POLEPOSITION

Equipe de outros tempos

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 02-05-2021 07:00 | 795
Hamilton (E) cumprimenta Verstappen (D). Até aqui, empate técnico
Hamilton (E) cumprimenta Verstappen (D). Até aqui, empate técnico Foto: F1 / Divulgação

Em minhas pesquisas rotineiras para a coluna, e o “Bloco de Notas do GP”, que publico às quartas-feiras que antecede o final de semana de F1 em minhas redes sociais, deparo que a Williams é a equipe que mais venceu o GP de Portugal, 6 vezes! Da corrida passada, o time inglês também é o que mais ganhou em Imola, ao lado da Ferrari, 8 vezes.

O choque de realidade é brutal. Era uma Williams de outros tempos, que virou sinônimo de sucesso na Fórmula 1, fruto da paixão de seu fundador, Frank Williams, que saiu das garagens com a cara e a coragem e conseguiu transformar uma equipe meia-boca numa das mais vitoriosas de todos os tempos. Foram 9 títulos de construtores e 7 de pilotos, entre eles, o tricampeonato de Nelson Piquet, em 87. A Williams só perde para a Ferrari em títulos por equipes, e está atrás de Ferrari, McLaren e agora da Mercedes em títulos por pilotos.

A Williams mergulhou numa espiral negativa já faz tempo. Sua última vitória foi uma zebra monumental no GP da Espanha de 2021, com o venezuelano Pastor Maldonado. O último ponto veio de um 10º lugar na Alemanha, em 2019, e desde 2018 não sai da lanterna do campeonato.

Em Imola, a equipe que desde o ano passado está sob nova direção, o Dorilton Capital, um fundo de investimento norte-americano que comprou a Williams, perdeu a maior chance dos últimos anos de somar muitos pontos com o erro de calculo de George Russell que se enroscou com a Mercedes de Valtteri Bottas, causando um grande acidente.

Olhando o passado vitorioso da Williams, é estranho vê-la na posição que se encontra, e neste momento só não é a última colocada porque a Haas não investiu nada no desenvolvimento de seus carros e tem a dupla de pilotos mais inexperiente do grid, formada por Mick Schumacher, filho do heptacampeão, Michael Schumacher, e o polêmico e endinheirado Nikita Mazepin, que anda dizendo que o companheiro de equipe tem mais privilégios do que ele. Mazepin só não diz que é pelo dinheiro que seu pai investe que está na F1, o que deverá mantê-lo por algum tempo. 

A F1 está em Portugal para a terceira etapa do Mundial, marcado até aqui por ótimas disputas. Os estatísticos dirão que é empate técnico a disputa entre Lewis Hamilton e Max Verstappen. Cada um tem uma pole, uma vitória, um 2º lugar, e o que separa os dois na tabela de classificação (44 a 43) é o ponto extra da volta mais rápida que Hamilton conseguiu em Imola, vindo de uma recuperação espetacular depois de cometer um erro e ter que recomeçar da 9ª posição numa pista difícil de ultrapassar.

Ultrapassagens no circuito de Portimão não é problema, mas o traçado de 4.653 metros com subidas e descidas, curvas variadas - algumas cegas é bastante desafiador. Ainda no ano passado, depois de fazer a pole e vencer, Lewis Hamilton disse que a pista era uma das mais desafiadoras que já havia pilotado, com “várias curvas cegas que às vezes é difícil saber para onde tinha que ir”. E o asfalto liso, consequência do recapeamento feito 15 dias antes da prova, tornou ainda mais complicado a vida dos pilotos em ‘colocar temperatura’ nos pneus.

É provável que desta vez o asfalto esteja em melhores condições, mas não o torna mais aderente quanto outras pistas, e isso joga a favor da Red Bull que tem um carro que pela natureza de sua concepção, gera mais aderência que o modelo W12 da Mercedes.

Portanto, não falta elementos para uma grande corrida amanhã, com largada às 11h, ao vivo na TV Band e Rádio Band News FM, mas antes disso, eu chamo atenção para a classificação de hoje, às 11h, quando Hamilton pode alcançar um feito histórico na F1: a 100ª pole position, algo jamais imaginável.

1º de maio
Ayrton Senna, a Williams, a Tamburello, a batida. É automático acordar nesta data e lembrar-se daquele 1º de maio de 94, em Imola, um daqueles dias que qualquer pessoa, fã ou não de F1, sabe onde estava e o que fazia.