Por esses dias, aconteceu o fortíssimo torneio de xadrez online Chess Tour Opera Euro Rapid, envolvendo alguns dos melhores jogadores do mundo, dentre eles o atual campeão mundial, o norueguês Magnus Carlsen. As partidas foram disputadas em um formato mais dinâmico, jogadas on-line e duravam cerca de meia hora ou menos, ao contrário do formato clássico, onde podem se estender por horas a fio, muitas vezes tornando-se maçantes para o grande público.
Houve muitas transmissões on-line desse torneio, inclusive aqui no Brasil, para deleite dos entusiastas desse “esporte”. Pude então observar um fenômeno curioso, ocorrido em outras transmissões também: o youtuber Raffael Chess, jogador razoável de xadrez, mas não profissional, conseguiu reunir em suas transmissões cerca de dez mil pessoas on-line em alguns momentos contra menos de duas mil pessoas em outras transmissões feitas por Grandes Mestres, Mestres Internacionais e outros jogadores bem fortes aqui do Brasil.
Na verdade, conseguiu mais gente assistindo do que a soma de todos eles. Frise-se que essas outras transmissões são bem feitas e têm excelente nível de comentários, profundidade nas análises, dicas de estudo, etc. Mas o que acontece então? Nesse sentido, há várias teorias, vou supor algumas: o Raffael Chess tem carisma, tem um canal ágil, analisa as partidas em um nível acessível ao público iniciante e também faz comentários mais profundos, a despeito de não ter a profundidade encontrada em outros canais.
Ele conversa com o público, canta, faz piadas engraçadas ou sem graça, é risonho, simpático, às vezes palhaço, às vezes mais sério, não tem vergonha de parecer ridículo, pinta o cabelo, ri das bobagens que fala e também dos lances ruins que às vezes sugere.
Principalmente, desmistifica esse ar de seriedade, de genialidade e de “inalcançabilidade” que às vezes os jogadores de xadrez tentam passar, esse ar superior, porque sabem movimentar melhor umas “pecinhas” de madeira (hoje há de plástico e outros materiais também).
A pandemia ajudou a popularizar o xadrez on-line, também a série “o gambito da rainha”. O Raffael soube aproveitar bem esse momento e ir ao encontro do que as pessoas querem: diversão e leveza, não um jogo maçante jogado por velhos e sisudos que se acham.
Obviamente, há os que o criticam, mas os números não mentem. Talvez isso nos ensine que talvez seja o momento de dar uma outra leveza ou forma de jogar a esse jogo que tanto nos encanta.
Texto adaptado do MF Ivan Nogueira.
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