A palavra é de prata, já o silêncio é de ouro. Ou o bom silêncio vale mais do que a má pergunta. Ainda, na companhia de gente estranha, o silêncio é prudente. E as mentiras mais cruéis são geralmente pronunciadas no silêncio. Enfim, após provérbios e citações, será que sabemos lidar com o silêncio?
Tantas vezes no nosso dia-a-dia temos a oportunidade de reparar que não nos é permitido parar ou sentir um pouco do que é a tranquilidade. Vivemos num mundo com barulho, correrias, violências, pessoas agitadas e com os nervos à flor da pele. E, com isso, criamos uma distância de nós mesmos, perdendo o espaço para a contemplação, a meditação e a reflexão.
Já o tradutor oficial da corte inglesa, o poliglota Giovanni Florio, versado, ao mesmo tempo, em latim, italiano, alemão, francês, espanhol e inglês, melhor do que qualquer outro da sua época, sustentava que para “interpretar corretamente o silêncio era necessário conhecer bem a língua de um homem” Ele, dentre muitos, era quem mais admiração recebia de Elizabeth I por suas “traduções” introspectivas, pelo “fumus” (fumaça) que captava do não dito.
A palavra é um ato de criação, uma magia. Faz surgir, do nada, sentimentos, circunstâncias. A palavra certa, no momento certo, pode iluminar o caminho, abrir a porta de um ambiente. Pode também entristecer, aterrorizar. Mas, cuidado: “para compreender o ânimo de um homem, é preciso escutar como ele fala. Sabe, a maioria das coisas fica sem ser dita, nas entrelinhas. Todavia, a parte não dita é a mais importante, pois se refere ao que foi dito e fixa o sentido da verdade”.
Fernando de Miranda Jorge – Acadêmico Correspondente da APC
Jacuí/MG – e-mail: fmjor31@gmail.com