CRÔNICA HISTÓRICA

Jornalista Antônio Celestino

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cultura | 31-03-2021 08:08 | 1153
Fonte: O Malho. Rio de Janeiro, 1 de julho de 1916
Fonte: O Malho. Rio de Janeiro, 1 de julho de 1916 Foto: Reprodução

O jornalista e escritor Antônio Celestino está na história da imprensa de São Sebastião do Paraíso, Sudoeste Mineiro, como redator do Nova Cruzada, que em 1916 defendia a bandeira separatista da região. Depois de participar do movimento lavourista, na vizinha cidade de Passos, que culminou no episódio da Matança no Fórum, ele achou mais prudente procurar outras paragens para exercer o ofício. Trabalhou em jornais de Cássia e Guaranésia, na mesma região, antes de morar em Paraíso, onde lançou o seu próprio jornal.

Antônio Celestino escreveu e publicou três pequenos romances realistas, narrando os crimes ocorridos em Passos, sob o comando de um chefe da política enviado pelo governador Wenceslau Braz. Um desses romances, intitulado Turbilhão de Sangue, foi impresso na tipografia paraisense de Antonio Campos do Amaral.  Anos depois, publicou ainda o romance intitulado O Padre Eusébio, pela Editora de Monteiro Lobato, de São Paulo.

Para promover o lançamento do Nova Cruzada, Celestino proferiu uma vibrante conferência, defendendo a separação do Sudoeste Mineiro para criar uma unidade federativa autônoma ou a sua anexação ao Estado de São Paulo. Tema esse que acirrou a divisão os coronéis locais, entre aliados e opositores dos líderes da política mineira. “Isto porque os governos só menosprezavam o povo”, segundo argumentava Antônio Celestino, conforme noticiou o Imparcial, do Rio de Janeiro, em 5 de maio de 1916,

O Nova Cruzada teve curta duração. Após os momentos mais acirrados, os coronéis locais se acertaram, em favor da política mineira. Além do mais, naquele momento, Wenceslau Braz acabava de conquistar a presidência da República. Antônio Celestino foi então trabalhar como editor de outro jornal paraisense, o Nova Era, quando esse semanário pertencia ao coronel José Honório Vieira. Em 1928, quando o governador Antônio Carlos Ribeiro de Andrada visitou a cidade, no afã de receber o apoio do coronel, discursou que o Nova Era estava entre os “melhores jornais de Minas Gerais”.

O jornalista João Borges de Moura, em crônicas publicadas no Libello do Povo, no final dos anos 1920, testemunha a presença marcante da atuação do seu colega e amigo Antônio Celestino na imprensa paraisense. Quase um século depois, as fontes que tive a oportunidade de reunir indicam que João Borges de Moura e Antônio Celestino foram os dois principais jornalistas profissionais da imprensa local, no contexto da primeira metade do século XX.