Existia, como ainda existe, em Lavras (MG) uma Praça Grande, hoje toda ajardinada. Os moradores daquele tempo pretenderam construir algumas casas no centro da praça e abrir uma rua. Com a ideia, porém não concordaram alguns capitães-mores, o que levou a ser posta em prova a valentia do célebre Januário Garcia e do capitão Mateus Luiz Garcia, que foi homem de bem e honrado, respeitado e temido.
Preferiu os árduos trabalhos do plantio das terras, que tanto enobrecem o homem, a mineração do ouro por ser naquela época presa fácil, a todos seduzia. Como era conhecido o velho rifão sertanejo: de três coisas há de se temer o homem venha ser três barras: barra de saia, barra de ouro e barra de demandas, que não raro acaba em tragédia.
Mas, vamos aos fatos: Januário tomou as dores dos que insistiam na modificação do largo construindo casas. Mateus, do lado oposto, impunha a opinião contraria dos capitães- mores.
Januário sabedor de certas informações, escreve a Mateus a seguinte carta- aviso:
Primo amigo e Senhor. Constando-me que V.S quer arrasar, as casas construídas na praça, vou rogar-lhe que tal, não faça quando não...!
Januário Garcia.
O capitão Mateus, que jamais sentia o temor do medo, responde:
Primo amigo Senhor. É verdade que queremos arrasar as casas da praça, por isso vou rogar-lhe que não se intrometa nisso, quando não...
Mateus Luiz
E ficou só naquele “quando não”, pois na noite marcada os capitães-mores acompanhados de seus escravos, compareceram na cidade, armados de foices, picaretas, e arrasavam as casas construídas no largo. Depois, transportavam os destroços para o alto da cidade, em franco desafio e ficavam à espera dos valentes, inclusive Januário Garcia.
A prudência parece haver aconselhado aceitar o fato sem maiores complicações, e Januário Garcia, talvez em sinal mudo e cauteloso protesto, transferiu sua residência para Mato Grosso.
Convém salientar que o benemérito Capitão João Alves de Figueiredo é descendente direto do Capitão Mateus Luiz Garcia, tem seu nome nos seguintes logradouros de Paraíso: Praça Comendador João Alves (Praça da Fonte) e o campo Associação Atlética Paraisense, e o grupo Escolar na Vila Mariana.
Sebastião Pimenta Filho Cronista
– Historiador