CRÔNICA HISTÓRICA

Capela Nossa Senhora Abadia

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cultura | 09-12-2020 08:37 | 8622
Igreja Nossa Senhora Abadia São Sebastião do Paraíso
Igreja Nossa Senhora Abadia São Sebastião do Paraíso Foto: Antônio Aparecido de Paula

No dia 24 de setembro de 1884, o bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, assinou a autorização para a construção da Capela Nossa Senhora Abadia, em São Sebastião do Paraíso, Sudoeste Mineiro. Assim, nos últimos anos do Império, começava a história da atual paróquia localizada nos altos da Mocoquinha, tradicional bairro da mesma cidade. Naquele tempo, muito antes da criação dos bispados de Guaxupé e de Pouso Alegre, todas as igrejas dessa vasta região de Minas Gerais estavam vinculadas ao clero de São Paulo.

A construção e uma Capela reconhecida como templo oficial da Igreja, resultou da vontade dos próprios moradores do bairro, que decidiram recorrer às orientações do experiente cônego Thomaz de Affonseca e Silva, então pároco da Matriz local. Foi criada uma comissão para tomar as primeiras providências, composta por Manoel Gomes de Assunção, Francisco Rodrigues da Costa Gusmão, Quirino Joaquim Ferreira e José Bernardes da Silva. O pároco pediu aos interessados que escrevessem uma carta ao bispo, expressando a intenção de construir uma sólida capela consagrada a Nossa Senhora Abadia. A ideia não agradou alguns políticos locais, que entendiam ser mais prudente que todos os frequentassem a matriz sede da paróquia. Mas, o pároco, um sacerdote com ideias avançadas para o seu tempo, entendeu que diante do crescimento da cidade, seria pertinente atender ao pleito da população.

O bispo recomendou que a Capela fosse cons-truída em um terreno alto, sem umidade, afastado das casas particulares e distante de qualquer depósito de imundices, deixando um espaço livre em sua volta, suficiente para que os fiéis pudessem participar das procissões de costume. Foi nesse espaço que, quase um século depois, foi construída a pracinha existente no final da avenida Ângelo Calafiori ou da “Rua Mococa”, conforme denominação da época. O pároco foi autorizado benzer a pedra fundamental e organizar uma comissão para cuidar da construção de modo que a mesma fosse de material sólido e apropriado.

Três anos depois, foram obtidas as condições materiais para iniciar a construção do pequeno templo. No dia 1 de dezembro de 1887, às oito horas da manhã, o referido pároco celebrou uma missa campal e abençoou a pedra fundamental sobre a qual repousa um dos símbolos históricos da cidade. Para finalizar, a bela foto feita pelo conterrâneo Antônio Aparecido de Paula, tendo em vista o expressivo número visualizações na Gazeta Paraisense – página pública do Facebook - despertou a memória afetiva de centenas de moradores de São Sebastião do Paraíso. Desse modo, ao entrelaçar passado e presente a história escrita tem o propósito de iluminar as escolhas do nosso tempo e assim para preservar o legado deixado pelas gerações que nos precederam.