POLEPOSITION

Tópicos de Monza

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 05-09-2020 21:29 | 1003
Ferrari chega a Monza ‘vermelha’, mas de vergonha pelo péssimo desempenho da semana passada
Ferrari chega a Monza ‘vermelha’, mas de vergonha pelo péssimo desempenho da semana passada Foto: F1

A F1 chega a Monza com a Ferrari vermelha de vergonha pelo vexame que passou no último domingo, e sem o clima festivo dos italianos. Mas vivemos num 2020 diferente e no próximo final de semana teremos outra corrida na Itália, quando a Ferrari estará comemorando o seu milésimo GP. Por conta desta sequência, a Pole Position ganha formato diferente, abordando alguns dos principais tópicos de Monza.

Santuário do automobilismo
Monza é local de peregrinação de todos os fãs de automobilismo e principalmente dos fanáticos torcedores da Ferrari. “Nenhum piloto será grande se não vencer em Monza”, é uma máxima que se costuma dizer no paddock da F1. A tradicional invasão de pista depois da bandeirada dará lugar a um estranho vazio por causa da pandemia. Não sei nem dizer se é sorte da Ferrari para amenizar a pressão que recai sobre a equipe em crise e vindo de uma pífia apresentação na Bélgica, ou se a sorte é dos tifosi não terem o dissabor de ver diante dos olhos outro fracasso da equipe amada. Mas para não dizer que Monza estará às moscas, a Ferrari convidou 250 pessoas entre médicos e enfermeiros em homenagem a esses heróis da saúde em tempos de pandemia. 

Na prática, o GP da Itália é o primeiro de 2020 a receber público, ainda que uma insignificante fração do público que normalmente lota o autódromo no final de semana.

O traçado de Monza não é dos mais complicados, composto por retas intercaladas por três chicanes e curvas de alta velocidade. A pista é a mais veloz do campeonato com 76% de aceleração plena, mas que proporciona elevado desgaste dos freios com a temperatura dos discos chegando perto dos 1000ºC. Apesar de ser fácil ultrapassar em Monza, o pole venceu 15 das últimas 20 edições do GP da Itália. 

O que esperar da Ferrari
É a pergunta que não quer calar depois que a equipe amargou uma das piores corridas de sua história na era moderna da F1 no final de semana passado. Em momento algum Vettel ou Leclerc estiveram em condição de pontuar em Spa-Francorchamps. Eles escaparam por pouco de serem eliminados no Q1, a primeira parte do treino de classificação, largaram e terminaram o GP da Bélgica da 13ª e 14ª posições respectivamente, brigando o tempo todo com Williams, Haas e Alfa Romeo, as piores equipes do campeonato, e Vettel ainda tomou duas ultrapassagens de Kimi Raikkonen durante a corrida. 

A equação não é difícil de entender. Para compensar a falta de potência do motor, a única saída para a Ferrari no veloz e seletivo circuito de Spa foi tirar o máximo de asa, mas isso deixava os carros sem aderência nas curvas, e some se a isso o fato de o modelo SF1000 ser o que mais sofre com a resistência do ar e os pilotos nunca conseguiram colocar os pneus na temperatura ideal de funcionamento.

Para Monza é possível que a Ferrari possa andar um pouco melhor do que na Bélgica pelas características do traçado serem menos exigentes das de Spa, o que pode melhorar a estabilidade de seus carros nas curvas, e o próprio vácuo de quem vai a frente tende a tornar o trabalho de Vettel e Leclerc menos dramático do que foi na Bélgica. Eu espero um desempenho da Ferrari não tão ruim como o da semana passada, mas também não dá para esperar mágica com um carro que gera muito arrasto aerodinâmico e com pouca resposta de potência do motor numa pista veloz. Se Vettel ou Leclerc pontuar, já estará no lucro.

O ápice como piloto
Lewis Hamilton caminha passos largos para ser absoluto em números na F1. Com 89 vitórias, ele está a duas de igualar o recorde de Michael Schumacher. Se vencer amanhã - e ele é o favorito - se tornará o maior vencedor do GP da Itália, com 6 vitórias, deixando Schumacher com 5. E o título já é quase certo e será o 7º, igual ao alemão. 

Hamilton atingiu o ápice como piloto. Sua capacidade vai muito além da vantagem de ter o melhor carro nas mãos. Na Bélgica ele fez a pole com meio segundo de vantagem para o companheiro de equipe e depois de vencer a prova disse que “eu queria muito ver mais disputa, mas não depende de mim. Só tenho que continuar o que estou fazendo”. Na minha lista ele já está entre os três maiores de todos os tempos.