POLEPOSITION

Os efeitos muito acima do nível do mar

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 06-11-2021 04:46 | 837
A altitude da Cidade do México deve favorecer a Red Bull na luta contra a Mercedes
A altitude da Cidade do México deve favorecer a Red Bull na luta contra a Mercedes Foto: F1

O amigo leitor vai ouvir falar muito dos efeitos da altitude da Cidade do México onde se localiza o Circuito Hermanos Rodriguez, palco da 18ª etapa do Mundial de F1, com a definição do grid hoje, às 17h, e a largada amanhã às 16h, tudo ao vivo na TV Band. O campeonato entra na reta final com Max Verstappen na liderança com 287,5 pontos contra 275,5 de Lewis Hamilton. Depois vão faltar apenas 4 GPs.

É bem verdade que nos tempos dos motores aspirados, esse drama era muito maior, mas a altitude ainda interfere bastante no rendimento e comportamento dos carros na pista. Uns mais, outros menos, mas de alguma forma todos sofrem com os efeitos da altitude.

A capital mexicana está 2.285 metros acima do nível do mar, e estudos comprovam que a essa altitude há uma perda de 25% de oxigênio no ar. Com os atuais motores da F1 turbo-híbridos, que pela sua complexidade são chamados de “unidade de força”, ou de potência, como queira, o turbocompressor compensa essa perda de oxigênio, mas por outro lado expõe o conjunto turbina-compressor a maiores esforços, elevando a sua temperatura pela baixa densidade do ar.

O ar menos denso, ou rarefeito, provoca aumento de temperatura do motor, dos freios, pneus e interfere no desempenho aerodinâmico dos carros. Quanto menos denso o ar, maior será a perda da pressão que empurra o carro contra o solo, e para compensar essa perda, todos vão para o Circuito Hermanos Rodriguez com o máximo de carga aerodinâmica (asas dianteira e traseira maiores) para torná-los menos instáveis possível em curvas devido a perda de aderência.

Os mais atentos vão observar neste final de semana que as asas dos carros estão semelhantes às usadas em Mônaco, pista mais travada da F1 e que exige asas maiores para ter aderência e estabilidade em curvas. 

A perda de aderência no Circuito Hermanos Rodriguez é tão significativa por conta dos efeitos da altitude que mesmo com a máxima carga aerodinâmica, os carros estão menos “grudados” no chão do que em Monza, onde usa-se asas menores e com baixa inclinação para obter maior velocidade de reta. 

E quem leva vantagem nessa história? Foquemos em Red Bull e Mercedes que lutam pelos títulos de pilotos e de construtores.

A Mercedes tem um histórico de falta de potência no México por uma característica de seu motor que tende a superaquecer mais que os outros. Lembrando que devido à baixa densidade do ar, diminui a refrigeração do motor e eleva a temperatura do turbocompressor sobrecarregando todo o conjunto. Daí a queda de potência, e vale lembrar que a Mercedes vinha enfrentando problemas no motor de combustão nas últimas corridas, principalmente com Valtteri Bottas.

Por outro lado, o motor Honda sente menos os efeitos da falta de refrigeração, e o modelo RB16B da Red Bull, de Max Verstappen, é um carro construído com a característica adotada por seu projetista, Adrian Newey, em gerar mais pressão aerodinâmica que o modelo W12 da Mercedes, de Lewis Hamilton.

Todos esses fatores somados apontam para o favoritismo de Verstappen neste final de semana, mas nunca é demais lembrar que isso é uma teoria e baseado nos ensinamentos de corridas passadas no México, que volta a receber a F1 depois de dois anos por conta da pandemia.

GP de São Paulo
Rebeca Andrade, primeira atleta brasileira a conquistar duas medalhas numa Olimpíada (ouro e prata em Tóquio, na Ginástica Artística) foi convidada pelos organizadores da prova, denominada oficialmente ‘GP São Paulo de F1’, a dar a bandeirada para o vencedor da corrida do próximo domingo, em Interlagos.