POLEPOSITION

Otimismo com moderação

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 21-02-2021 06:03 | 996
McLaren foi a primeira equipe a apresentar carro de 2021
McLaren foi a primeira equipe a apresentar carro de 2021 Foto: McLaren / Divulgação

A McLaren foi a primeira equipe a apresentar o novo carro desta temporada da F1. Novo em partes porque ano passado foi feito um acordo entre as equipes e a própria F1 para que os carros deste ano fossem os mesmos do ano passado, como forma de conter despesas por causa da pandemia, e também porque em 2022 haverá uma mudança radical no regulamento técnico e conceito dos carros que só foi adiado para o próximo ano por causa do coronavírus.

As mudanças para 2021 são poucas. De destaque, a redução em 10% da pressão aerodinâmica por conta de a Pirelli continuar usando a mesma especificação de seus pneus desde 2019, e para evitar que estouros, como os que aconteceram em Silverstone, a redução da força que empurra os carros contra o solo, gerando mais aderência, e consequentemente maior velocidade em curvas, é uma forma de aumentar a segurança.

No caso da McLaren, as pequenas mudanças que as equipes estão fazendo em seus carros, principalmente no chassi, vão muito além de uma simples alteração. A equipe teve que gastar de uma só vez todas as alterações (chamadas fichas) que o modelo MCL35M teria direito durante o ano para deixar o chassi o mais próximo possível do que seria um projeto novo para receber o motor Mercedes.

Nas duas últimas temporadas a McLaren correu com as ‘unidades de potência’ – como são chamados os atuais motores da F1 - da Renault, e a partir deste ano volta para os Mercedes, agora na condição de cliente. De 94 a 2014 a equipe inglesa formou uma das parcerias mais longevas da história da F1, que rendeu os títulos de pilotos de 98, 99 e 2008, e o de Construtores em 2008. Foram 351 GPs com 78 vitórias e 76 pole positions. O casamento entrou em crise depois que a Mercedes passou a competir também como equipe própria.

Desta vez a McLaren não terá as regalias que tinha antes, mas a equipe está otimista pela evolução que vem tendo desde o pesadelo que viveu no fracasso com a Honda entre 2015 e 2017, e conta agora com Daniel Ricciardo que deixou a Renault para ocupar a vaga que era de Carlos Sainz, que foi para a Ferrari. Ao lado de Lando Norris, a McLaren tem uma dupla de pilotos sorridentes e divertidos, mas sérios no que fazem quando estão na pista.

Mas esse otimismo tem moderação porque há os dois lados da moeda nesta troca de motor. O bom é que a McLaren vai ser empurrada pelo melhor motor da atualidade na F1. O ruim é que além de ter que pagar pelos motores, o risco de algo dar errado quando um chassi não é concebido especificamente para receber determinado motor, aumenta as chances de a McLaren não conseguir manter a curva de ascensão que vem tendo nos últimos dois anos. Em 2020 ela terminou o Mundial de Construtores na 3ª colocação.

Soma-se a isso o fato de, por regulamento, a equipe não poder trazer nenhum pacote de atualização do modelo MCL35M por já ter sido permitido pela Federação Internacional de Automobilismo usar todas as mudanças que teria direito ao longo da temporada para adequar o chassi ao novo motor, se algo der errado já no começo, será com esse carro que Ricciardo e Norris terão que lidar nos 23 GPs previstos para o campeonato que começa dia 28 de março, no Bahrein. E se não tudo isso não bastasse, a pré-temporada deste ano será mais curta, com apenas três dias de testes, lá mesmo, no Bahrein, de 12 a 14 de março.

É por isso que na última segunda-feira (15), na apresentação do MCL35M, havia um mix de otimismo e de moderação sobre as expectativas da McLaren para esta temporada.