A F1 voltou ao Brasil depois de dois anos e um longo perrengue que quase custou a tradicional corrida de Interlagos. Ano passado a prova foi cancelada por conta da pandemia no que seria a última edição de contrato do GP do Brasil. A prova agora tem uma nova denominação: GP de São Paulo!
O fim do ‘GP do Brasil’ começa com desavenças entre a F1 e o antigo promotor, Tamas Rohonyi, que se agravou com a politização entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria. Bolsonaro falou em alto e bom som que a F1 iria a todo custo para o Rio de Janeiro, correr num autódromo que seria construído em Deodoro. Mas o projeto da tal pista nunca saiu do papel, tampouco obteve licenças ambientais. E sem nenhuma garantia por parte dos cariocas, e com o contrato com a Prefeita paulistana expirado, a corrida correu sério risco de ser extinta do calendário da F1 até que o então prefeito de São Paulo, Bruno Covas, apoiado por Doria, venceu a queda de braço e um novo contrato de cinco anos foi assinado, tendo a Brasil Motorsport como promotora do agora GP de São Paulo.
A capital paulista não é a única a dar nome ao GP de F1. Abu Dhabi também dá nome à etapa dos Emirados Árabes Unidos, palco da última prova do ano, dia 12 de dezembro, e neste ano o GP do México, disputado semana passada, passou a ser oficialmente GP da Cidade do México.
O importante é que a F1 está de volta a Inter-lagos, e o campeonato chega num momento importante de definição entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. No último domingo o holandês fez uma largada ‘monumental’ ao ultrapassar as duas Mercedes, de Bottas e Hamilton, para vencer com propriedade no México, e abrir 19 pontos de vantagem na liderança do Mundial de Pilotos (312,5 a 293,5).
A vitória de Verstappen e o terceiro pódio seguido de Sergio Pérez deixaram a Red Bull apenas um ponto atrás da Mercedes no Mundial de Construtores, reduzindo uma desvantagem que foi de 33 pontos.
Foi a 9ª vitória de Verstappen no ano, três delas em pistas de maior altitude em relação ao nível do mar: as duas no Red Bull Ring, na Áustria, e no Circuito Hermanos Rodriguez, no México. Interlagos com 760 metros de altitude compõe o conjunto das pistas de maior elevação, o que tem sido um diferencial a favor da Red Bull em relação à Mercedes tanto pelo carro que gera mais pressão aerodinâmica - o que dá mais aderência sob o ar mais rarefeito -, quanto na melhor dissipação de temperatura do motor Honda em relação ao da Mercedes.
É por isso que o GP de São Paulo torna-se extremamente importante para o desfecho da luta pelo título. Uma nova vitória de Max colocará Hamilton em situação delicada, restando depois apenas três corridas em que Verstappen poderá administrar a vantagem sem necessariamente precisar vencer. Bastará terminar em 2º mesmo que Hamilton vença todas que restam.
Mas Hamilton já começa a corrida de amanhã com uma punição de 5 posições no grid pela troca do segundo motor de combustão da Mercedes. É mais um ingrediente para uma corrida que sempre costuma ser agitada, em Interlagos.
O grid de largada para o GP de São Paulo será definido hoje, às 16h30 na Sprint Race, a terceira experiência que a F1 faz com as mini corrida de 100 km de distância. A primeira foi em Silverstone, e a segunda em Monza. Há quem aprova e quem não gosta do formato que deverá fazer parte de pelo menos seis GPs no ano que vem.
Apesar de todos os ingressos vendidos, ainda há uma série de restrições sanitárias impostas pela Federação Internacional de Automobilismo, tanto no paddock, como na sala de imprensa de Interlagos com restrito número de jornalistas na sala de imprensa. E sem nenhuma garantia da obtenção do credenciamento de imprensa, em comum acordo com o JS, este colunista não está presente em Interlagos como de costume, mas o leitor poderá acompanhar a cobertura pelo portal de notícias do jornal.