Enquanto a pandemia do coronavírus não dá tréguas, o automobilismo começa 2021 enfrentando cancelamentos e adiamentos na elaboração dos calendários desta temporada. A MotoGP já cancelou testes de pré-temporada na Malásia, Fórmula E e Indy adiaram a abertura de seus respectivos campeonatos, e com a F1 não está sendo diferente.
O GP da Austrália que abriria o campeonato no dia 21 de março, em Melbourne, precisou ser remanejado para o final da temporada e acabou desencadeando uma série de mudanças para acomodar (ainda) as 23 provas previstas.
O número recorde programado não é novidade, ano passado seriam 22 corridas, mas a pandemia forçou o cancelamento de 13 etapas e outras 8 que não estavam no programa tiveram que ser inseridas, totalizando 17 provas que foram disputadas num curto e apertado espaço de cinco meses.
Os atrasos, cancelamentos e inclusões resultaram num grande prejuízo para a Fórmula 1, seja por gastos que não estavam programados para realizar o campeonato, ou por valores que deixaram de ser arrecadados. E tudo isso tem reflexo no caixa de cada equipe - principalmente das menores - que consequentemente deixaram de receber considerável parte da distribuição de lucros arrecadados pela Liberty Media, dona dos direitos comerciais da categoria.
Por isso a F1 fará o possível para cumprir as 23 etapas e de preferência com a maioria das provas que faziam parte do calendário original divulgado em dezembro. Primeiro porque elas já têm contrato que garante os valores cobrados de cada promotor para a realização do evento; e segundo porque inserir novas provas que não têm contrato com a categoria reduz os lucros quando a própria Liberty Media não tem que ‘pagar’ para realizar a corrida, como foi o caso no ano passado.
A maior dúvida do momento é o que fazer com o GP da China que seria disputado em 11 de abril, mas os organizadores pedem para que a corrida seja realizada mais no final do campeonato. A China é um mercado importante para a F1 e todo o esforço será feito para encontrar um encaixe. O problema é que com o campeonato começando agora, no Bahrein, dia 28 de março, e não mais dia 21, na Austrália, a maioria das outras provas também sofreu alterações de datas e a última perna ficou apertada com três corridas seguidas: México, Estados Unidos e Brasil; na sequência Austrália em 15 dias, e depois os GPs da Arábia Saudita que estreia neste ano, e o encerramento em Abu Dhabi, dia 12 de dezembro.
O GP do Brasil foi antecipado de 14 para 7 de novembro. A etapa brasileira que oficialmente se chamará GP de São Paulo, embora confirmado, ainda tem alguns imbróglios a serem resolvidos como o cancelamento através de liminar judicial do contrato que a Prefeitura de São Paulo fechou com a Brasil Motorsport (sem licitação, conforme alguns meios de comunicação divulgaram). No momento, a única chance de o GP da China voltar a ser incluído seria com o cancelamento de alguma dessas provas, seja pela pandemia ou por motivos de força maior.
Há ainda a expectativa de que Portugal possa preencher a vaga de 2 de maio, única ainda em aberto. Portimão estreou ano passado e foi um dos GPs mais movimentados do campeonato. O GP de Imola, que também foi inserido na temporada passada, está confirmado na vaga que seria do primeiro GP do Vietnã que “saiu sem ter entrado” na F1.
Mas a boa notícia, e que deve agradar muita gente por aqui (este colunista, inclusive), é a possibilidade de os treinos e as corridas na Europa voltarem a ter início às 14h locais - 9h da manhã no Brasil. Treino e corrida às 10h como vem sendo matam as manhãs de sábado e domingo. E já é dado como certo as largadas voltarem a ser em hora redonda, e não mais quebrada (10h10min) como vinha sendo nos últimos três anos.