Esta crônica reverencia a memória e registra momentos da trajetória de Geraldo Froes, conhecido político paraisense em meados do século XX. De ascendência portuguesa, seus familiares moraram inicialmente na Bahia e depois no Norte de Minas. Seu pai fixou residência em São Sebastião do Paraíso, Sudoeste Mineiro, na fase áurea da economia cafeeira, no início do referido século. Natural dessa cidade, Geraldo Froes nasceu a 19 de outubro de 1916, filho de Hermínia Braghini Froes e Sebastião do Carmo Froes. Casou-se com Zoraide Cosini Froes, sendo o casal agraciado com os filhos Ronaldo e Maria da Glória. Na década de 1930, ganhava a vida como mecânico de automóveis e caminhões, sendo empresário desse mesmo setor, proprietário de uma das primeiras oficinas da cidade. Teve sua competência profissional amplamente reconhecida em toda a região, na execução de serviços gerais e manutenção de motores das diferentes marcas da época, todas ainda importadas.
Conforme foi publicado em diferentes jornais do Rio de Janeiro, na extração da Loteria Federal de 2 de setembro de 1939, Geraldo Froes foi agraciado pela sorte ganhando nada menos do que o primeiro prêmio da Loteria Federal, o valor de dois mil contos de reis, divido com seu sócio na compra do bilhete, o motorista de caminhão Ti-bério Pereira. Estava iniciando a Segunda Guerra Mundial e uma terrível crise financeira abalou a economia nacional, reduzindo a baixíssimos índices a exportação de café, principal fonte de riqueza do município de São Sebastião do Paraíso. Importar peças e gasolina para os automóveis da época ficou praticamente inviável.
Em meados da década de 1940, Geraldo Froes era sócio da firma Guidi, Froes e Cia, empresa fabricante do gasogênio, equipamento produtor de gás combustível usado para alimentar motores de combustão interna. Na falta de combustíveis de melhor rentabilidade para os automóveis da época, o mencionado equipamento, geralmente alimentado com madeira e carvão, foi a opção possível para substituir o consumo de gasolina que se tornou um produto caríssimo e muito difícil de comprar.
No jornal paraisense O Cruzeiro do Sul, fundado pelo jornalista João Borges de Moura, em 6 de fevereiro de 1944, foi publicado um anúncio do “Gasogênio Froes”, redigido nos seguintes termos: “O orgulho da indústria brasileira, eficiente, econômico e elegante.” Esse foi um momento especial na história do Brasil, no sentido de permitir que alguns cidadãos mais arrojados, visualizassem boas oportunidades de negócio, diante da crise econômica e financeira decorrente do conflito bélico mundial.
Geraldo Froes tinha amplos conhecimentos de mecânica, inclusive fazia serviço de manutenção em motores dos pequenos aviões “paulistinhas” que começavam a ser fabricados no Brasil. Nesse sentido, foi hábil aviador e um dos fundadores do aeroclube da cidade, participando da diretoria da instituição, que em 1942, estava sob a direção de Luis Pimenta Neves e do professor Carmo Perrone Naves. No campo político, foi presidente do diretório local da União Democrática Nacional, vereador, vice-presidente da Câmara Municipal, vice-prefeito na administração de Luis Pimenta Neves, entre 1947 e 1951. Em seguida, foi eleito prefeito e cumpriu mandato de quatro anos concluído em 31 de janeiro de 1955. Foi ainda presidente da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais, diretor do Tiro de Guerra e candidato a deputado estadual.