Ontem à tarde, na hora santa crepuscular em que a natureza se ajoelha aos pés do Criador murmurando uma “prece, meio cristã, meio selvagem”, eu também me comovia e em uma fervorosa prece saudava de joelhos, a Virgem Maria.
As seis badaladas dos sinos anunciaram dezoito horas na “Capela da Serra”. Naquele momento eu me despedia do dia que agonizava em seus últimos instantes de vida, despedia-me também do sol poente que se punha produzindo cores de variados matizes, e com grande majestade de rei dos astros. Era um momento majestoso, mas melancólico, que arrancava de minha garganta, quase em soluços, as palavras que me afloraram aos lábios em sina de gratidão por mais um dia em que vivi.
Ao deitar-me já em horas tardias, depois de alguns capítulos de boa leitura que me enterneceu a alma, murmurei a prece da noite que me trouxe paz de espírito. Daí a pouco, dormi um sono tranquilo e reparador. Assim passou-se a noite.
Daí a pouco rompe a Aurora. Novamente há profusão de cores, as nuvens ficam cor de rosa, roxas avermelhadas com auréolas em ouro e prata. Atrás da serra do cinturão verde de florestas virgens na linha do horizonte oriental, eis que surge o sol menino, como se nunca houvesse antes nascido, trazendo um novo dia.
Neste momento, todas as vidas humanas deveriam dobrar seus joelhos sobre a terra e agradecer a Deus, todo poderoso Criador, por mais um dia em que vimos o Sol vir beijar a face da Terra, inundando nosso belo planeta de luz e calor.
Obrigado, Senhor do céu, por este mistério que se repete há milhões, bilhões, trilhões de anos, talvez muito mais. E sem nunca ter falhado, um só dia.
Joaquim Clodoveu Martins (Quinzinho)