de os envolvidos arregaçarem as mangas e buscar um novo acordo que garante a continuidade do GP do Brasil, lembrando que se a prova for para o Rio de Janeiro, em pouco tempo a F1 irá de vez embora do Brasil e nem é preciso ter bola de cristal para prever que o Rio não tem condições de abrigar a etapa brasileira.
Teste positivo
Sergio Pérez testou positivo para o Covid-19 e está cumprindo quarentena. Nico Hulkenberg, dispensado pela Renault no ano passado e que está sem equipe, substitui o mexicano na Racing Point nas duas corridas da Inglaterra.