A longa viagem de Portimão (Portugal) a Ímola para a terceira prova da F1 em território italiano está sendo um teste para a categoria experimentar o formato de final de semana sem os treinos livres da sexta-feira como alternativa para inserir mais corridas ao calendário dos próximos anos.
E enquanto escrevo a coluna, ainda com a corrida de domingo passado na cabeça, me chama atenção a estatística de que Lewis Hamilton está apenas 9 vitórias de conquistar, sozinho, o mesmo número de vitórias que o Brasil tem na F1: 101 (41 de Senna, 23 de Piquet, 14 de Emerson Fittipaldi, 11 de Barrichello, 11 de Massa e uma de José Carlos Pace).
O 92º triunfo de Hamilton, que faz dele o maior vencedor da história da F1, veio com outra estatística curiosa: a soma das vitórias de Alain Prost (51) e Ayrton Senna (41).
Hamilton é um piloto fenomenal, e não cabe aqui dizer que o adjetivo não é valido porque ele tem o melhor carro. Sim, desde 2014, Lewis desfruta do melhor carro da F1, a Mercedes, mas também ganhou corridas quando não tinha o melhor equipamento nos tempos de McLaren. E na própria Mercedes já virou o jogo várias vezes quando estava em desvantagem.
No treino para o GP de Portugal ele deu um nó estratégico em Valtteri Bottas para conquistar a 97ª pole da carreira, e na corrida, depois de perder rendimento com os pneus que demoraram para aquecer, ele teve a calma para dar o bote certeiro e assumir a liderança com uma ultrapassagem sobre Bottas que ficou sem entender de onde vinha o rendimento do carro de Hamilton, e para onde havia ido o de seu próprio carro, idêntico ao do companheiro de equipe.
Somos testemunhas oculares de um momento mágico do esporte e vejo isso como privilégio, assim como fui/fomos agraciados pela oportunidade de ver Senna, Schumacher e tantos outros que ajudaram forjar a história da F1.
Talvez Hamilton vença também em Ímola onde seu ídolo, Ayrton Senna, perdeu a vida em 94 - a pista ficou fora da F1 desde 2006 e é mais uma das que foram inseridas ao calendário revisado por causa da pandemia – e amplie para 29 o número (recorde) de pistas diferentes em que venceu.
E por falar em pista, que incrível é o Circuito de Algarve, em Portimão, que resgatou o GP de Portugal que não era disputado desde 1996. E a gente que vive comentando a largada de Ayrton Senna em Donington Park, em 1993, como uma das melhores primeira volta de todos os tempos, as largadas de Carlos Sainz, de 7º para 2º, e mais ainda de Kimi Raikkonen, de 16º para 6º no complemento da primeira volta, vão entrar nas rodas de discussões sobre de quem é a melhor largada de todos os tempos da F1.
Tudo bem que Senna venceu de forma magistral aquela corrida com chuva, e as carruagens de Sainz (McLaren) e Alfa Romeo de Raikkonen viraram abóbora, mas a primeira volta de cada um deles, em Portugal, já tem lugar garantido no clip de final de temporada.
Este será o 28º GP de F1 em Ímola, agora denominado GP da Emilia Romagna, e a Mercedes que nunca correu nesta pista pode carimbar o sétimo título consecutivo de Construtores se somar 11 pontos a mais que a Red Bull, o que será mais um recorde inédito na história de sucesso desta fantástica equipe que desempata com a Ferrari e torna-se a única a vencer tantos títulos consecutivos.