Toto Wolff alertou para o perigo que está ficando as disputas entre Hamilton e Verstappen: “Até onde podemos ir? Se não administrarmos isso, vai continuar”. Sim, vai continuar, e pode até alguém se machucar. Lewis Hamilton deu muita sorte em Monza, graças ao halo que cumpriu o papel e o salvou quando a roda do Red Bull de Verstappen aterrissou sobre o cockpit da Mercedes, na 26ª volta do GP da Itália. Não fosse a peça tão criticada por muitos no começo, talvez hoje estaríamos lamentando uma tragédia. De fato, o halo já salvou várias vidas na F1 e em outras categorias do automobilismo desde que foi introduzido pela Federação Internacional de Automobilismo, em 2018. A de Hamilton é mais uma para a conta.
A verdade é que Hamilton e Verstappen não vão aliviar e nem dar espaço para o outro. Faz parte do mundo das corridas. Mas também é preciso jogar com inteligência. Verstappen ainda não digeriu o toque que levou do rival em Silverstone. Mas deveria saber que dividir a apertada Chicane Dell Rettifilo com Hamilton não iria dar certo.
E sua própria declaração o condena: “Vi que ia ser apertado na freada da curva 1, mesmo assim pensei que teríamos uma boa disputa até a segunda perna da chicane, mas assim que emparelhei, ele continuou me apertando e ainda assim pensei que teríamos espaço suficiente, mas toquei a zebra e nos tocamos”.
Ou seja, Verstappen foi otimista demais e ficou no prejuízo ao levar três posições no grid da próxima corrida, na Rússia, no próximo final de semana.
Tanto Hamilton, quanto Verstappen, tiveram um final de semana cheio de erros, fora do padrão para os dois, em Monza. Hamilton fez má largada na mini corrida do sábado, que definiu o grid do GP da Itália e largou da 4ª posição. Verstappen herdou a pole de Bottas que foi punido pela troca do quarto motor, mas largou mal e perdeu a posição para Daniel Ricciardo.
Mas o que levou os dois ao encontro foi uma falha na pistola automática da roda dianteira direita que fez Verstappen perder 11s1 no pit stop. Os mecânicos da Mercedes também cochilaram na parada de Hamilton que demorou 4s2. E na saída dos boxes, Hamilton voltou à frente do holandês.
Em Monza pareceu uma espécie de troco de Verstappen pelo toque que levou de Hamilton que o fez bater violentamente na barreira de pneus num impacto de 51G, em Silverstone. Hamilton foi punido em 10s e ainda conseguiu vencer a prova. Domingo passado os dois abandonaram, e Verstappen perdeu a chance de poder ampliar mais a diferença de 5 pontos para o adversário (226,1 a 221,5).
Quem agradeceu foi Daniel Ricciardo e a McLaren. Foi a corrida da redenção para ambos. A McLaren não vencia um GP desde 2012, em Interlagos. Com Lando Norris em 2º, foi a primeira dobradinha da equipe desde o GP do Canadá de 2010.
Já Ricciardo que vinha fazendo uma temporada deprimente, não vencia desde 2018, em Mônaco, quando ainda era piloto da Red Bull. “Já era hora, eu sabia que alguma coisa boa estava por vir”, disse o australiano.
E veio. Ricciardo é daqueles pilotos que não tem como o fã da F1 não gostar. E por ironia, a McLaren foi quebrar o jejum no território de sua principal adversária, a Ferrari.