PARAÍSO 200 ANOS

“O olhar histórico de Paraíso através da arte”

Por: Nelson Duarte | Categoria: Cidades | 25-10-2021 22:03 | 267
Pedro Dilson Costa Coutinho
Pedro Dilson Costa Coutinho Foto: Nelson Duarte

“O olhar histórico de Paraíso através da Arte”, autoria de Pedro Dilson Costa Coutinho, é um livro que retrata a história de São Sebastião do Paraíso, ilustrado com fotos de telas pintadas por ele. “Algumas feitas de propósito para caracterizar o que consta nas narrativas de historiadores”, salienta.

Trata-se de trabalho iniciado há uns seis anos. “Comecei a escrever com base em conhecimentos colhidos em livros antigos, sobre atos representados nas telas. A primeira delas, “Isto é um Paraíso”, óleo sobre tela, retrata a célebre frase do diálogo entre o capitão Antônio Soares Coelho e Antônio Antunes. A primeira capela, o manancial do Rio Santana, a Igreja do Rosário, a Vila de São Sebastião em 1875 na imaginação do autor, o incêndio na Igreja Matriz, sagração da nova matriz, o cruzeiro 1900, lançamento da pedra fundamental do alicerce da atual torre da Igreja Matriz São Sebastião, Rua Paraíso Antigo, alusão às Folias de Reis, Congadas, Moçambique além de tradições e costumes, também foram retratadas em telas por Pedro Dilson, e estampadas no livro.

O gosto pela pintura, conforme explica, vem desde sua pré-adolescência. “Estava com uns doze anos, comecei pintando pratos de minha mãe. Ia à Casa Santa Terezinha e comprava bisnagas de tinta a óleo. Foi assim, até começar com telas. Algo que aconteceu naturalmente”.

Além de telas, Pedro Dilson juntamente com o ex-vereador João Francisco de Souza (Borracha), pintou a abóboda da Loja Maçônica Fraternidade Universal, trabalho que mereceu elogios pela arte e bom gosto. “Foi em 1998, achamos que para as comemorações do centenário da loja seria necessária a pintura. A anterior, obra do pintor José Colombarolli era muito bonita, mas se fazia necessário estar dentro da ritualística prevista”, conta Pedro Dilson.

“A gente não faz distinção entre uma tela em relação a outra. Normalmente faço cópias, retratando o que vejo”, disse ao ser perguntado, se entre as muitas obras de sua autoria, há uma que aponte como preferida. “Por ser cheio de detalhes, difícil de ser concluído, desenvolvido a partir de pequena fotografia que me foi dada pelo veterinário Joel Cintra Borges, de saudosa memória, gosto muito do quadro que tenho em minha sala, réplica de “Eis o Homem”, cujo original (Ecc Homo) é do italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio.

Com base em pesquisas feitas em vasta documentação no âmbito maçônico, Pedro Dilson, filiado à Loja Maçônica Fraternidade Universal, da qual já foi venerável, ressalta o importante papel exercido pela maçonaria no desenvolvimento paraisense, desde a fundação do município. “Em 1821 membros da loja estavam naquele ato que possibilitou a nossa Paraíso de hoje, linda, maravilhosa. O primeiro venerável da Fraternidade Universal foi o primeiro agente executivo (prefeito) do município paraisense, José Aureliano de Paiva Coutinho que era fenomenal Luiz Sanches de Lemos, segundo juiz de direito, é um dos fundadores de nossa loja. E assim tem sido ao longo desses dois séculos, seja na atuação das lojas maçônicas ou individualmente por seus membros, nos mais diversos segmentos”, enfatiza.

Foi interessante pesquisar de outras formas, porque consegui ver algo que normalmente não é escrito na história oficial, salienta Pedro Dilson ao citar que o médico Dr. Afonso Pedralli, venerável da Loja Maçônica Fraternidade Universal por mais de vinte vezes, foi um dos fundadores da Santa Casa de Misericórdia. Era diferenciado, a fachada da Fraternidade Universal foi idealizada por ele. “Não sei de onde era. Há informações que teria vindo de Franca, Capetinga ou Cássia. Fui àquelas cidades, mas não consegui mais detalhes”, explica.

Nascido em São Paulo, Pedro Dilson Costa Coutinho, se diz mais paraisense que paulistano. Sua família mudou-se para São Sebastião do Paraíso em 1955, e aqui seu pai exerceu função como oficial do Exército. Casou-se com a paraisense Regina Formagio. Técnico em Furnas Centrais Elétricas, trabalhou nas usinas de Furnas, Estreito, Funil (no Rio de Janeiro) e Itumbiara, no Estado de Goiás. “Sempre me considerei paraisense, antes mesmo de receber o título de cidadania”. Depois de aposentar-me, voltei para minha origem, Paraíso que chega ao seu bicentenário, conclui.

“Congada” - óleo sobre tela - 1996
“Eis o Homem” - Reprodução óleo sobre tela - 2001