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"Almas negras"

Por: Redação | Categoria: Do leitor | 24-11-2021 08:43 | 1071
Foto: Reprodução

Por Carlinhos Rodrigues

No Brasil, durante quase quatro séculos de escravidão, os escravos formaram um estado livre que durou mais de um século. Escravos fugidos formaram o Quilombo Palma-res (também conhecido como Palmares Macambo ou Angola Janga) no início do século XVII. O reino, composto por várias aldeias, representava resistência à escravatura e pretendia desmantelar totalmente a sua existência. Estima-se que Palmares tivesse uma população de 20 mil habitantes e que se estendesse pelos estados de Agaloas e Pernambuco, em uma área de densa vegetação, o que dificultava sua derrota.

Um dos protagonistas desta sociedade livre foi Dandara Dos Palmares (Dandara), uma líder negra que lutou contra o sistema escravista do século XVII. Dandara era esposa de Zumbi dos Palmares, um conhecido e renomado guerreiro. No entanto, as origens de Dandara são desconhecidas e envoltas em mistério. Não há vestígios de seu nascimento ou local de nascimento, nem de suas origens africanas. Alguns dizem que ela se mudou para o Quilombo Palmares, quando era criança.

Como integrante da sociedade agrária, praticava agricultura, caçava, aprendia a lutar com a capoeira (Palmares era famosa por sua capoeira e artes marciais) e a manejar ferramentas e armas de ataque e defesa. Dandara liderou os exércitos para a batalha, atacando as plantações e opondo-se aos exércitos português e holandês.

Quando Ganga-Zumba, o principal líder dos Palmares assinou um tratado de paz com o governo português, Dandara se opôs à sua decisão. Embora o tratado reconhecesse a liberdade dos Palmares, visava realocar os quilombos para o Vale Cucaú. Dandara viu isso como uma ameaça à federação de Palmares. Sua oposição e seus ideais de liberdade a fizeram preferir lutar. Zumbi e Dandara vão então assumir o comando do Palmares e continuar a sua campanha contra os portugueses, vencendo várias batalhas.

Finalmente, quase cem anos após a fundação dos quilombos, palmares caiu nas mãos dos portugueses em seis de fevereiro de 1694. Em vez de ser escravizada, Dandara optou pelo suicídio lançando-se na carreira. Ela evitou a escravidão e a morte nas mãos do opressor.

Na semana da consciência negra estou ombro a ombro com todos os que lutam por justiça social e um mundo igualitário e dadivoso, viva a comunidade negra, viva Dandara, mulher, negra e guerrilheira.