A leitura é, ou deveria ser, algo ativo, pulsante, transformador como uma conversa pode acender, instigar e alterar tudo. Como também ser algo cômico, como aconteceu aqui em nosso Paraíso. Apenas vamos resguardar alguns personagens, utilizando nomes fictícios.
O bar do Saragô ficava como dizia, vinte e quatro horas no ar. Não fechava nunca. Numa manhã, bem cedo, a esposa do Juca foi ate o bar encontrar com o Kico e sua turma.
Tinham passado a noite no jogo, e tomavam canja com cerveja. Ela foi pedir auxilio para o funeral do Juca.
O Kico ouviu atentamente e pediu que ela voltasse para sua casa e preparasse o finado, e, á tarde ele levaria o caixão. Então ele fez uma lista para arrecadar dinheiro para o enterro. Com o arrecadado, jogou no bicho. Ganhou quinze contos de réis na vaca.
Na hora de colocar o Juca no caixão, disse-lhe: Olha aqui, seu danado, se não desse a vaca na cabeça, você ia no banguê, viu?
Outro caso aconteceu com o senhor Chapolin que na época tinha um fordinho 1929. Certa feita pediu ao seu motorista que o levasse ate um armazém nas imediações da Mocoquinha. Ao subir pela rua Dr. Placidino, o motorista buzinava em todas as travessas, ao que senhor Chapolin teria dito: "Você está buzinando em todas travessas, se acabar a bateria do carro, você paga?
O motorista então não mais buzinou ao que o seu chefe retrucou: " Você não esta buzinando!. Se bater o carro você paga?
Aqui em nossa cidade existia uma turma de grandes seresteiros, e, entre eles o professor Glicério Athayde, exímio violonista. Para satisfazer seu ego na mocidade, resolveram fazer uma serenata no portão do cemitério.
Justamente naquela noite, de muito calor, dormiam o Mané Baú e Artur Madalena em cima de um dos jazigos.
Após varias canções melodiosas, já estavam de saída quando se ouviu uma voz lá de dentro:-"Toca mais uma".
Não preciso dizer que a debandada foi geral.
A caricatura abaixo mostra o Artur Madalena, que sempre ia a tabacaria do Bernardo, sempre ganhava uma caixa de fósforo. Certo dia saiu com essa:
- Oh! Bernardo, só ganho fósforo, está parecendo que eu vou botar fogo no mundo!... (Extraído de meu primeiro livro: "O Colecionador e suas Crônicas de Paraíso).
Sebastião Pimenta Filho
Escritor, Historiador