O aumento das temperaturas nos últimos dias tem preocupado especialistas quanto a saúde da pessoa idosa. Isso porque, com o envelhecimento, o sistema nervoso central diminui os estímulos nervosos que são responsáveis pela sensação de sede e controle da urina, o que pode levar o idoso à desidratação. O Jornal do Sudoeste entrevistou a fisioterapeuta, especialista em geriatria, Natália Moreira, ouvindo-a sobre o que deve ser feito para lidar com a situação que estamos vivendo.
De acordo com a especialista, neste período excessivo de calor, os cuidados com a pessoa idosa devem ser redobrados, uma vez que com o avanço da idade, nosso sistema nervoso central perde algumas capacidades essenciais para a nossa sobrevivência, entre elas a sede e o controle da urina. “Isso faz com que os idosos bebam pouca água e urinem com bastante frequência, é quando ocorre a desidratação, uma vez que há também a perda de muitos sais minerais. É um distúrbio comum ao envelhecimento”, explica.
Há também outros fatores importantes a se considerar em relação à desidratação. Conforme Natália, a capacidade de regulação da temperatura dos idosos é menor, além disto por ser menos ativo há também menos transpiração, sendo este um fator importante para ajudar na regulação da temperatura do corpo. Somando a este problema, já também o menor índice de água no organismo.
“Com calor excessivo, o corpo não consegue esfriar. Um adulto normal o corpo é composto de 60% de água, já o idoso é só 40%. Esse idoso já tem pouca água no organismo, não ingere porque não sente sede, e não transpira. Diante disto, o idoso pode sentir tontura, pode ter queda de pressão, o que pode leva-lo a perder o equilíbrio do corpo e cair, causando fraturas, além de sofrer confusão mental, principalmente o idoso acamado. Assim, podemos ver como a hidratação é importante para esse idoso”, destaca.
A fisioterapeuta chama atenção ainda para àqueles idosos que têm hipertensão e fazem o uso de diuréticos, que aumenta ainda mais a eliminação dos líquidos por meio da urina. De acordo com a especialista, isto é normal para a idade, mas é preciso ter cuidado. Ela destaca que em relação ao sistema circulatório, é comum o inchaço das pernas, o que pode ser amenizado com o uso das meias de compressão e o repouso elevado das pernas.
Natália lembra que a questão respiratória acaba sendo, também, a mais importante de todas as questões, mesmo que o idoso não apresente nenhum tipo de problema. “Com o tempo seco, as queimadas e esses resíduos que ficam no ar, é importante deixar essas pessoas idosas sentadas, uma vez que o pulmão ventila melhor esse ar, principalmente àqueles que são acamados. É importante deixá-los sempre em ambientes ventilados, porque é comum o idoso gostar de ambiente fechado. A utilização de umidificador também é bem-vinda, mas é preciso tomar cuidado para não deixar o ambiente muito úmido e gerar a proliferação de fungos. Quem não tem esse equipamento, pode colocar uma bacia com água debaixo da cama, ou uma toalha úmida em local próximo. É importantíssimo que mantenham esse idoso em movimento”, explica.
A fisioterapeuta chama atenção também para os cuidados com a alimentação do idoso e volta a afirmar a importância de sempre oferecer água, uma vez que ele não sente tanta sede. “Principalmente para àqueles que têm Alzheimer, que não têm muita noção das coisas. Sobre a alimentação, é importante evitar bebidas que contenham cafeína, uma vez que também induz a desidratação. Evitar alimentação muito calórica também é recomendado. Outra dica é, se o idoso estiver reclamando do calor, além dos cuidados com a desidratação, com alimentos como água de coco, melancia, além de água propriamente dita, uma dica importante é colocar um pano úmido no pulso e atrás do pescoço, que ajuda a diminuir a temperatura corporal”, acrescenta.
COVID-19
A especialista lembra que, diante da atual pandemia, os idosos são os que mais precisam ser cuidados. Nas orientações, ela lembra a importância das medidas de segurança, como uso de máscara, álcool em gel, e troca das vestimentas caso tenha sido exposto em espaços não esterilizados. “Quem cuida do idoso, ao chegar para tomar conta dessas pessoas, é trocar de roupa e deixa os sapatos do lado de fora da casa, e não esquecer da máscara. Também é importante higienizar tudo o que vem de fora”, alerta.
Àqueles idosos que são mais ativos, ela orienta para que procurem evitar espaços de aglomeração e, se possível, respeitar o isolamento social. “Não é trancar o idoso, isso pode gerar outros problemas. Às vezes esse idoso precisa fazer tratamentos fora de casa, é preciso buscar meios para que se reduza os riscos de infecção por essa doença. Uma dica é levar o idoso para passear de carro, para ele ver a paisagem e respirar um pouco de ar puro”, acrescenta.
Outra questão importante, conforme destaca a fisioterapeuta, é não isolar o idoso para preservá-lo. “Eles sentem muito essa falta, e não entendem a gravidade da situação. O contato pode ser evitado, mas só de ver os netos, por exemplo, reduz essa sensação de abandono”, completa.