Faltam apenas seis etapas para o final da temporada da F1, mas o campeonato ainda está longe de ser decidido. E quem deu o salto importante num momento crítico, foi Max Verstappen que luta pelo primeiro título da carreira, e contou com a sorte nas duas últimas corridas.
Aliás, é interessante a estatística de voltas que a F1 apresentou nesta semana: das 934 percorridas nas 16 etapas realizadas, sozinho, Max Verstappen liderou mais da metade de todas as voltas: 469 contra 465 de um grupo formado por Lewis Hamilton, Esteban Ocon, Charles Leclerc, Lando Norris, Daniel Ricciardo, Valtteri Bottas, Sergio Pérez, Carlos Sainz Jr, Sebastian Vettel e Fernando Alonso, os que lideram corridas nesta temporada.
Mas apesar do aparente domínio pela quantidade de voltas na liderança - Hamilton liderou apenas 133 voltas até aqui -, a vantagem de Verstappen não reflete na classificação do campeonato e nem no melhor momento da Mercedes.
A liderança já mudou seis vezes de lado (quatro nas últimas 6 corridas) e agora está com Verstappen, mas apenas 6 pontos à frente de Hamilton (262,5 a 256,5). E isso tem a ver com as duas últimas corridas em que a sorte esteve do lado do holandês justamente nas pistas em que os carros da Mercedes se mostraram mais fortes que os da Red Bull.
Na Rússia Verstappen largou da última posição por conta da troca de todos os componentes do motor e terminou em 2º graças à chuva que caiu forte nas últimas voltas e transformou o final de prova no caos. Verstappen era apenas o 7º colocado antes de a chuva chegar. Hamilton venceu a prova, mas o holandês saiu no lucro ao amenizar um prejuízo que seria enorme sem a chuva.
Mas na Turquia, apesar de também contar com a sorte e reassumir a liderança do campeonato quando a Mercedes e Hamilton bateram cabeça entre trocar ou não os pneus, e quando decidiram parar já era tarde e Lewis caiu de 3º para 5º, Verstappen que não teve gás para acompanhar o ritmo de Valtteri Bottas, ficou satisfeito com o 2º lugar.
Esse ‘ficou satisfeito’ tem mais sentido do que significado, já que Verstappen não teve carro para brigar pela vitória e ainda viu Hamilton perder um pódio praticamente certo. A Mercedes conseguiu dar um grande salto de qualidade com a potência de seu motor, algo que vem sendo observado nas pistas de alta velocidade depois que a F1 voltou das férias de agosto.
“É surpreendente o pulo que eles deram com esse motor”, disse Christian Horner, depois do GP da Turquia. E não é blefe do chefe da Red Bull. A Mercedes conseguiu recuperar a potência do motor e mesmo utilizando asas maiores para ter mais estabilidade nas curvas, seus carros são os mais velozes de reta. E isso tem preocupado os homens da Red Bull.
Um bom exemplo da força do motor Mercedes são os bons resultados que a McLaren e a Williams, duas equipes que são empurradas por ele, vêm obtendo nas pistas de alta ou onde há longas retas.
A F1 disputa a 17ª etapa já no próximo final de semana, nos Estados Unidos, numa pista onde tradicionalmente a Mercedes costuma se dar bem. Na sequência vem os GPs do México e de São Paulo, dois em que a Red Bull deve se sair melhor (tudo na teoria). Catar e Arábia Saudita serão novidades para todos, e então a temporada termina em Abu-Dhabi.
Verstappen vai ter que se desdobrar para segurar esses seis pontos de vantagem, ou ampliá-los. Hamilton também não poderá dar sopa para o azar. E como a Mercedes optou por trocar apenas o motor de combustão de Hamilton, pode ser que haja a necessidade de trocar os outros componentes até o final do ano, o que lhe obrigará a perder mais posições no grid.
É por isso que eu continuo com a mesma opinião de que o campeonato será decidido nos detalhes. Um erro aqui, uma sorte ali, uma chuva acolá, muda tudo.