A chegada de um bebê ao seio familiar é sempre precedida de muitos cuidados que envolvem, principalmente, a gestante, e aquele pequeno ser que vai passar a ser o centro das atenções. É a vida que brota da vida. Na Santa Casa de Misericórdia, em São Sebastião do Paraíso, tem sido cada vez mais comum o uso da expressão "parto humanizado" para definir como será aquela hora em que tudo se transforma, e literalmente a mamãe dá a luz ao filho. "É um trabalho entre ela e o neném, uma sincronia entre os dois e quando termina todo o processo elas estão cheias de alegria", define Thássia da Silva Dias, enfermeira na Maternidade Pediátrica.
Há cerca de cinco anos a Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso iniciou o trabalho em parceria com a Rede Cegonha e passou a utilizar um planejamento adotado pelo Governo do Estado que incentiva as maternidades para incentivar o parto normal e o aleitamento materno. Com a adoção do programa o hospital passou a oferecer apoio às gestantes. "Fazemos o acompanhamento na recepção, com o protocolo de Manchester, que dá o primeiro atendimento, onde é feita a triagem de acordo com as necessidades de dor e os sintomas delas", explica Thássia.
A Santa Casa tem uma equipe multidisciplinar de serviço social que fica na recepção e acompanha a gestante no tempo em que ela aguarda pelo atendimento conforme o Protocolo de Manchester. "Há toda uma interligação envolvendo os setores como a Maternidade, Serviço Social e a Sala de Emergências, para que se agilize o atendimento", comenta a enfermeira da Maternidade Pediátrica.
A futura mamãe é recepci-onada e acolhida pela equipe, muitas vezes já em trabalho de parto. "Aqui é auscultado o coração do bebê, olhamos a pressão da mãe para verificar se está tudo tranquilo e é feito o exame ginecológico para saber se a criança está por nascer ou não", detalha. Não sendo a hora, a instrução é que se retorne para casa e aguarde novos sinais.
Se a mulher está na condição de parturiente ela é acomodada na Sala de Pré-parto, onde é acolhida e aguardará para ter o bebê. "Temos uma equipe de enfermeiras, técnicas em enfermagem e o médico obstetra para o acompanhamento de todo o trabalho. São oferecidas atividades com a bola de pilates, banho quente para aliviar as dores e temos ainda a banqueta que é usada no parto humanitário, que oferece um jeito mais simples e natural de trazer o bebê ao mundo", descreve Thássia.
É este atendimento diferenciado que mudou o conceito da maioria das mamães e tem feito com que a escolha pelo parto humanizado tenha sido a opção da maioria das gestantes na hora do parto. Este é o propósito do trabalho adotado para que se tenha um parto natural e sem muita intervenção médica. "Aqui na Santa Casa todas as enfermeiras são capacitadas para fazer parto, trabalhamos com uma equipe muito grande para auxiliar a futura mamãe. Há casos em que até mesmo o acompanhante é estimulado a ajudar, fazendo massagens nas costas para aliviar as tensões", cita.
No entanto, o jeito em que o parto será realizado, se através do parto humanizado na cama, ou se ela vai querer ir para a sala de parto é uma decisão da gestante. "A equipe que acompanha e faz a assistência na hora do parto é a mesma no pré-parto e na sala de parto. Priorizamos para que o bebê nasça da forma mais natural possível", descreve a enfermeira. Contudo, toda equipe composta pelos médicos obstetra, pediatra e as equipes de enfermagens estará de prontidão para qualquer eventualidade.
Conforme Thássia Dias a Santa Casa está buscando resgatar alguns valores que foram perdidos ao longo do tempo e com os diferentes conceitos e técnicas adotadas pela sociedade, principalmente pelas mulheres parturientes. "Hoje em dia ainda existem muitas futuras mães que pensam ser o parto normal, um bicho de sete cabeças. Elas chegam e já querem vir direto para fazer a cesária. A Santa Casa está buscando cada vez mais e tem conseguido com sucesso, aperfeiçoar todas as técnicas e o comprometimento da equipe para oferecer para a mãe uma nova visão, de amor, que parto normal é legal e ocorre com naturalidade", comenta.
O trabalho de convencimento vem ocorrendo no dia a dia do hospital e tem apresentado resultados positivos em termos de adesão e aceitabili-dade. "Buscamos ao longo dos dias mudar a visão delas para isso mesmo. Para saberem que o parto normal é uma coisa comum, é algo normal, que elas vão passar e depois vão nos agradecer pelo incentivo que é oferecido. Trabalhamos para mudar esta mentalidade que antes era só voltada para a cesária", completa Thassia.
Após o parto é feito o acolhimento do bebê, a mãe também é novamente recebida na maternidade e o bebê fica com ela até a alta. "Ele sai da maternidade com todas as primeiras vacinas já tomadas, a mãe sai amamentando daqui é um trabalho bem humanizado mesmo", ressalta.
Nova realidade
Carla Mariana de Paula enfermeira no Centro Obstétrico da Santa Casa de Paraíso detalha que a mudança de hábito tem ocorrido à medida em que a prestação do serviço vem sendo aprimorado, e tem se tornado mais conhecido. "Que o processo de parto é doloroso, não podemos omitir isso das mães. Tentamos minimizar o máximo possível ofertando o maior conforto para elas, através dos acessórios, como foi falado, que são meios não farmacológicos utilizados com elas", acrescenta.
Ela enfatiza que chega certo ponto em que as contrações não dão trégua, então elas pedem a cesária. "É neste momento em que uma palavra de apoio, conforto e carinho vai ser essencial e fará toda a diferença", destaca. "Segurarmos na mão da gestante para apoiá-la. É gratificante porque quem faz o trabalho são elas nós estamos ali apenas como apoio e o carinho que elas recebem muito bem". Avaliações são feitas a cada meia hora, "se precisar algo neste intervalo é só chamar que estamos prontas a atender".
"Gratidão é a palavra que responde ao sentimento que fica com as mães e expressado por elas após cada parto. "Assim que a criança nasce elas enchem os olhos de lágrimas porque é muito incrível o parto normal. Ela é guerreira e protagonista da história, é um trabalho entre ela e o neném uma sincronia entre os dois quando termina todo o processo elas estão cheias de alegria".
Desta forma na avaliação das profissionais de enfermagem a aceitação entre gestantes mais novas e as mais maduras se equiparam. As mais novas até fazem pesquisas sobre o assunto e chegam ao hospital com informações e detalhes sobre o serviço que será oferecido. "Todas são todas bem orientadas aqui, o que prevalece é o respeito pela vontade e escolha de cada uma", frisa Carla. Assim existem trabalhos de partos sendo realizados ao som de uma música relaxante, uma luz suave. "Propiciamos um ambiente aconchegante, que ajuda a eliminar os traumas e por isso as aceitações e adesões ao parto humanizado têm sido crescentes", assegura.
São realizados, em média, quatro partos por dia e a maioria já acontece na forma do novo conceito. O parto normal pode até ser demorado, mas não deixa de ser humanizado. "O procedimento é assim mesmo, varia de caso a caso. Isto faz parte do cotidiano da nossa maternidade. Seguimos protocolos da OMS, Rede Cegonha", reforça Carla. Com isso a Maternidade da Santa Casa de Paraíso tem se tornado referência na Macrorregião e Microrregião, com atendimento a mulheres de Jacuí, São Tomás de Aquino, Itamogi, Monte Santo de Minas, dentre outros municípios, completa Thássia.
Ela destaca que o nascimento acontece na hora em que o bebê está pronto. Se for preciso uma intervenção o Centro cirúrgico estará preparado e será feito. "O trabalho de parto leva tempo para ocorrer de forma natural. Tem o tempo de contração, de dilatação e às vezes a gestante, a futura mamãe fica tão ansiosa de ficar 12, 18 e as vezes 24 horas. O importante é que está sendo respeitado o organismo daquela mulher e cada uma tem sua característica, umas são mais rápidas e outras não", diz Carla Mariana.
O bem estar da mãe e do filho é observado o tempo todo, às vezes se torna cansativo, mas estamos ali no apoio, todos os dias oferecendo amor, carinho e atenção. "Seremos lembradas de termos participado do dia do parto, do nascimento do bebê, daquela alegria e momento tão especial", completa Thaíssa.