Uma comissão mista composta por representante da Prefeitura, Câmara de Vereadores, escolas privadas e públicas, sindicato e da 35ª Superintendência Regional de Ensino, será formada em São Sebastião do Paraíso para avaliar as condições para o retorno das aulas presenciais em 2021. Este foi o resultado da Audiência Pública ocorrida na quarta-feira,16, na Câmara Municipal que teve mais de três horas de debates. Durante o evento foram realizados vários pronunciamentos a favor e contra a retomada das atividades escolares.
Na Sessão Ordinária do dia 7 de dezembro, representantes de um grupo de pais de alunos da rede privada se manifestaram na Tribuna Livre reivindicando o retorno das aulas presenciais a partir do ano que vem, de forma optativa. No auditório, pessoas vestindo roupas amarelas representavam o movimento “Lugar de Criança é na Escola”. A realização da audiência atendeu a um requerimento do vereador Sérgio Aparecido Gomes que defendeu a abertura de espaço para que o Legislativo ouça todos os lados. “É importante ampliarmos o debate porque existem muitas situações a serem analisadas e temos realidades diferentes entre a escola pública e a privada, é preciso que todos tenham o mesmo tratamento”, observou.
Na abertura dos trabalhos na noite de quarta-feira,16, na Câmara, o presidente da casa Lisandro Monteiro salientou sobre a importância da audiência. “É uma reunião pública onde toda a comunidade é convidada a participar. É um instrumento do Legislativo destinado a debater assuntos e questões de interesse público relevante”, anunciou. Na oportunidade, o vereador e agora prefeito eleito Marcelo de Morais defendeu a criação de protocolos a serem adotados que possam permitir a retomada das aulas no município como um todo. “Começamos pelo debate amplo, participativo e com consenso, será assim na próxima gestão, vamos partir pelo diálogo em busca das soluções dos problemas que afligem a nossa comunidade”, disse.
Durante a audiência várias pessoas se revezaram na tribuna para se pronunciarem defendendo respectivamente seus pontos de vistas. O médico oftalmologista Carlos Stefanelli Heemann foi um dos primeiros a se manifestar. Ele apresentou dados sobre estudos sobre a Covid-19 e posicionou favorável à volta as aulas. De forma organizada representantes de escolas particulares também anunciaram a criação de protocolos já estabelecidos e que já estão prontos para reiniciarem as atividades escolares.
Por outro lado, em nome das escolas públicas municipais, a professora Regina Célia Nunes fez uma exposição com vários questionamentos, quando cobrou uma melhor avaliação para o setor. “Já existe um abismo muito grande entre o ensino privado e o público, então é preciso muito cuidado para que esta realidade se torne cada vez mais distante”, comenta. Ela citou exemplo de grande parte dos alunos da rede pública não terem computador, acesso a internet. “Muitos vão a escola para se alimentar, como vai trazer o lanche de casa”, indaga.
Além de professores, sindicalistas o encontro teve também a participação de pais e até um aluno da rede privada que também se manifestou a favor da volta às aulas. Cícero Barbosa da Silva, representante do sindicato dos trabalhadores da educação reforçou que o momento é de união de esforços. “Como foi dito não podemos tratar nenhum setor de forma diferente”, avaliou.
Davisom Scarano, diretor na Faculdade Libertas Integradas, citou que estudou em escola pública e faz questão que sua filha siga o mesmo caminho. “Sou a favor que tenhamos a segmentação com decisões específicas para cada setor, assim acredito que teremos menos desigualdades”, assegura.
O presidente do Sempre/Sudoeste, Rildo Domingos da Silva parabenizou as escolas particulares pela capacidade de se organizarem e estarem es-truturadas para a volta às aulas. “Vocês são um espelho para nós, já estão prontos”, comentou. No entanto, ele alerta que o problema envolve outros setores. “Existem os pais, os avós destas crianças com os quais elas terão contato, tem o aspecto da assistência social. O problema da pandemia envolve e afeta a todos e deve ser tratado com igualdade”, completa.
Já a diretora da 35ª Superintendência Regional de Ensino, Maisa Barreto, disse ter enviado aos vereadores toda a documentação e legislação do Estado que autoriza a volta as aulas desde setembro. No entanto, compete ao prefeito através de decreto fazer a autorização em cada município. “Na nossa região foi decidido pelo não retorno para ajudar a conter o avanço da doença”, diz. Maisa também assegurou que as escolas do estado têm recursos para fazer as adaptações para receber os alunos. Temos recursos para seguir os protocolos, com verba disponíveis para manutenção e custeio. Antes de vir para cá conferi o saldo década escola”, enfatizou.
Segundo a diretora da 35ª SRE a rede estadual de ensino possui cerca de sete mil alunos, enquanto que a municipal tem 6.500 estudantes. Ao término dos trabalhos o presidente Lisandro Monteiro confirmou que será criada uma comissão especial para continuar tratando do assunto. “Vamos reunir representantes de todos os setores e vamos dar sequência”, avalia. Ele salientou que todas sugestões serão acolhidas e que será importante a participação de representantes de todos os segmentos.