Uma instituição que faz parte da bicentenária história de São Sebastião do Paraíso é a Associação Feminina Obreiras do Bem. Um marco na história da cidade destacado por seu trabalho benemérito em prol das pessoas necessitadas com uma prestação de serviço desenvolvido por sua diretoria e voluntários envolto por amor e caridade. Tudo começou em 28 de março de 1948 e desde a sua criação até os dias atuais, são 73 anos literalmente fazendo o bem sem olhar a quem. Ao longo de todo este tempo, incontável é o número de pessoas que foram de uma forma ou de outra, atendidas pelas mãos caridosas, fruto do trabalho de um grupo de mulheres principalmente que se dispõem a servir ao próximo e pessoas mais necessitadas.
Quem relembra o início de toda a história da instituição é a atual tesoureira, Cyrene Amaral Coimbra. Ela que já foi presidente da associação, conta que a entidade inicialmente teve sua sede onde é hoje a Fundação Gedor Silveira, na Vila Mariana, onde também era o Albergue Noturno do qual são mantenedoras. “Na época houve a cessão do prédio e a diretoria do hospital ficou com o compromisso de construir uma sede para as obreiras que doaram o prédio existente para ser implantado o sanatório, relembra.
O Albergue Noturno funcionou em diferentes locais: por exemplo o anexo ao Pronto Socorro nos anos 80. “Somente em 1995 é que passamos a ocupar a construção atual, localizada na Rua Delmira Andrade Westin, 28. A área foi cedida pelo médico Dr. Joaquim Alves Pinto, o doutor Quinzinho e seus familiares José Carlos Alves Pinto e suas irmãs, e a Fundação Gedor Silveira providenciou a construção, conforme prometido”, explica Cyrene.
Ela ressalta que estes 73 anos de existência há motivos sim para comemorar. “É uma vida, continuamos sobrevivendo graças a atuação das nossas voluntárias, colaboradoras, cada membro da diretoria que tem atuado para a sua manutenção e também pela ajuda do povo que é muito generoso e têm contribuído conosco ao longo deste tempo”, destaca.
Dinomar Campos do Amaral, presidente da Associação Obreiras do Bem, conta que atualmente são cerca de 100 pessoas que participam e ajudam na manutenção e sobrevivência da entidade. “Desde o ano passado, com início da pandemia, várias pessoas acabaram se afastando, tem esta questão do distanciamento, mas na medida do possível continuamos com nossas ações sempre observando as normas e determinações de saúde recomendadas”, observa.
Ela cita que a associação não parou e tem realizado campanhas junto à comunidade. “A instituição tem credibilidade, o povo ajuda muito quando lançamos alguma campanha, igual ocorre com as escolas que sempre realizam e participam de campanhas, tudo isso, toda ajuda e colaboração é muito importante”, comenta.
A associação dispõe de cadeiras de rodas, cadeiras de banho, andejos, muletas, andadores para empréstimo a pessoas que estejam com problema de locomoção. Outra iniciativa das voluntárias é confecção de enxovais que são doados para gestantes carentes.
Se por um lado a generosidade da população ajuda as voluntárias nas suas campanhas, a manutenção do Albergue Noturno em relação as despesas de água, luz, telefone, caseiros é um dos maiores desafios da instituição. “Mesmo com a escassez das subvenções, não deixamos de atender, embora as ações fiquem mais limitadas. Se tivéssemos mais condições faríamos muito mais”, reconhece.
Em 2020 a associação firmou convenio com a Prefeitura. “Durante um bom tempo o Albergue foi utilizado para receber as pessoas em situação de rua, que aqui ficaram abrigadas durante o período do frio e da pandemia. Houve momentos em que todas as nossas dependências ficaram cheias com ocupação dos 26 leitos existentes e alas feminina e masculina separadas, ressalta. No local, o interno é recebido no período das 18 às 21 horas, quando ocorre o recolhimento e a liberação no dia seguinte, estando sujeito a regras do regimento interno. “São ofertados banho, o jantar, cama arrumada, roupa de dormir, kit de material higiênico completo e café da manhã”, enumera. Neste ano também foi estabelecida parceria com a nova administração. Mesmo sendo uma entidade reconhecida a nível federal, estadual e municipal a associação não recebe ajuda do governo federal ou estadual. “Já fomos atrás inclusive dos deputados da região, enviamos ofício, mas não obtivemos nenhuma resposta. Mas nada disso nos desanima, sabemos com quem podemos contar”, reforça a presidente.
Independente de quem nos ajuda sabemos que há motivos para comemorar. “A Associação Feminina Obreiras do Bem é uma vida, ela sobrevive, mesmo com poucos presidentes, praticamente os mesmos que se revezam, só temos a agradecer pela existência ao longo do tempo”, aponta a tesoureira. A instituição está aberta para receber novas pessoas que queiram atuar como voluntárias. “É importante que as pessoas conheçam o local, que saibam bem e mais dos trabalhos realizados, por isso é importante fazer uma visita que pode ser agendada pelo telefone 3531-3831”, disse Dinomar.