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A importância da realização de PROJETO para uma obra mais econômica e sustentável

Por: Redação | Categoria: Cidades | 07-10-2021 17:12 | 1542
Marcela Pádua, Arquiteta, urbanista e paisagista, graduada e mestre pela UNESP /Bauru
Marcela Pádua, Arquiteta, urbanista e paisagista, graduada e mestre pela UNESP /Bauru Foto: Reprodução

Uma das dúvidas mais comuns quando procuram nosso estúdio hoje, seja por meio de ligação e uma conversa mais longa ou uma pergunta curiosa em nossa página no instagram é: “Vou começar a construir, por onde devo começar?”. Muitos têm a geral ideia de que para começar uma construção é necessário, pedreiro, material e projeto. “Aquele projeto para passar na prefeitura, sabe? Você faz?”, “O pedreiro pode começar daqui sete dias, você pode fazer o projeto para mim?”. Essas frases que ouvimos corriqueiramente nos mostram como é comum a dúvida sobre a ordem e importância dos processos para se construir. Vamos aqui por partes.

Para justificar a importância dessa discussão devemos apontar que boa parte das pessoas que nos procuram para iniciar uma obra está fazendo isso pela primeira vez. Para grande parte da população a construção da casa própria envolve o investimento de uma vida toda. Sendo assim, aqui já temos o primeiro apontamento: planejamento é fundamental.

O projeto é a primeira etapa para o processo de construção e tem um papel fundamental na obtenção da qualidade do edifício construído. É nessa etapa que são definidas as organizações de espaço, bem como as tecnologias a serem adotadas no momento da execução da obra em si e os recursos disponíveis para a sua execução. A etapa de projeto é essencial na tomada de decisões que poderão gerar economia, funcionalidade e sustentabilidade no momento da obra. O projeto tem grande influência sobre os custos do edifício devido ao fato de que ainda nessa fase existe uma infinidade de alternativas e decisões que podem ser tomadas, o que diminui sensivelmente após o início da construção em si. Para que se consiga êxito na implantação de um projeto, as decisões não devem ser tomadas de forma improvisada.

Fazemos aqui um paralelo com a indústria automobilística, que aponta que consegue reduzir 60% do custo de produção com um maior investimento na etapa de projeto. Na construção civil além da diminuição do custo de produção, conseguimos também, com um projeto bem executado minimizar problemas que podem surgir durante a obra e otimizar o uso de materiais, evitar desperdício de tempo, recursos naturais e financeiros.

Para a nossa cidade, São Sebastião do Paraíso, a prefeitura exige, para qualquer tamanho de construção, o projeto arquitetônico e estrutural. Para construções maiores que 100 m², o projeto elétrico e para construções maiores que 250 m² o projeto hidros-sanitário.

O projeto arquitetônico tem a função de definir espaços levando em conta as questões estéticas, funcionais, ambientais e sociais. Nele serão analisados aspectos do terreno como topografia, posição solar juntamente com o programa de necessidades dado pelo cliente e com o conhecimento técnico necessário é desenvolvido o projeto arquitetônico. Aqui gostamos de frisar que cada projeto tem sua particularidade, cada terreno é único, assim como cada usuário. É fundamental a presença de um profissional qualificado para a melhor efetividade do projeto. Apenas reproduzir plantas prontas podem acarretar inúmeros problemas para a obra que vão desde problemas de fluxos, baixo aproveitamento solar, deixando a edificação quente e desconfortável, até problema de compatibilização de níveis ou adequação à legislação local. Um projeto bem desenvolvido consegue ter um melhor aproveitamento térmico, iluminação e ventilação natural, que geram uma economia representativa durante o ciclo de vida da edificação.

O projeto estrutural tem a função de estruturar a edificação. E aqui, da mesma forma que o projeto arquitetônico muitos são os pontos que devem ser levados em conta. Você sabia que cada solo tem uma composição diferente e uma resistência diferente? Essa resistência é o que vai definir o tipo de estrutura que deve ser utilizado. Para analisar qual o tipo do solo, normalmente é solicitado o ensaio de análise de solo, como o SPT. Junto com as definições de cargas dos materiais especificados pelo projeto arquitetônico o engenheiro civil consegue tomar as melhores decisões para a definição das especificações da estrutura que irá utilizar. Essas análises são essenciais para que a estrutura seja feita sob medida para as necessidades da edificação.

Não dá para pedir uma roupa perfeita para uma costureira sem que ela tire suas medidas exatas, não é? Aqui não existem respostas prontas, nem há espaço para o “eu acho que dá”. A estrutura sob medida gera economia na obra no sentido de evitar patologias a longo prazo ou ainda na otimização de materiais, quando falamos de solos mais resistentes.

O projeto elétrico e hidrossanitário são muitas vezes chamados de projetos complementares. Mas gostamos de frisar sempre que eles não estão ali apenas para complementar, mas sim como parte importantíssima no complexo corpo da edificação. Eles têm a função de dimensionar fiações e tubulações de acordo com a necessidade da edificação. É comum em projetos de reformas vermos problemas elétricos e hidráulicos que poderiam ter sido evitados durante a etapa de projeto. O mais preocupante é que muitos dos problemas elétricos podem causar sérios danos e riscos aos indivíduos que moram ali.

Mais importante que projetos soltos é a compatibilização entre eles. É essencial que eles conversem entre si e sejam feitos no sentido de organização da obra, possibilitando a previsão de gastos de materiais, organização de cronograma e evitando desperdícios por erros ou construir e demolir. É comum, quando não se tem um planejamento, as decisões serem tomadas durante a obra, sem análise de todos os campos de forma integrada, o que gera prejuízos em diversos sentidos.

É importantíssimo frisar aqui, que mais que a função de se cumprir uma exigência legal, o projeto tem o papel de planejar e organizar a obra que irá acontecer. Sendo assim, independente da metragem da construção, quanto melhor planejada for a obra menos desperdícios, contratempos e surpresas. 

A indústria da construção civil é uma das que mais consome energia e água do planeta. No Brasil, com o desperdício de três obras poderia se construir uma nova. Processos produtivos ultrapassados e ineficientes, consumo indiscriminado e impensado de materiais são exemplos de desperdícios existentes nos canteiros de obras que necessitam serem repensados. O projeto, quando bem-feito, vem como elemento fundamental para a otimização de recursos, materiais e tempo.

Planejamento aqui é essencial. Quanto melhor planejado, mais assertiva a execução. É indicado que se procure o profissional para iniciar o planejamento de uma edificação de 6 a 12 meses antes da previsão e início, para que o projeto possa ser feito seguindo todas as suas etapas e processos.

Procure sempre um profissional habilitado e que forneça o material técnico pertinente para que a execução da obra possa acontecer de forma técnica e eficiente.

• MARCELA PÁDUA: Arquiteta, urbanista e paisagista, graduada e mestre pela UNESP /Bauru. Realizou estágio no grupo GEOTPU na Universidade Nova de Lisboa, em Portugal. Possui pesquisas na área de construções sustentáveis, materiais sustentáveis para construção civil e arborização urbana. Atualmente trabalha como arquiteta sócia no MHM Estúdio e Cursa pós graduação em Gestão de Escritórios de Arquitetura.