Tomei o título acima emprestado da jornalista, Nathalia de Vivo, que tem um canal interessante no YouTube (Elas na Pista) com conteúdo dedicado exclusivamente às mulheres que competem, ou trabalham no esporte a motor. É um momento importante este em que as mulheres vão rompendo barreiras e conquistando seus espaços com competência e dedicação num ambiente ainda dominado pelo sexo masculino, por vezes machista.
Já passou da hora de se varrer de uma vez por toda a exploração visual, por vezes sexual, da imagem feminina nos autódromos, e abrir as portas para que elas possam ser incluídas sem assédios ou preconceitos no esporte a motor. A F1 ainda tem feito pouco, mas deu um passo importante nesta direção quando aboliu o trabalho das Grid Girls em preservação à imagem feminina, e no ano passado adotou - ainda que de forma tímida - a campanha “We Race As One” (Corremos como um só), incentivada pelas lutas de Lewis Hamilton contra o racismo e em defesa da diversidade e inclusão no esporte.
E o bom de tudo isso é que as mulheres estão cada vez mais atuantes em busca de seus objetivos, seja como piloto ou em outras áreas que abrangem o universo do esporte a motor.
A semana foi recheada de boas notícias envolvendo elas nas pistas. A espanhola Maya Weug, de 16 anos, foi a vencedora da seletiva “Girls on Track” promovida pela Federação Internacional de Automobilismo que visa abrir portas para que uma mulher possa chegar à F1 a médio prazo. A escolhida entra para a Academia de Pilotos da Ferrari, e terá suporte na F4 italiana. Entre as quatro finalistas do concurso que reuniu 130 meninas de várias partes do mundo, havia duas brasileiras: Antonella Bassani e Julia Ayoub que têm se destacado no kartismo nacional e internaciol.
A experiente suíça, Simona de Silvestro, anunciou que estará de volta à F-Indy pela equipe Paretta Autosport, comandada pela norte-americana Beth Paretta, com suporte técnico da Penske para disputar as 500 Milhas de Indianápolis. Nesta corrida pela igualdade, a Indy tem se tornado mais praticante do que a F1. Simona já esteve na Indy entre 2010 e 2013, foi 2ª colocada na etapa de Houston/2013 e chegou a ser contratada como piloto de desenvolvimento da Sauber (atual Alfa Romeo) na F1.
A britânica Katherine Legge que sofreu múltiplas fraturas num grave acidente nos treinos para uma etapa do Europeu de Endurance, do ano passado, anunciou seu retorno às pistas formando parceria com a dinamarquesa Christina Nielsen nas 24 Horas de Daytona, do próximo final de semana. E o trio formado por Tatiana Calderon (COL), Beitske Visser (HOL) e Sophia Floersch (ALE) vai disputar a temporada completa do Mundial de Endurance (WEC) pela Richard Mille Racing.
Por aqui a boa notícia é a chegada de mais uma mulher na área técnica da Stock Car: Erika Prado, engenheira que vem fazendo carreira nas categorias de base do automobilismo nacional, cuidará da telemetria da Hot Car Competições, a primeira equipe brasileira comandada por uma mulher. Bárbara Rodrigues, assumiu o comando da equipe no final do ano passado, e tem planos de promover a inclusão e diversidade na equipe fundada por seu pai, Amadeu Rodrigues.
Tudo isso foi notícia nesta semana. São fatos e conquistas que abrem um leque de esperança por um futuro mais justo no esporte. Há muito a se fazer, o preconceito e os assédios ainda são males que atormentam a ética e a moral, mas as mentalidades vão mudando, o machismo vai perdendo força, e bandeiras como as que Hamilton levanta tendem a fazer com que essas fronteiras sejam desbravadas.
Da minha parte fica o aplauso, o reconhecimento e a torcida pelo sucesso de todas as que lutam por seus sonhos.