PARAÍSO 200 ANOS

Uma porta de entrada pelas asas da emoção

AEROPORTO JOAQUIM MONTANS
Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 23-10-2021 10:52 | 222
Foto: Reprodução

É de se emocionar quando acompanhamos um pouso ou decolagem de uma aeronave, seja ela de pequeno, médio ou grande porte. Certamente que quando falamos do Aeroporto Regional Joaquim Montans Júnior, de São Sebastião do Paraíso, estas possibilidades são mais remotas, mas elas existem e tem se tornado cada vez mais constantes. O atual aeroporto da cidade, reinaugurado em dezembro de 2002 é também um marco na história dos 200 anos de desenvolvimento do município se prestando ao serviço de trazer e levar pessoas, cargas, lazer e especialmente a salvar vidas com o transporte de órgãos.

Quando falamos da história da aviação em Paraíso não se pode esquecer que a paixão por esta área vem de longa data. Conta a história que por volta de 1.925 os moradores da cidade já se reuniam para assistir saltos de páraquedistas, no antigo “Campo da Aviação”. Depois em 1.939 iniciava o funcionamento da pista de pouso e decolagem, local onde inclusive possui hangar que tinha capacidade de abrigar até seis aeronaves de médio porte. Também nesta época já funcionava por estes lados o Aeroclube de São Sebastião do Paraíso.

As primeiras providências no sentido de incluir de vez Paraíso no rol das cidades interioranas dotadas não de simples campo de aviação, mas de um moderno e seguro aeroporto a ponto de servir também a região possui data em 1947. Façanha para a época, antes da metade do século passado, já que naquele tempo já se falava em escassez de recursos para estas finalidades. O campo de pouso e decolagem pertencia à família “Alves Pinto” que depois cedeu o espaço para exploração e administração do Aeroclube local.

Entre os anos de 1.952 e 1.955, foi construído na cidade o Aeroporto dos Pilões. Esforços foram feitos pelos administradores da época, mas foi ao final da década de 70 e início dos anos 80, com a construção de grande hangar é que o local definitivamente passou a abrigar aeronaves de empresários locais e daqueles que aqui chegavam. Com o passar dos anos o local passou a ser denominado de Aeroporto Joaquim Montans Júnior.

O grande salto ocorreu há 20 anos quando a pista medindo 1600x30 passou a ser toda pavimentada. As instalações do aeroporto receberam melhorias como aparelhos e acessórios para balizamento noturno, sala de embarque, check in e outras instalações.

Conforme informações do jornalista Paulo Henrique Delfante, o Aeroporto Regional Joaquim Montans Junior possui pista pavimentada em CBUQ com 1600 X 30 metros e balizamento para operações noturnas. O local possui pátio de aeronaves com 5.000 m², com terminal de passageiros, além de oito hangares particulares com infraestrutura para o abrigo de aeronaves e estacionamento de veículos.

O aeroporto tem um movimento médio mensal estimado em 60 operações, em sua grande maioria voos de negócios. O aeroporto está apto a receber as mais variadas aeronaves, desde pequenos monotores até jatos da aviação executiva. A maior aeronave que já operou no aeroporto foi o Embraer ERJ 145 (FAB VC 99)

O novo aeroporto teve sua inauguração na administração da prefeita Marilda Melles, sendo que a pista foi construída com recursos do Comando da Aeronáutica, viabilizados por meio de ação coordenada pelo deputado federal Carlos Melles. No local também está sediado o Aeroclube de São Sebastião do Paraíso, um dos poucos em atividade no país. A escola de aviação possuí duas aeronaves e formou dezenas de pilotos, que estão atuando na aviação civil do Brasil.

 Assim o aeroporto passou a servir de referência regional sendo local de passagem de diversas personalidades do mundo artístico, políticos, empresários. O local também abrigou apresentações da Esquadrilha da Fumaça e duas edições do Paraíso Aéreo com a presença e exposições de diferentes aeronaves dos mais variados portes.

Em uma de suas mais nobres vocações o aeroporto de Paraíso tem se destacado pela função ímpar de ajudar a salvar vidas. Bem localizado e melhor equipado é freqüente a presença de aeronaves com equipes médicas que chegam para a captação de órgãos para transplantes e transportes de pacientes que fazem tratamento de saúde no município, através da Santa Casa de Misericórdia, através da UTI Infantil, ou mesmo, o Hospital Regional do Coração. As origens e destinos são as mais diversas regiões de Minas Gerais, a capital Belo Horizonte e até mesmo São Paulo.

Há muito tempo que a cidade não sedia eventos de páraquedismo, voos panorâmicos e de exibições de aeronaves, mas os voos empresariais continuam acontecendo, justificando a importância do local para o município. Há muito tempo que o aeroporto exerce grande influência no desenvolvimento da cidade, da mesma forma como as rodovias e automóveis exerceram no século 20. Ele atua nos negócios da cidade tão veloz como a internet, potencializa todas as cadeias produtivas e cria uma mobilidade jamais experimentada na sociedade local.

O aeroporto é porta de entrada e ao mesmo tempo de partida, das asas da emoção. Quantas não são as pessoas que param a observar o ronco de um motor circundando a cidade em operação de pouso e decolagem, muitas vezes riscando os céus de Paraíso em velocidade. Hoje, o aeroporto oferece velocidade, agilidade e conectividade, na verdade, leva a cidade a outro patamar ou status, de apenas cidade para cidade da era da instantaneidade, conectada globalmente.  A importância do aeroporto será tanta nos próximos anos que será necessário organizar o município em função do aeroporto e de sua indústria derivada.

Os aeroportos regionais são potentes motores locais de desenvolvimento econômico, atraindo empreendimentos ligados a empresas aéreas e a logística, e ao complexo industrial sensível ao tempo de fabricação, comércio e suprimento, telecomunicações e logística, hotelaria, turismo, entretenimento, e comercio global. No Brasil é uma tendência crescente impulsionar o setor aeroportuário para que contemple a atração de investimentos crescentes e induza ao desenvolvimento econômico e social por meio do complexo aeroportuário sob sua influência.

A criação dessas condições depende fundamentalmente de uma mudança de visão por parte dos municípios e região que passa a compreender que essa infraestrutura não é apenas essencial para o conforto social da população local e regional, mas sim, ferramentas para aumentar a produtividade das empresas, gerar mais empregos, conectar as redes de transportes urbano e regional, valorizar comunidades, recuperando a economia e a arquitetura desses locais e, finalmente, oferecer novas oportunidades de negócios.

Que os gestores públicos continuem entendendo que o aeroporto transforma as condições econômicas do município e da região onde está instalado, desde que seja considerado como parte integrante do desenvolvimento e lhe seja dada condições de operacionalização e adaptação da estrutura física e do modelo de administração às novas demandas dos usuários, bem como às crescentes exigências de uma economia regional e nacional mais integrada.