ACISSP EM FOCO / EMPRESAS E EMPRESÁRIOS

Cantoria, liderança regional em instrumentos e acessórios musicais

Por: Nelson Duarte | Categoria: Cidades | 02-10-2021 14:32 | 1266
Gelson Abrão proprietário da loja Cantoria
Gelson Abrão proprietário da loja Cantoria Foto: Nelson Duarte

Nascido em Cássia, cidade que respira cultura, Gelson Abrão não “arranha” nenhum instrumento. Mas tem de sobra bom gosto musical, e convive com músicos desde sua infância. Essa proximidade com a mundo artístico o motivou em 1995 montar a Cantoria, referência regional em instrumentos e acessórios musicais, em São Sebastião do Paraíso.

Na “efervescente” vida cultural de Cássia e em Passos para onde se mudou bem jovem se tornou amigo de musicistas que trabalhavam na noite, os que atuavam em bandas como Peter Som, Brincalhões, e dos irmãos Edinho, Otacílio e Julinho, de quem é amigo pessoal.

Seu primeiro trabalho formal foi como conferente contábil no escritório central da Votorantin, em São Paulo. Morava a duzentos metros do estúdio da CBS, e muito próximo a Rádio Excelsior na rua das Palmeiras, o que lhe oportunizou ter acesso a grande número de músicos, alguns deles de renome. “Foi mão na roda, pois quando voltava do trabalho, diariamente coincidia de encontrá-los”, disse.

Depois de um ano em São Paulo, aprovado em concurso foi trabalhar na agência do Banco do Brasil em Espinosa (Norte de Minas). “É cidade pródiga em músicos, o único que não tocava nenhum instrumento era eu”, conta. Pediu transferência e chegou a São Sebastião do Paraíso em janeiro de 1978.

Com o passar dos anos, paralelamente à sua atividade como bancário, montou a Papelaria e Livraria Super Tog com participação de sua esposa Marli Consolini Abrão, de sua mãe Dona Ivone, e a princípio o sócio Toledo, que também era funcionário do Banco do Brasil.

A Super Tog passou a ser procurada para apoios culturais a peças de teatro, e vinda de escritores. Com o passar dos anos por iniciativa própria, promoveu a vinda de alguns de renome. O último foi o mineiro Ruben Alves. No campo artístico Gelson trouxe a Paraíso diversos shows. “Eu queria mostrar às pessoas, outras vertentes da música e, em outra época trouxemos Renato Teixeira, Saulo Laranjeira, Paulinho Pedra Azul, 14 Bis”.

Esta proximidade com o mundo artístico foi decisiva para surgir a Cantoria. “Eu percebia que alguns amigos músicos tinham dificuldade em comprar instrumentos, acessórios. Precisavam ir a Ribeirão Preto, Belo Horizonte, São Paulo, Campinas. Em 1995, a loja foi aberta. “Comecei na galeria na rua Pimenta de Pádua, em frente a agência do Bradesco, com duas ou três guitarras e um contrabaixo Tonante, dois violões, duas violas,  discos (LPs) de vinil, e comercialização de CDs que estava se iniciando”. 

Com o número de clientes aumentando, e em busca de maior visibilidade, a Cantoria mudou para uma loja em frente a loja 1 do Supermercado Tonin, e alguns anos depois para o endereço onde permanece, rua Pimenta de Pádua, 1277, sala no prédio do Clube Paraisense.

É um dos mais completos estabelecimentos que comercializam instrumentos musicais no interior mineiro. Teve crescimento gradativo, e atende clientes de vários segmentos e estilos, não apenas pessoas físicas, mas prefeituras, escolas, conservatórios musicais de Paraíso, Itamogi, Jacuí, Pratápolis, São Tomás de Aquino, Cássia, Altinópolis (SP) e Santo Antônio da Alegria (SP).

“Depois de aberta a Cantoria, em parceria com escolas de música tivemos oportunidade de trazer grandes músicos brasileiros para workshops em Paraíso. Vieram entre outros, os guitarristas Kiko Loureiro, Edu Ardanuy, Mozart Mello, Michel Leme, bateristas, tecladistas, tempo muito bom, propício para esses eventos. Hoje está mais difícil, não apenas por causa da pandemia”, salienta Gelson Abrão.

Os produtos mais vendidos continuam sendo violões, e logo a seguir violas que teve grande crescimento nos últimos anos. A linha produtos disponíveis inclui instrumentos e acessórios nacionais e os importados. “Quando comecei, o dólar era um por um comparado ao Real, muito tranquilo, então, por exemplo, os preços de guitarras Yamaha  e a nacional Gianinni, em determinadas linhas se equiparavam em preço”.

As opções também se ampliaram, e conforme explica Gelson Abrão, houve aprimoramento de qualidade. Marcas mais famosas, mais antigas, têm qualidade superior, no entanto, surgiram outras que já estão quase se equiparando no mesmo patamar, a custo benefício bem menor.

“A entrada da marca Rozini no mercado reascendeu a fabricação nacional de violões, violas, cavaquinhos com qualidade muito boa. No entanto outras tradicionais, como a Tonante “Rei dos Violões”, deixou de fabricar, a Del Vecchio vende em sua loja própria e produz alguma coisa sob encomenda. Instrumentos de boa qualidade da Gianinni são fabricados a maior preço, a Di Giorgio produz violões com cordas de nylon porque os com cordas de aço são todos importados”, explica Gelson Abrão.

Com as pessoas ficando em casa, houve aumento expressivo nas vendas no início do período de pandemia. “Procuravam um passatempo, outros em busca de realizar um sonho adquiriram instrumentos. Depois a situação se agravou e as vendas diminuíram. Mas novamente se aqueceram, e voltaram à normalidade”, enfatiza.

É sempre prazeroso músicos virem de vez em quando à Cantoria. Tocam, trocam ideias, encontram-se, pessoas que acabam fazendo parcerias. E nesses anos, passaram por aqui, o Antônio de Pádua (Correto), o Tibagi (Oscar Rosa), Amaraí. Também músicos que vieram para os workshops, ou estavam em Paraíso para apresentação de shows. Um dia ao entrar à loja encontrei o Beto Guedes comprando pecinhas, acessórios para instrumentos (ele também é louthier).  Gosto desse tipo de coisa, da presença do Guelfo, do Laércio, Ângela, Arthur, do baterista e professor Mateus Zani que colaborou muito conosco. Tenho saudades do Senhor José Duarte (sempre tocava cavaquinho) do Senhor Antônio Colombo, violonista, pai do Guelfo, que além de tocar consertava instrumentos, além de tantos outros que sempre nos alegram com suas presenças, diz Gelson Abrão

“Logo no início da pandemia para nos resguardarmos eu e Marli nos afastamos da Cantoria. Tivemos a grande colaboração de meus filhos Elis (na parte burocrática, administrativa) e João nas vendas. Anteriormente Marli esteve o tempo todo a meu lado, e lá no comecinho tive o auxílio luxuoso de minha mãe (Dona Ivone), importante base para que pudéssemos dedicar mais à loja”.

Gelson diz que a Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços (ACISSP), é bem atuante, colabora com o crescimento de São Sebastião do Paraíso, o presidente Ailton é dinâmico.